CAPA
EDITORIAL (pág. 1)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 4)
Edmund Pellegrino, do Kennedy Institute of Ethics
SAÚDE NO MUNDO (pág. 9)
E U R O P A
CRÔNICA (pág. 12)
Cássio Ruas de Moraes*
SINTONIA (pág. 14)
Alexandrina Meleiro*
DEBATE (pág. 18)
A atuação de recém-formados em regiões distantes do país
SUSTENTABILIDADE (pág. 24)
O descarte e a reutilização de materiais
HISTÓRIA DA MEDICINA (pág. 27)
Por Renato M.E. Sabbatini*
GIRAMUNDO (págs. 30/31)
Curiosidades da ciência e tecnologia, da história e da atualidade
PONTO COM (págs. 32/33)
Acompanhe as novidades que agitam o mundo digital
HOBBY (pág. 34)
Valdir Lopes de Figueiredo
LIVRO DE CABECEIRA (pág. 37)
O Conto da Ilha Desconhecida - André Scatigno*
CULTURA (pág. 38)
INHOTIM - Todos os sentidos da arte
CARTAS & NOTAS (pág. 43)
Comentários, Fontes e Referências Bibliográficas
TURISMO (pág. 44)
Na Garupa de um Motociclista...
FOTOPOESIA( pág. 48)
Sophia de Mello Breyner Andresen
GALERIA DE FOTOS
HOBBY (pág. 34)
Valdir Lopes de Figueiredo
NO AR
RÁDIO Clássica
a música no tempo
Médico, jornalista, cantor, pianista e apaixonado por música erudita. Esse é Valdir Lopes de Figueiredo, 78, psiquiatra aposentado que dedica mais de 30 horas semanais para administrar um site (www.amusicanotempo.com.br),
sobre música clássica, e uma rádio virtual (www.radioclassica.com.br),
que toca seus discos 24 horas por dia.
Figueiredo possui cerca de 10 mil LPs e cinco mil CDs. E, também, sete mil livros e muitas revistas, que utiliza para fazer pesquisas e estudar os temas sobre os quais fala em seu programa de rádio. Ele tem um apartamento apenas para guardar seu acervo – onde também possui um piano, que toca com maestria – e mora em outro, no mesmo prédio, na capital paulista.
“Em Bauru, onde residia, diziam que essa era a maior discoteca da cidade. Faço isso há uns 50 anos”, conta. “Tenho todas as edições da revista francesa Classica; como atualmente ela está no nº 126, faz mais ou menos dez anos e meio que a coleciono; e também a brasileira Concerto”, enfatiza, defendendo a importância da valorização de produtos nacionais.
Quando criança, ouvia seus tios tocarem violão em Montes Claros, Minas Gerais. Aos sete anos começou a cantar e até venceu um programa de calouros. “Aos 17, eu cantei com Orlando Silva, Gregório Barrios, Dalva de Oliveira, Lolita Rodrigues, Ângela Maria; eu era a prata da casa”, lembra. Figueiredo explica que, no início, Chopin foi quem o atraiu, despertando sua paixão pela música clássica.
Tomando gosto
“Ninguém na família falava em músicos eruditos, mas comecei a ouvir um programa de rádio que se chamava Música de Igreja, do Ministério da Educação, e nele contavam-se as histórias dos famosos e fui tomando gosto”, explica o médico.
Sempre curioso em relação à música, quando lhe sugeriram que criasse um programa, Figueiredo não só concordou, como quis que o resultado fosse de excelente qualidade. A Música no Tempo visa à divulgação de conhecimentos sobre composições eruditas e proporciona a interação dos ouvintes com a biografia dos compositores.
Sua paixão por esse estilo musical levou-o a estudar o tema. “Desde jovem lia livros de história da música”, afirma. Em decorrência de seu esforço, Valdir foi empossado, em julho de 2008, como membro correspondente da Academia Nacional de Música do Rio de Janeiro.
A rádio e o site não recebem incentivos, mas o médico afirma que poderiam se tornar ainda melhores se obtivesse alguma ajuda. De qualquer forma, garante, não teve grandes obstáculos para colocá-los no ar. “A dificuldade para montar a rádio foi mais técnica, pois faço tudo sozinho. O programa demanda 18 horas semanais, e a rádio, aproximadamente, duas horas por dia, ou seja, 14 horas semanais”.
Falta valorização
Figueiredo defende que a música clássica seja mais valorizada e difundida no país. No Rio de Janeiro ouviu uma senhora dizer: “vamos ao concerto e vemos apenas cabeças brancas”, fato que demonstra o desinteresse do público jovem. Mas isso não acontece apenas em nosso país, como ele mesmo salienta: “professores dizem que no mundo todo há uma crise da música clássica”.
Ele percebe que o público mais novo não gosta porque não é introduzido no meio por aqueles que deviam lhe apresentar o estilo. Assim, os jovens acabam desconhecendo o erudito e, consequentemente, não se interessam por ele. “Louvo as iniciativas que difundem a música. Muitos projetos sociais retiram as pessoas de ambientes ruins e ainda proporcionam prazer aos ouvidos, além de valorizarem a música”.
Socialmente, a música desempenha papel essencial na formação do ser humano. Segundo o médico, “um menino que toca violino, ou piano, viola, violoncelo, dificilmente pegará em um revólver e não vai dar bola para as drogas. É bom para a mente, para o comportamento e, com apoio, também pode ser bom para o bolso”.
No apartamento que reserva apenas para suas coleções e para a rádio...
... Figueiredo tem um piano que toca com maestria
Como exemplo, o médico cita a criação de orquestra de jovens em todas as capitais brasileiras. “Nós temos talento, sensibilidade, melodia e qualidade; mas a música depende do poder econômico. Por isso, os Estados Unidos têm centenas de orquestras sinfônicas”, explica, enfatizando: “agora que o Brasil está evoluindo economicamente, devíamos aproveitar para criar mais orquestras”.
Extremamente organizado, o médico e jornalista tem inúmeras anotações em cadernos e um catálogo enorme dos seus discos e livros, todos numerados. “Tenho tanta coisa que ainda não ouvi alguns discos; é uma bagunça organizada”, brinca. Seu acervo de música de qualidade não podia ficar guardado, à mercê do tempo. Figueiredo adora compartilhar a coleção cultuada há anos. “Agora estou botando minha discoteca pra todo mundo ouvir”, comemora.
(Colaborou Lígia Neiva)