CAPA
EDITORIAL
É inquestionável a necessária revalidação do diploma p/que o médico estrangeiro atue no país
ENTREVISTA
Em conversa informal, Eliana Gonçalves e Itiro Shirakawa falam do novo modelo para a Saúde Mental
ATIVIDADES DO CREMESP 1
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CRISE
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ATIVIDADES DO CREMESP 2
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ATIVIDADES DO CREMESP 3
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EXERCÍCIO PROFISSIONAL
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GERAL 1
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ATUALIZAÇÃO
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DIA INTERNACIONAL DA MULHER
O enorme desafio de ser mulher, mãe, médica e conselheira do maior CRM do país...
ACONTECEU
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ALERTA ÉTICO
Dúvidas sobre os seus direitos e de seu paciente? Esclareça agora...
GERAL 2
A crise no hospital Emílio Ribas em razão de sua reforma estrutural e física
HISTÓRIA
Centrinho de Bauru: 40 anos de dedicação a pacientes com doenças congênitas
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HISTÓRIA
Centrinho de Bauru: 40 anos de dedicação a pacientes com doenças congênitas
CENTRINHO DE BAURU
Exemplo de dedicação, instituição completa 40 anos de assistência
a crianças e adultos com doenças congênitas
Quando algum paciente está sob risco, um funcionário cobre solenemente a imagem de São Francisco de Assis e só descobre o santo quando o doente começa a melhorar. O hábito revela a face humana do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo/Bauru, instituição de pesquisa e assistência especializada no atendimento a pessoas com fissuras labiopalatais, deficiências auditivas e deformidades do crânio e da face.
“O trabalho do hospital é envolvido pelo aspecto emocional, visto que a condição clínica dos pacientes pode provocar constrangimentos em sua vida cotidiana. Mais do que números, colecionamos sorrisos e aperfeiçoamos técnicas graças à colaboração de mães e pacientes. Ao refletir sobre nosso trabalho aqui no Centrinho, sobram emoções e ideais de melhoria. Sentimos orgulho pelo respeito que conquistamos, mas temos a humildade de reconhecer que ainda há muito o que fazer”, conta o superintendente José Alberto de Souza Freitas.
O Centrinho, como é chamado o hospital, começou a funcionar em 24 de junho de 1967 por iniciativa de alguns professores da Faculdade de Odontologia da USP/Bauru, após uma pesquisa que detectou a expressiva incidência de anomalias craniofaciais específicas, como a fissura labiopalatina, na população brasileira. Surgiu daí a idéia de criar um centro especializado no tratamento desses males. Em 1976 o Centrinho ganhou autonomia e se transformou em unidade hospitalar independente da Faculdade de Odontologia. Nesses 40 anos, o hospital já atendeu a mais de 67 mil pessoas de todas as regiões do Brasil, 100% via Sistema Único de Saúde (SUS).
Para esse atendimento, a instituição conta com o apoio de pediatras, oftalmologistas, otorrinolaringologistas, cirurgiões plásticos, especialistas em cirurgias craniofaciais, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e psicólogos, entre outros profissionais de saúde. “Há 30 anos, fazíamos duas cirurgias por dia e hoje fazemos entre 28 e 30. É uma grande alegria acompanhar o crescimento das pessoas que atendemos; elas chegam aqui recém-nascidas e hoje estão adultas”, diz Maria Irene Bachega, diretora do Departamento Hospitalar.
Pioneiro, em 1990, na cirurgia de implante coclear multicanal, conhecida como “ouvido biônico”, o hospital já fez mais de 500 implantes, o que significa que o Centrinho responde por quase 80% do total de implantes cocleares realizados pelo SUS. Regina Célia Bortoleto Amantini, diretora da Divisão de Saúde Auditiva, lembra também que o hospital mantém uma série de serviços de prevenção e apoio a pessoas com problemas de audição. Há, por exemplo, uma unidade móvel que realiza triagens auditivas na região de Bauru e encaminha os casos com alterações para o Centrinho.
Programas sociais
Os pontos fortes do hospital são os serviços sociais, que buscam solucionar as dificuldades sociais dos pacientes no decorrer do atendimento, sejam elas econômicas, profissionais ou escolares, já que os tratamentos são longos: o paciente ingressa ainda criança e tem que ser acompanhado pelo processo de reabilitação até os 18 ou 20 anos de idade.
Embora a maior parte dos pacientes viva na região Sudeste (66%), a instituição recebe pessoas de locais distantes, a maioria de baixa renda, exigindo o apoio social. “A atitude correta de quem quer se tratar e não tem recursos para a passagem e hospedagem é procurar um assistente social da prefeitura de sua cidade, pois o SUS oferece um benefício chamado Tratamento fora do Domicílio, que arca com essas despesas.
Também temos uma associação de pais de Bauru, a Profis, que oferece gratuitamente alojamentos, refeições e medicação para os acompanhantes. E desenvolvemos o Programa de Descentralização do HRAC/USP, que visa implantar unidades de atendimento em outras regiões do país”, explica João Henrique Nogueira Pinto, diretor administrativo do hospital.
Formação, pesquisa e futuro
O Centrinho é reconhecido pelo Ministério da Saúde e pelo Ministério da Educação como hospital de ensino, oferecendo programas de formação de recursos humanos, como os cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) e de cultura e extensão: especialização, residência médica em otorrinolaringologia, aprimoramento e aperfeiçoamento. Na área da pesquisa destacam-se os trabalhos em genética clínica, área que estuda as melhores técnicas para cirurgias de fechamento do palato em crianças.
Para ampliar o atendimento o Centrinho aguarda a construção de um novo prédio, que deverá ficar pronto até o final de 2007. O edifício terá onze andares, com capacidade para 200 leitos, o que permitirá dobrar o número de atendimentos, além de somar mais oito leitos de UTI aos seis hoje existentes.
“Apesar de não atuar diretamente no Centrinho, acompanho seu trabalho com muito orgulho. Vale destacar que o hospital tem como maestro uma pessoa de muito mérito, o superintendente José Alberto de Souza Freitas, que conseguiu reunir os recursos necessários para fazer um belo trabalho”, avalia Carlos Alberto Monte Gobbo, conselheiro do Cremesp em Bauru.