CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
José Otávio Costa Auler Júnior
RESIDÊNCIA MÉDICA (Pág. 4)
Movimento Nacional de Valorização da Residência Médica
EXAME DO CREMESP (Pág. 5)
11ª Edição
INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)
Transplante renal
TRABALHO MÉDICO (Pág. 7)
Carreira Médica
SUS (Págs. 8 e 9)
CPMF
ÓRTESES E PRÓTESES (Pág. 10)
Seminário: A relação entre os médicos e a indústria farmacêutica
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
VII Congresso de Bioética de Ribeirão Preto
EU, MÉDICO (pág. 12)
Raymundo Azevedo Neto
JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Ética Médica
CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Informações úteis ao profissional de Medicina
BIOÉTICA (pág. 15)
Como proceder na morte encefálica?
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp
A defesa da cidadania
“Desde a criação do SUS, nos anos 80, governos de diferentes matizes se sucederam sem enfrentar a relação entre corrupção e falta de qualidade dos serviços públicos”
O Brasil vive dias conturbados. Enfrentamos as dificuldades econômicas do mundo globalizado, aliadas às intempéries de uma agenda política que nunca foi capaz de enfrentar o problema da excessiva desigualdade social do nosso povo. No entanto, há setores sociais e políticos que, conscientes e deliberadamente, concorrem para que, o que está ruim, fique ainda pior. A história está cheia de exemplos de que a saída menos traumática para os conflitos passa pela preservação da democracia.
Nada mais horroroso, mas infelizmente ainda hodierno, que a corrupção. Endêmica no mundo e no Brasil, serve de pano de fundo para tentativas de manipulação da opinião pública, principalmente em momentos conflituosos. A corrupção não é apanágio de nenhum país, povo ou partido político, viceja em todos os sistemas sociais e políticos. O que a faz mais ou menos exuberante são os mecanismos de combate. Nas sociedades modernas isso implica desde o desenvolvimento de uma cultura de honestidade e transparência, à criação de leis que incriminem e punam duramente os envolvidos.
Na história recente do Brasil, os corruptores nunca foram denunciados. Quando denunciados, nunca atingidos e, quando atingidos, sempre foram contemplados com penas irrisórias. No atual cenário, temos oportunidade de mudar essa trajetória, mas dentro da democracia, com a criação de leis severas que punam, exemplarmente, os culpados. A campanha do Ministério Público Federal por um conjunto de medidas que apontam nessa direção é um sopro de alento na construção de uma sociedade mais justa e democrática.
Sabemos das dificuldades dessa empreitada, porquanto a corrupção está incrustada não apenas nas estruturas de governo – municipal, estadual e federal – como também em todos os partidos políticos e empresas privadas. Mas não podemos ser ingênuos e aceitar o jogo daqueles que apontam sempre para um único culpado. Pesquisa realizada pelo Ibope, em 2004, já detectava a disseminação de uma cultura de leniência à corrupção na sociedade brasileira. Cerca de 76% dos entrevistados afirmaram que cometeriam atos corruptos se tivessem oportunidade, e 35% responderam que empregariam familiares se ocupassem cargo políticos!
Nesse diapasão, é desnecessário destacar a relação entre corrupção e falta de qualidade dos serviços públicos, inclusive de Saúde. Desde a criação do SUS, nos anos 80, governos de diferentes matizes se sucederam sem enfrentar esse problema. O caos só fez aumentar, até chegarmos às mazelas atuais: hospitais sucateados, filas de meses para atendimentos e recursos humanos desvalorizados, entre outras.
Em reportagem especial dessa edição do Jornal do Cremesp, apresentamos a extensão e os desdobramentos inevitáveis da carência de financiamento no SUS. Antes de tudo, fica o alerta: vamos defender os recursos da saúde e buscar ampliá-los com responsabilidade e compromisso social!
Homenagem
Saudades do Henrique
Henrique Carlos Gonçalves, conselheiro do Cremesp, nos deixou em 28 de agosto, aos 67 anos. Formado em Medicina pela Santa Casa de São Paulo, especializou-se na difícil especialidade da Pediatria, tendo-a exercido com brilhantismo. Atuou na cidade de Guarulhos e em hospitais da região e era amado pelos seus pequenos pacientes e seus pais e mães.
Grande médico e dono de uma retidão de caráter irretocável, ocupou na Prefeitura Municipal de São Paulo cargos de direção importantes, em hospitais e autarquias. Desempenhou papel decisivo em diversas situações emblemáticas para a Saúde e a Medicina: deu celeridade aos processos do grupo Tortura Nunca Mais no Cremesp; atuou na apuração do massacre do Carandiru; participou do julgamento e identificação dos corpos das vítimas dos ataques do crime organizado seguido de contra-ataque da Polícia, em maio de 2006; e na resistência dos médicos contra o Plano de Atendimento à Saúde (PAS).
Escolhido em eleições livres e diretas, tornou-se conselheiro do Cremesp em 1993 e reelegeu-se por cinco vezes, mandato que terminaria em 2018, o que infelizmente o destino não permitiu. Foi eleito duas vezes por seus pares como presidente do Cremesp e, por quatro vezes, diretor do Departamento Jurídico, área na qual também era graduado. Sua mente brilhante e inquieta levaram-no a três pós-doutorados, além do domínio de várias línguas.
Como companheiros de Henrique Carlos, esse extenso currículo é o que menos pesa para quem com ele conviveu. Queremos deixar a ele os títulos mais importantes: grande amigo, chefe de família exemplar, pai amantíssimo, honesto, conciliador, racional, referência ética e intelectual que todos reconhecem.
Obrigado, amigo, por ter nos dado o privilégio de seu convívio.
Conselheiros, delegados, membros das Câmaras Técnicas e todos que conviveram com Henrique Carlos Gonçalves.