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Influenza


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Edição 202 - 06/2004

ALERTA CIENTÍFICO

Influenza


Vacina contra Influenza
Lúcia Ferro Bricks*

Os vírus da Influenza apresentam altas taxas de mutação, são facilmente transmissíveis e causam epidemias com acometimento de 10 a 40% da população suscetível, num período de cinco a seis semanas. Embora as taxas de mortalidade sejam baixas, o número de mortes é alto devido ao grande contingente de pessoas acometidas. Geralmente as crianças são as mais afetadas, porém, mais de 90% das mortes ocorrem entre idosos. A vacinação é a forma mais efetiva para a prevenção e sua indicação tem sido ampliada, devido aos seguintes motivos:

- A maior taxa de ataque durante as epidemias é observada em pré-escolares e escolares (15 a 42%);
- O contato com crianças é considerado fator de risco para adquirir a Influenza;
- Durante as epidemias, 6 a 15 % das pessoas com menos de 15 anos consultam o médico e até 30% das consultas se devem à Influenza e suas complicações;
- Entre 3% e 9% das crianças são tratadas com antibióticos;
- Pode desencadear crises de sibilância e exacerbar a asma, aumentando a morbidade e uso de medicamentos em asmáticos;
- Lactentes previamente saudáveis têm risco de hospitalização comparável ao de idosos que não apresentam doenças crônicas;
- A partir do segundo semestre de gestação, as mulheres apresentam altas taxas de complicações após a Influenza;
- Recentemente, foram descritas diversas manifestações neurológicas associadas aos vírus da Influenza, com altas taxas de letalidade, que acometem principalmente crianças e adultos jovens;
- As vacinas são seguras e efetivas e há indícios de que a vacinação de crianças pode trazer grandes benefícios, reduzindo a circulação dos vírus na comunidade e o impacto socioeconômico da doença;
- Profissionais de saúde, familiares e pessoas que convivem ou cuidam de indivíduos com alto risco para complicações, quando não vacinados, atuam como vetores do vírus, transmitindo a doença aos grupos de risco.

Vigilância epidemiológica
A vigilância epidemiológica da Influenza no Brasil ainda é muito limitada, pois teve início em 1999, após as primeiras campanhas de vacinação contra Influenza e Pneumococo. Apesar dos dados sobre a efetividade das campanhas serem muito restritos, estima-se que elas tenham levado a uma redução de 51,6 mil hospitalizações por pneumonia e doença pulmonar obstrutiva crônica na população alvo da vacinação. Em 2002, durante surtos de Influenza registrados nos Estados de São Paulo e Santa Catarina, o acometimento de idosos vacinados foi extremamente baixo.

Orientação
Apesar da importância da Influenza, muitas pessoas de risco e profissionais de saúde não são vacinados. É essencial combater mitos em relação à vacina e esclarecer os seguintes pontos:
- As vacinas não contêm o material genético do vírus e não causam Influenza;
- Existe latência para a produção de anticorpo em títulos suficientes para conferir proteção, portanto, a vacinação só confere proteção após 10 a 15 dias;
- A proteção contra Influenza não é total e depende da similaridade entre as cepas contidas na vacina e as cepas circulantes, porém varia entre 60 e 90%;
- A  vacina não protege contra outros agentes (vírus e bactérias) que causam quadro clínico semelhante ao da Influenza;
- A vacina é segura e as reações locais e sistêmicas têm menor intensidade e duração, em comparação com a doença;
- Reações locais não constituem contra-indicação para nova dose da vacina;
- A vacina não desencadeia asma e ainda protege contra crises de asma e chiado;
- A vacina é segura para gestantes e mulheres que amamentam, podendo beneficiar tanto a mãe quanto o bebê;
- Pessoas que têm contato com indivíduos pertencentes aos grupos de alto risco para as complicações da Influenza devem ser vacinadas.
- Ninguém deve se considerar livre de contrair a Influenza. Apesar de a maior taxa de mortes ser registrada entre os idosos, o número absoluto de casos, de complicações e de hospitalizações é muito maior entre pessoas previamente saudáveis.
- Vale lembrar que, apesar de a vacinação contra a Influenza ser a medida mais efetiva para prevenir a doença, a lavagem freqüente das mãos auxilia muito na redução de transmissão, particularmente, em ambiente hospitalar.

Indicações
Pessoas que pertencem aos grupos de risco para complicações após infecção
- Idosos. No Brasil, a vacina era recomendada para idosos com mais de 65 anos e, a partir do ano 2000, passou a ser recomendada para pessoas com mais de 60 anos. Nos EUA, orienta-se a vacinação para indivíduos com mais de 50 anos;
- Indivíduos que sofrem de doenças crônicas cardíacas, pulmonares (incluindo asmáticos), metabólicas (incluindo diabéticos), renais, hematológicas ou que levem ao comprometimento da imunidade (incluindo portadores do HIV);
- Mulheres que estão no segundo ou terceiro trimestre de gestação na época de maior circulação do vírus;
- Crianças e adolescentes (6 meses a 18 anos) que fazem uso crônico de ácido acetilsalicílico, devido ao risco de Síndrome de Reye;
- Viajantes que se dirigem para áreas com grande circulação dos vírus Influenza;
- Crianças com idade entre seis e 24 meses (orientação da Academia Americana de Pediatria. No Brasil ainda não há dados epidemiológicos suficientes para estimar o risco da Influenza em lactentes).

Pessoas que podem transmitir Influenza aos grupos de risco
- Profissionais de saúde;
- Familiares e pessoas com mais de seis meses de idade que convivem ou trabalham com indivíduos incluídos nos grupos de risco para complicações.

Qualquer pessoa com mais de 6 meses de idade que deseje reduzir a chance de adoecer por Influenza

* Professora doutora do Departamento de Pediatria da FMUSP, médica assistente do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas, membro da Comissão Permanente de Assessoramento em Imunizações da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo.

Foto: Osmar Bustos


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