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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
José Otávio Costa Auler Júnior


RESIDÊNCIA MÉDICA (Pág. 4)
Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica


EXAME DO CREMESP (Pág. 5)
11ª Edição


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)
Transplante renal


TRABALHO MÉDICO (Pág. 7)
Carreira Médica


SUS (Págs. 8 e 9)
CPMF


ÓRTESES E PRÓTESES (Pág. 10)
Seminário: A relação entre os médicos e a indústria farmacêutica


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
VII Congresso de Bioética de Ribeirão Preto


EU, MÉDICO (pág. 12)
Raymundo Azevedo Neto


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Ética Médica


CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Informações úteis ao profissional de Medicina


BIOÉTICA (pág. 15)
Como proceder na morte encefálica?


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Edição 329 - 09/2015

ENTREVISTA (pág. 3)

José Otávio Costa Auler Júnior


FMUSP inova nas diretrizes curriculares e de avaliação

“Como um governo que tem interesse em abrir escolas, vai, ele próprio,
fiscalizá-las e fechá-las?”

 

Aperfeiçoar o sistema de ensino e aprendizagem – com a inclusão de plataformas digitais para estudo e pesquisa – e introduzir novos métodos de avaliação – semestral, obrigatória, e um exame internacional opcional ao final do curso – faz parte das novas diretrizes curriculares e de avaliação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Para falar sobre essas mudanças e como elas devem impactar na formação de médicos qualificados para atuar no sistema de saúde, o Jornal do Cremesp conversou com José Otávio Auler Jr., diretor da FMUSP e um dos principais defensores dessas mudanças. Segundo ele, “de nada adianta o governo investir na abertura de novos cursos, se não for capaz de criar um sistema de avaliação – com participação das entidades médicas e observadores internacionais – para fiscalizar a qualidade de ensino e a formação de profissionais”.
 

A FMUSP está implantando um novo currículo em nível de graduação. Quais são as principais mudanças e objetivos?

O novo currículo está sendo organizado por unidades curriculares, tendo como escopo principal promover a integração entre as disciplinas de ciências básicas e clínicas, de modo que o aluno possa entender a relação entre elas. Além disso, esse modelo – que denominamos “currículo em z” – permite que alguns conceitos sejam revisitados ao longo do curso. Também estamos aperfeiçoando o sistema de avaliações. Antes elas eram somente pontuais, por disciplina. Agora teremos provas semestrais, obrigatórias, e uma avaliação internacional ao final do curso, ainda opcio­nal. Outra mudança importante é que as atividades práticas estarão presentes desde o primeiro ano na área da atenção primária, avançando em complexidade até o internato, com inclusão das atividades práticas no Hospital das Clínicas e no Hospital Universitário. Outro foco de atenção é ampliar oportunidades de iniciação científica e de intercâmbio, além de expandir o que denominamos “janelas verdes”, com atividades extracurriculares complementares ao currículo obrigatório, incluindo as científicas ou formativas em humanidades.
 

O Cremesp firmou recentemente convênio com a FMUSP para participar do projeto da Biblioteca Virtual em Saúde. A utilização de plataformas digitais para estudos e pesquisa será mais incentivada?

Sim, queremos migrar progressivamente parte do aprendizado para plataforma digital, reduzindo o tempo de aula expositiva. Mas incentivando os alunos a buscarem e trabalharem as informações por meio virtual, sob a orientação dos professores, que disponibilizarão os conteúdos nesses meios. O aluno será responsável por sua formação, e não mais um agente passivo no processo de aprendizagem.
 

Os egressos de cursos de Medicina estão aptos a atender a população por meio do serviço civil obrigatório proposto pelo governo?

Se analisarmos o contexto do Estado de São Paulo, grande parte talvez não tenha capacidade de atuar, haja vista os resultados do Exame do Cremesp. Confunde-se muito a atenção primária com uma Medicina simplificada, e ela não é. Requer formação, Residência. Trata-se de um clínico altamente especializado, e não de um mero encaminhador de doentes. Além disso, para dar certo, deveria haver uma rede básica conectada com a rede de especialidades e a hospitais terciá­rios, e isso não existe.
 

A falta de preceptoria pode prejudicar esse trabalho. Isso de fato acontece?

A grande pergunta que se faz é a seguinte: quem vai supervisionar esse estágio obrigatório proposto pelo governo? Quem são os preceptores? Para falar em convênio com faculdades, é preciso ver se há quadro disponível para suprir a demanda. O erro é usar o estudante para atender a população sem supervisão. Isso não vai resolver o problema da saúde pública. Temos de ter médicos qualificados, senão a população é que vai pagar o preço pelo mau atendimento.
 

Considera  eficaz o sistema na­cional de avaliação de ensino superior?

O MEC criou uma comissão para avaliar os cursos de Medicina, mas de nada adianta se não envolver as entidades médicas, os Conselhos Regionais, a AMB, o CFM, além de observadores internacionais. Nessa fase em que há uma grande cisão no entendimento do ensino e da prática médica entre as associações médicas e o governo federal, um processo de avaliação sério deveria também contar com uma mediação internacional. Se a faculdade for avaliada apenas pelo lado de quem propõe a abertura de escola, ela não pode ser séria. Isso é o que eu chamo de tragédia anunciada para a população e para os médicos que estão se formando.
 

Como avalia a abertura de novos cursos de Medicina pelo governo?

Sou favorável a uma avaliação in loco nessas faculdades, com base em critérios estabelecidos pelas associações de classe, Conselhos e observadores internacionais, para verificar se há aula prática, se tem ambulatório, corpo docente etc. Essa avaliação estaria sujeita a auditorias aleatórias, feitas por uma comissão mista, envolvendo todos esses segmentos. As faculdades receberiam um selo de aprovação, mas, se não atendessem aos requisitos necessários, teriam de ser fechadas. A grande preocupação é com a qualidade da formação.
 

Uma avaliação externa obrigatória, ao final do curso, poderia amenizar o problema?

Se as condições fossem favoráveis no País, um exame final teórico-prático, em nível nacional, além das avaliações da própria faculdade, resolveria o problema. Mas, nesse momento em que há uma cisão entre as entidades médicas e o governo, e se assiste à abertura indiscriminada de novas faculdades de Medicina, acho que seria necessária uma avaliação in loco da infraestrutura das escolas médicas, a partir da licença de funcionamento, com auditoria independente. Como um governo que tem interesse em abrir escolas, vai, ele próprio, fiscalizá-las e fechá-las?
 

A FMUSP vai considerar o Exame do Cremesp para ingresso na Residência?

Somos favoráveis ao Exame do Cremesp, e estamos conversando com a Comissão de Residência Médica para acrescentá-lo como item de avaliação. A seleção inclui prova teórica e prática, além de uma entrevista, na qual a participação no exame poderia somar alguma pontuação, a exemplo de publicações, iniciação científica etc.

 


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