CAPA
EDITORIAL
O Encontro de Esperanças - Editorial de Isac Jorge Filho
ENTREVISTA
O convidado desta edição foi Jorge Machado Curi, presidente da APM
GERAL 1
A obrigatoriedade da revalidação de títulos de novos especialistas
AVALIAÇÃO DO ENSINO
Acertada data para a segunda fase da avaliação formandos em Medicina: 21/12
HONORÁRIOS MÉDICOS
Em foco o atual sistema de pagamento das entidades filantrópicas
FÓRUM
Acompanhe uma sinopse do I Fórum Regulamentador de Publicidade Médica
ATUALIZAÇÃO
A presença de corpos estranhos na cavidade abdominal
ENCONTRO DOS CONSELHOS
Destaques do encontro dos CRMs do Sul/Sudeste: formação médica e mercado de trabalho
EM DEFESA DO SUS
Em discussão, o orçamento da Saúde para o próximo ano, 2006
ARTIGOS
José Marques Filho escreve sobre "Novos desafios éticos"
AGENDA
Destaque: Krikor Boyaciyan é o novo presidente da Sogesp
NOTAS
Alerta Ético sobre a atuação do Perito Médico
GERAL 2
Parecer: cirurgião do aparelho digestivo pode realizar endoscopia cirúrgia?
ALERTA AOS MÉDICOS
Informe Técnico do CVE alerta os médicos sobre a febre maculosa
GALERIA DE FOTOS
ALERTA AOS MÉDICOS
Informe Técnico do CVE alerta os médicos sobre a febre maculosa
Febre Maculosa
Confira o Informe Técnico elaborado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde
A Febre Maculosa Brasileira (FMB) é uma doença infecciosa sistêmica, potencialmente grave, causada pela Rickettsia rickettsii. Caracteriza-se patologicamente por vasculite generalizada.
Epidemiologia
A FMB é uma zoonose. Seu principal vetor e reservatório é o “carrapato-estrela” (Amblyomma cajennense, foto abaixo). Esse carrapato pode infestar animais silvestres (capivara) e domésticos (eqüinos). A riquétsia persiste no carrapato por gerações, pois é transmitida a sua progênie transplacentariamente. Além disso, todas as formas evolutivas do Amblyomma (larvas, ninfas e adultos) podem picar o homem e transmitir a doença. Casos de FMB são descritos no Brasil desde 1929. Em São Paulo, a doença estava mais ou menos restrita à região metropolitana da capital até a década de 1980. Desde então o número de casos é crescente nas regiões de Campinas e Piracicaba. Há também notificações isoladas em Itu, Ribeirão Preto e no litoral. Além de São Paulo, a FMB tem ocorrido nos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Santa Catarina. A FMB é doença de notificação compulsória.
Quadro clínico
- Período de incubação: de dois a 14 dias.
- Quadro inicial: começo súbito, febre moderada a alta, cefaléia, calafrios, congestão de conjuntivas.
- Exantema: surge no terceiro ou quarto dia da doença. É maculo-papular, róseo, nas extremidades, irradiando-se para tronco, face, pescoço, palmas e solas. Pode haver também petéquias e sufusões hemorrágicas.
- Evolução: O paciente pode cursar com torpor, agitação psicomotora e/ou sinais meníngeos. Outros achados freqüentes são: face congesta, edema peripalpebral e de extremidades, tosse. Os casos graves evoluem para hipotensão e falência de múltiplos órgãos. A letalidade em casos não tratados varia de 20 a 40%.
Achados laboratoriais
O hemograma geralmente é normal, mas pode apresentar leucocitose ou leucopenia com desvio à esquerda. Anemia é observada em 5-30% dos casos. Plaquetopenia e coagulopatia podem ocorrer, além de aumento de uréia e creatinina séricas.
Tratamento
O tratamento deve ter início rápido, o que tem um impacto importante na letalidade da doença. As drogas de escolha são: Tetraciclina (25 a 50 mg/kg/dia, em 4 doses diárias), Doxiciclina (100 mg 12/12h) e Cloranfenicol nos casos graves (50 a 75 mg/kg/dia, em 4 doses diárias). O tempo de tratamento é de, no mínimo, sete dias, ou até dois dias após o término da febre. A tetraciclina não deve ser administrada em menores de oito anos e gestantes. Os casos graves devem ser hospitalizados. Os casos mais leves podem ser tratados ambulatorialmente, com controle médico diário. Cuidados devem ser dirigidos para possíveis complicações, sobretudo as renais, cardíacas, pulmonares e neurológicas.
Prevenção
A principal medida profilática consiste em evitar contato com carrapatos. Para tanto, alguns cuidados devem ser tomados:
(1) conhecimento das áreas endêmicas de FMB;
(2) evitar caminhar em áreas conhecidamente infestadas por carrapatos;
(3) caso se necessite andar em áreas infestadas, vistoriar o corpo em busca de carrapatos em intervalos de 3 horas (quanto mais rápido for retirado o carrapato, menor o risco de contrair a doença);
(4) utilizar barreiras físicas como calças compridas com a parte inferior por dentro das botas e a parte superior lacrada com fitas adesivas de dupla face;
(5) utilizar roupas claras para facilitar a visualização dos carrapatos;
(6) não esmagar os carrapatos com as unhas, pois isso facilita a liberação das bactérias que penetram através de microlesões na pele. Os carrapatos devem ser retirados com cautela, torcendo-os levemente.
Todos os casos suspeitos de FMB deverão ser notificados às Vigilâncias Epidemiológicas Municipais que, por sua vez, notificarão as Vigilâncias Epidemiológicas das Direções Regionais de Saúde para que se proceda à investigação conjunta e se efetivem as medidas de controle.
Diagnóstico laboratorial específico
Exame | Material | Fase da Coleta | Quantidade e recipiente |
sorologia | soro | 1ª amostra: fase aguda 2ª amostra: fase convalescença (2 semanas após 1ª coleta) | 5 ml de sangue em tubo seco |
isolamento | coágulo sangüíneo | fase aguda | 5 ml de sangue em flaconete estéril |
isolamento | fragmento de pele | fase aguda | fragmento de pele em flaconete estéril |
imuno-histoquímica | biópsia de pele | após surgimento de petéquias | fragmento de pele em frasco com formol a 10% |
A Febre Maculosa pode confundir-se com sepse, leptospirose e outras doenças. O diagnóstico correto é essencial e a terapia salva vidas. Deve ser dada atenção aos antecedentes epidemiológicos.