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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho, presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Pedro Caetano Sanches Mancuso


TRABALHO MÉDICO (pág. 4)
Atuação profissional


CONTEÚDO DIGITAL (pág. 5)
JC na versão digital


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 6)
Combate ao câncer


FÓRUM (pág. 7)
A Saúde do Brasil


CRISE NA SAÚDE (págs. 8 e 9)
SUS


HISTÓRIA (pág. 10)
Genocídio Armênio


AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
4º Lide Saúde e Bem-Estar


EU, MÉDICO (pág. 12)
Trabalho e Humanização


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Plantão Regulador


CONVOCAÇÕES (pág. 14)
Editais e desagravo público


BIOÉTICA (pág. 15)
Saúde Mental em Pediatria


GALERIA DE FOTOS



Edição 325 - 05/2015

EU, MÉDICO (pág. 12)

Trabalho e Humanização


Estar onde as pessoas precisam
 

Residente participa de projeto voluntário na Amazônia, atende na UBS em Perus
e ainda encontra tempo para estudar e dirigir entidades médicas




"Gostaria de acompanhar o paciente desde criança até ficar idoso.
Isso seria muito compensador"

 

A vocação em ajudar o próximo e, principalmente, atender aos mais necessitados, motivou a escolha pela Medicina por José Carlos Arrojo Jr, R2 em Medicina da Família e Comunidade.  Mas ele foi além e decidiu participar voluntariamente do projeto Saúde e Cidadania em Fronteiras, que atende a comunidade ribeirinha do Amazonas, região extremamente carente. A ação é uma parceria entre a Universidade Federal Paulista (Unifesp/EPM) e a Marinha do Brasil.

Formado pela Universidade de Santo Amaro (Unisa), em 2012, foi no último ano da faculdade que começou a ter contato com a atenção primária, após orientação de uma de suas professoras, que percebeu nele o perfil para essa área. Para ele, foi natural aceitar quando a coordenadora do Saúde e Cidadania em Fronteiras, Maris Demuner, o convidou para realizar o trabalho. A identificação foi imediata. A ação é realizada duas vezes  por ano e ele já participou de três edições.

Na expedição, o caso de uma senhora de 87 anos foi o que mais marcou o residente. Ela havia quebrado um pé, cerca de dois anos antes, e não teve assistência. Toda a anatomia do membro ficou deformada e ocasionou uma úlcera de pressão. “Ela se queixava apenas de uma dor de cabeça, mas notamos a úlcera nos exames. Quando perguntamos se isso não a machucava, ela respondeu que já havia perdido a esperança de ter algum tratamento, então, por isso, nem era essa a queixa dela”, diz Arrojo.

A mulher já havia tido também infecções generalizadas por conta do machucado. “Conseguimos tirar todo o tecido morto em volta da úlcera para que ela fechasse, fizemos o curativo e fornecemos o material para curativos”, contou.

Em algumas áreas visitadas, não havia energia elétrica. Para conservar os alimentos, salgavam demais os alimentos, aumentando o número de casos de hipertensão. E de todos os lugares em que a expedição passou, em apenas um havia médico.

Na última ação, de 28 de fevereiro a 18 de março deste ano, embarcaram seis alunos de Medicina. Arrojo agora atua co­mo coordenador de uma liga, que está mostrando aos estudantes essa realidade de atenção primária voltada à população ribeirinha, para reforçar a equipe nas futuras viagens. “Quem está em um centro, como São Paulo, perde um pouco essa visão do paciente em lugares inóspitos. E, no Brasil, há muita gente precisando de atendimento médico”, explica. A próxima expedição acontecerá de 18 de julho a 8 de agosto de 2015.

“Depois de participar do projeto, voltei outra pessoa. Percebo que damos valor a coisas fúteis ao invés do que realmente importa. Lá, ao perguntar a um paciente se ele é feliz, ele responde que sim, com um enorme sorriso no rosto”, conta.
 

Trabalho

Em seu dia a dia na capital paulista, Arrojo atua há mais de um ano na UBS Morada do Sol, a única da região e que atende mais de 4.200 pacientes cadastrados. Ele explica que todos os atendimentos são cuidadosamente registrados, para que seja possível verificar as principais patologias e queixas da região. Uma equipe composta por médicos, enfermeiros, auxiliares, psicólogos, terapeutas, também faz visitas domiciliares a pacientes acamados.

O residente constatou que muitos assuntos particulares, que o paciente teria receio em falar com um médico que o trata friamente, ele se sente à vontade para revelar a um médico da comunidade. E, consequentemente, pode ser melhor ajudado. Ele afirma que muitas pessoas vão ao posto simplesmente porque precisam de alguém para conversar, o que é mais viável que receitar um antidepressivo.

“Quanto mais tempo passamos em uma comunidade, mais conhecemos o perfil daquela população e a interação dela com o meio. Gosto muito dessa parte de gestão também”, conta o residente, que ainda fez especialização em Gestão em Saúde Pública, na Universidade Estadual Paulista (Unesp), e está fazendo MBA Executivo em Saúde pela FGV, além de mestrado na área de Prevenção Quaternária.  online??  Em seu atribulado dia a dia, ainda resta tempo para correr, se locomover de bicicleta até a universidade e dormir quatro horas, o que considera suficiente.
 

Humanização

“Estar onde as pessoas realmente precisam”, declara Arrojo, sem titubear, quando questionado sobre a sua motivação, orientada para uma Medicina mais humanizada. “Dessa forma, podemos vencer todos os obstáculos, que sempre existirão até conquistarmos um sistema de saúde de qualidade para todos. Temos que lutar por meio das associações políticas, mas também fazer a nossa parte. Não estudei Medicina unicamente pa­ra quem pode ter acesso a ela, mas para tratar a todos, principalmente os mais necessitados. Medicina é minha vida e eu gosto do que faço”, destaca.
 

Movimento dos residentes

Arrojo já tem um currículo extenso, aos 27 anos de idade. Ele ocupa cargos na diretoria da Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo (Ameresp), da Associação Nacional dos Médicos Residentes (ANMR) e da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade, além de atuar no projeto Saúde e Cidadania em Fronteiras.

Para ele, é necessário estar atento em como a política pode se reverter em benefício da população. “Estou envolvido nesses movimentos, co­mo o de Residentes, por querer uma melhor formação, condições de trabalho e estrutura pa­ra que o paciente possa ser atendido”, explica, contando que esse tripé o motiva. “Temos que agir não apenas por nós, mas por todo mundo. O grupo tem essa visão de construir”.
 


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