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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho


ENTREVISTA (pág. 3)
Irineu Tadeu Velasco


SUS (Pág. 4)
Mês do Médico


ARTIGO (Pág. 5)
Profissão e ética


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (Pág. 6)
Saúde no ABC


ANUIDADE (Pág. 7)
Resolução CFM nº 2.125/2015


EXAME DO CREMESP 2015 (Pág. 8 e 9)
Avaliação agora com valor de mercado


EVENTOS (Pág. 10)
Violência


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (Pág. 11)
Tomada de decisão


EU, MÉDICO (pág. 12)
Cristiana Virgulino


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Ameresp


CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais


BIOÉTICA - (pág. 15)
Reformulação de plataforma


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Edição 331 - 11/2015

EDITORIAL (pág. 2)

Bráulio Luna Filho


Mais responsabilidade com a formação médica

 

A 11ª edição do Exame do Cremesp aconteceu no Dia do Médico, em 18 de outubro. Com participação de mais de 3 mil egressos dos cursos médicos e baixíssima abstenção (5,4%), as provas foram realizadas na Capital paulista e em mais nove cidades do interior.

O Exame do Cremesp venceu o teste do tempo. Hoje é, inquestionavelmente, uma conquista da categoria médica. Não é por outra razão que conta com alta adesão dos formandos, além de credibilidade e reconhecimento dos mais diversos setores da sociedade.

Hospitais de alto nível assistencial, como Sírio-Libanês e Einstein, por exemplo, começaram a utilizar a avaliação do Exame do Cremesp na contratação de seus novos médicos. A Federação das Unimeds do Estado de SP e suas afiliadas incorporaram a avaliação para a admissão de futuros cooperados. A nota do Exame do Cremesp também passará a ser utilizada pela Secretaria Estadual de Saúde, Hospital do Servidor Público Estadual e por várias faculdades de Medicina como componente na seleção para os programas de Residência Médica.

Boa parte da imprensa e dos especialistas em saúde sustenta que o Exame do Cremesp deve servir de modelo para a implantação de avaliação obrigatória em todo o território nacional. Esse posicionamento vai ao encontro daquilo que propugnamos há décadas: é imperiosa a adoção de uma prova no final do curso médico nos moldes realizados pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Conselho Federal de Contabilidade (CFC).

É estarrecedor pensar que 60% dos graduados em 2014 erraram perguntas elementares sobre atendimento inicial em vítima de acidente automobilístico, ferimento por arma branca e pneumonia.

É público e notório que as avaliações do governo não funcionam. Há anos o Ministério da Educação (MEC) promove fiscalizações in locus, realiza provas, identifica cursos sem condições, e nada acontece de concreto. Muito pelo contrário, não raro essas instituições são agraciadas com aumento de vagas.

Defendemos que os dados empíricos do Exame do Cremesp dos últimos dez anos, alia­dos à experiência centenária de países, como os EUA e Canadá, constituem alicerces fundamentais para a introdução do exame de proficiência ao término do curso médico. Defendemos que graduandos sem qualificação profissional não devem ter o direito automático para exercer a prática médica. E que, ao final do curso, aqueles que não reunirem condições mínimas deverão continuar seu treinamento (internato) na escola de origem.

Recentemente duas pesquisas patrocinadas, respectivamente, pela APM e OAB do Brasil apontaram que entre 91% e 94% da população brasileira apoiam um exame terminal para formandos em Medicina.

Nosso empenho agora é convencer os legisladores, deputados federais e Poder Executivo, para se postarem ao lado dos médicos e do povo em defesa da saúde para todos.


 

Opinião

 

“Pleçao auta”

Lacildes Rovella Júnior
Conselheiro do Cremesp

 

Um candidato a emprego na área de produção de uma empresa teve de preencher um questionário médico admissional. Ao analisar as respostas dele, referentes aos antecedentes familiares, chamou-me atenção sua resposta sobre a mãe: “Pleçao auta”. Fiquei pensativo e, curioso, perguntei:  “Qual a sua instrução?”. Ele respondeu prontamente e com ares de dever cumprido: “Agora só falta a faculdade. Já terminei o ensino médio”. Confesso que fiquei muito preocupado e, sem maldade, pensei: só falta ele entrar na Faculdade de Medicina. Vocês acham impossível?  No nosso País, já tivemos presidente sem curso superior, mas isso não está sendo bem assimilado pela população. Nada contra as pessoas humildes que não tiveram recursos para cursar uma faculdade, pelo contrário. Mas o que questiono é que a educação está sendo subjugada. 

Conversei com colegas, professores e diretores, li artigos a respeito e recorri à Constituição Federal de 1988, que diz que a educação é “um direito de todos e dever do Estado e da família”.

Percebi que o caso do rapaz que citei remonta à cria­ção da progressão automática no ensino fundamental, de 2000, na qual os alunos eram aprovados, mesmo sem conhecimento suficiente. Ao longo desses anos, os efeitos nefastos desse sistema estão aí. São milhares de jovens que não sabem escrever em português e sem base escolar suficiente para ingressar em uma faculdade, inclusive de Medicina. Ao mesmo tempo, vemos, com perplexidade, a abertura de novas escolas de Medicina, todas particulares e, provavelmente – pelo que temos visto em outras localidades –, sem condições de formar um bom médico. Quem tiver dinheiro para pagar, seja qual for seu nível de conhecimento e sua trajetória curricular, poderá cursar Medicina. 

O que deveria haver é uma estrutura educacional que recupere a deficiência dos alunos desde o início de sua carreira escolar, com o aluno progredindo de acordo com as metas a ser cumpridas. Embora esteja havendo mudanças no ensino no Estado de São Paulo, o problema continua. Se eu for atendido por um médico que escreve como o candidato a emprego que mencionei, quem ficará com “pleçao auta” serei eu.


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