CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho - presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
Dirceu Greco
HOMENAGEM (pág. 4)
Henrique Carlos Gonçalves
ÉTICA (pág. 5)
CFM nº 2.126/2015
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)
Pesquisa e proteção à saúde
FISCALIZAÇÃO (pág. 7)
Qualidade do ensino médico
SAÚDE PÚBLICA (págs. 8/9)
Sífilis endêmica
SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 10)
Planos de saúde
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
Apoio contra violência
EU, MÉDICO (pág. 12)
Alexandre Fonseca
JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Dia do Basta
CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais
BIOÉTICA - (pág. 15)
Portal reformulado
GALERIA DE FOTOS
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)
Pesquisa e proteção à saúde
Adolfo Lutz: referência na vigilância de riscos
e agravos à saúde
Vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e da saúde
do trabalhador integram as ações do instituto
Caiaffa Filho: excelência do corpo de pesquisadores
Uma criança convidada a visitar o Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, com certeza não passará indiferente pelo laboratório do Centro de Alimentos. Prateleiras e mesas estão apinhadas de salgadinhos, geleias, confeitos e doces de todo tipo – além de sucos, farofa, alho triturado, itens com ômega 3 e dezenas de outros alimentos, até sorvetes armazenados em geladeiras. São amostras que estão ali não para degustação, mas para serem analisadas pelos olhos de pesquisadores e seus microscópios antes de chegarem ao mercado.
O Centro de Alimentos é um dos vários laboratórios que se espalham no conjunto onde está o Instituto Adolfo Lutz, na avenida Dr. Arnaldo. O prédio principal, inaugurado em 1940, pelo interventor federal Adhemar de Barros – com o luxo do mármore de Carrara, móveis em madeira de lei e sofás de couro preto – serve hoje como sede administrativa. Seus cerca de 250 pesquisadores, espalhados por outros 12 laboratórios em todo o Estado, zelam para proteger as pessoas de produtos nocivos, prevenir doenças e oferecer informações para o melhor tratamento.
No laboratório do Centro de Alimentos chegam também alimentos suspeitos recolhidos pela Vigilância Sanitária – por exemplo, amostras de produtos para ganhar força muscular estão sendo recolhidas depois que efeitos colaterais foram observados e denunciados à vigilância. Os centros de medicamentos e de contaminantes analisam ainda remédios, produtos de limpeza, agrotóxicos.
Ações de Vigilância
Verificar a qualidade e riscos de produtos é apenas uma das tarefas do Instituto. O Adolfo Lutz integra a rede de laboratórios de Saúde Pública do Estado de São Paulo, e sua missão é contribuir no planejamento de ações de vigilância epidemiológica, sanitária, ambiental e da saúde do trabalhador. Seu trabalho é voltado para prevenção, controle e eliminação de doenças e agravos de interesse da saúde pública. “Trabalhamos em uma área muito específica, que é a da vigilância de riscos e agravos que podem acometer a população”, diz a pesquisadora Carmem Freitas, diretora do Centro de Imunologia. “O laboratório não atende pessoas diretamente, mas sim por meio de outros serviços de saúde que demandam ensaios e análises que possam contribuir a uma tomada de decisão dos gestores com relação a uma doença ou a um risco”, explica.
Epidemias
Trata-se de um laboratório de vigilância – referência técnica para exames mais complexos, como meningites bacterianas, coqueluche, botulismo, hantavírus e a síndrome hemolítico-urêmica – atento aos problemas populacionais. Quando as vigilâncias epidemiológicas do Estado ou de municípios, por exemplo, detectam o surgimento ou agravamento de uma doença transmissível, com incidência ou gravidade acima do esperado, todo o sistema entra em ação, realizando ensaios e análises laboratoriais, e auxiliando na elucidação diagnóstica.
No Estado de São Paulo, são cerca de 30 as doenças de notificação compulsória, aquelas que devem ser informadas imediatamente à Vigilância Epidemiológica, entre elas a cólera, meningites, coqueluche, febre tifoide, botulismo e outras. “Estamos sempre preparados para um novo momento”, diz Helio Hehl Caiaffa Filho, diretor geral do instituto. Dentro desse propósito, o Adolfo Lutz está implementando o Núcleo de Inovação Tecnológica, que vem dar apoio ao pesquisador no sentido de responder, da melhor forma e com a maior rapidez, os anseios da população em termos de saúde pública. “Nosso diferencial é a excelência do corpo de pesquisadores”, diz o diretor.
Alimentos
No caso da vigilância sanitária, o Adolfo Lutz não se limita à contaminação dos alimentos. O laboratório analisa também a composição dos produtos, identificando o teor de gordura, de sódio, de açúcar e até as calorias. “É outro trabalho de prevenção muito importante, pois esses ingredientes em excesso contribuem para elevação do diabetes, da hipertensão e o agravamento de doenças cardiovasculares”, conta a pesquisadora Deise Marsiglia, diretora do Centro de Alimentos. Se há excesso, ou irregularidade, o alimento é recolhido e o fabricante intimado a corrigir a composição.
Nenhum laboratório teria condições de recolher e analisar amostras de todos os produtos que podem provocar dados à saúde humana. Por isso, as vigilâncias trabalham com programas e protocolos que monitoram esses itens e os estabelecimentos, colhendo amostras por grupos. Entre eles estão os programas da Qualidade da Água e o da Análise de Agrotóxicos, este último dentro da Vigilância do Trabalhador – que se vale de exames de sangue de trabalhadores em lavouras que utilizam agrotóxicos e em fábricas que empregam produtos tóxicos, como o chumbo.
Quem foi Adolfo Lutz
O Instituto Adolfo Lutz comemora 75 anos de sua criação no mês de outubro. O médico e cientista Lutz nasceu no Rio de Janeiro, em 1855, e faleceu em 6 de outubro de 1940. Alguns dias depois, o instituto ganhou seu nome. A instituição resultou da fusão do Instituto Bacteriológico – do qual foi diretor – com o Laboratório de Bromatologia, que integravam a Rede Paulista de Saúde.
Graduou-se na Suíça e chegou ao Brasil em 1881, depois de tornar-se conhecido como especialista em doenças infecciosas e medicina tropical. Aqui, seu primeiro grande desafio foi a peste bubônica, que assolava Santos. Dois outros jovens cientistas se juntaram a ele, Emílio Ribas e Vital Brazil. Juntos, esses “três mosqueteiros” da saúde pública enfrentaram diversas epidemias.