CAPA
PONTO DE PARTIDA (pág.1)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág.4)
Susan Greenfield
CRÔNICA (pág.11)
Fabrício Carpinejar*
SINTONIA (pág.12 a 15)
Neurociência e Filosofia
DEBATE (págs.16 a 21)
Todos os cidadãos têm o direito à saúde garantido?
EM FOCO (págs. 22 a 25)
Medicina sobre rodas
GIRAMUNDO (pág.26)
Curiosidades de ciência e tecnologia, história e atualidades
PONTO COM (pág.28)
Informações do mundo digital
HISTÓRIA (págs. 30 a 33)
Com 112 anos de história, Intituto Butantan é um dos maiores centros de biomedicina mundial
HOBBY (págs.34 a 37)
Médicos dedicam-se a escrever poemas
CULTURA (pág.38 a 41)
Pinacoteca de São Paulo realiza mostra sobre gravura brasileira
LIVRO DE CABECEIRA (pág.42)
Por Marco Tadeu Moreira de Moraes*
CARTAS & NOTAS (pág.43)
Medicina na Bolívia atrai grande número de brasileiros
TURISMO (págs. 44 a 47)
Cidades de Santa Catarina guardam um pouco da cultura europeia
FOTOPOESIA (pág.48)
Oscar Niemeyer
GALERIA DE FOTOS
PONTO DE PARTIDA (pág.1)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
Demografia Médica contrapõe-se ao diagnóstico estreito
As entidades médicas acompanham com especial interesse e preocupação os rumos de políticas públicas de saúde e de educação que têm a “falta de médicos” como foco. O diagnóstico estreito da situação é acompanhado, a nosso ver, por equívocos e omissões. O governo federal anuncia a meta nacional de 2,5 médicos por 1.000 habitantes (que seria alcançada naturalmente em oito anos, sem novas intervenções, pois o país já tem 400 mil médicos e uma taxa de 2 por 1.000 habitantes), mas não diz como irá diminuir as desigualdades de concentração desses profissionais entre as regiões e entre os setores público e privado da saúde.
Ao mesmo tempo, autorizam novos cursos e mais vagas de Medicina, sem a mínima qualidade da graduação (que vai de mal a pior, conforme constatou o Exame do Cremesp). Tampouco há vagas de Residência Médica para todos os formados. Além disso, ensaiam afrouxar as regras de revalidação e registro de diplomas estrangeiros, fazendo vistas grossas aos milhares de brasileiros enganados em cursos precários de Medicina na Bolívia, Argentina e Cuba.
Em contrapartida, o Cremesp divulgou, em parceria com o CFM, novos resultados da pesquisa Demografia Médica no Brasil, que disponibiliza dados e estatísticas sobre o perfil, a presença e a concentração de médicos no país.
A nova pesquisa Cremesp-CFM traz projeções sobre o número de médicos, enfatizando um possível acirramento nas desigualdades de distribuição dos profissionais. O estudo indica também que o principal fator de fixação do médico não é o local de graduação, mas os grandes centros onde estão as oportunidades de emprego, de especialização e de qualidade de vida. Mesmo depois de formados, é expressiva a migração de médicos em direção ao Sudeste e às grandes cidades, que também concentram os demais profissionais da área, dentistas, pessoal de enfermagem, e sediam as principais estruturas e serviços de saúde.
Constatamos que o número de médicos especialistas vem aumentando, mas será preciso reduzir o fosso entre esses e os sem título de especialidade. É urgente refletir sobre a valorização e capacitação dos milhares de não titulados, sem perspectivas de cursar Residência Médica, pois não há vagas ou porque já estão há muito tempo no mercado profissional.
Ao fazer um raio X da profissão médica, e divulgar amplamente as informações coletadas e analisadas, esperamos que o projeto Demografia Médica contribua com o debate atual sobre a melhor inserção, aproveitamento e necessidade de médicos no sistema de saúde brasileiro.