CAPA
PONTO DE PARTIDA
Entre os temas desta edição, detaca-se um debate sobre alimentos transgênicos
ENTREVISTA
Norman Gall: "O Brasil tolera muito a bagunça nas instituições públicas"
CRÔNICA
Uso subcutâneo, intramuscular, tópico...
BIOÉTICA
Medicina Fetal - Muito além do binômio
SINTONIA
Ressonância: Prêmio Nobel Magnetizado
DEBATE
Alimentos Transgênicos
450 anos de São Paulo
Pelas Ruas da Cidade
CONJUNTURA
Crianças trabalhadoras. Adultos desempregados
COM A PALAVRA
Duas Guerras
HISTÓRIA DA MEDICINA
O Código Sanitário de 1918 e a Gripe Espanhola
MÉDICO EM FOCO
Navegar é preciso
LIVRO DE CABECEIRA
Proust não é tempo perdido
CARTAS E NOTAS
Dr. Manoel (Dias) de Abreu e Dr. (Manoel de Abreu) Campanario
POESIA
Carlos Drumond de Andrade
GALERIA DE FOTOS
PONTO DE PARTIDA
Entre os temas desta edição, detaca-se um debate sobre alimentos transgênicos
"Não confunda jamais conhecimento com sabedoria. Um o ajuda a ganhar a vida; o outro a construir uma vida" - S. Carey
No exercício da Medicina, é comum o médico ser solicitado pelo paciente a ter uma posição a respeito de assuntos que, embora tenham uma relação indireta, ecoam na prática profissional. Um bom exemplo é o dos alimentos transgênicos, assunto polêmico da atualidade mundial, longe do consenso científico ou da normatização adequada, que possa dar segurança à tomada de posição do médico diante de seu paciente. Vive-se, então, o dilema da escolha, que inclui suas consequências. Se estas confirmarem-se negativas, com repercussões sobre a saúde humana, passa a ser um problema médico.
Nesta edição, apresentamos o tema Transgênicos em forma de Debate, no qual dois experientes profissionais da área biotecnológica colocaram suas teses em confronto, tornando transparentes as suas controvérsias. Sem entrar no mérito, consideramos que o debate melhora a representação dos diversos ângulos da questão, ajudando o médico a fundamentar seu julgamento. O contínuo debate é fundamental para subsidiar a escolha, tanto dos médicos como dos agentes transformadores da sociedade.
Outro tema que merece destaque é o da Medicina Fetal que, aliada à abordagem Bioética, concedeu ao feto o status de paciente. A humanidade evolui! Devido à natureza interativa da situação, uma discussão cada vez mais freqüente é a da relação médico-binômio (mãe/feto) e a médico-médico. Essas questões não podem ser esclarecidas e nem resolvidas sem o amparo da ética, das normas e leis vigentes e do conhecimento do ser humano.
Na prática médica, onde a complexidade das relações recíprocas apresenta-se com freqüência, cabe às instituições promover e dar aos profissionais os instrumentos necessários para evitar que caiam no jogo da condicionalidade. Nesse sentido, o ensino da Bioética nas faculdades de Medicina e demais áreas de saúde merece uma inserção mais qualitativa que estimule o exercício da crítica, da análise e da reflexão em nossos futuros médicos.
Outro ponto fundamental é a aprovação da Lei do Ato Médico que, entre os objetivos, pretende reduzir a distância entre as normas gerais e as circunstâncias em que a prática médica se concretiza. O Ato Médico busca alcançar um consenso estendido a toda sociedade, para que se possa amparar uma ação mais eficaz, competente, compartilhada com clareza com todos os profissionais da saúde.
Clóvis Francisco Constantino
Presidente do Cremesp