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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Bráulio Luna Filho - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Eder Gatti


SAÚDE PÚBLICA (pág.4)
Os números da dengue em SP


ISS (pág. 5)
Regularização de débitos


SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 6)
Honorários médicos


MAIS MÉDICOS
Saúde de qualidade


SAÚDE +10 (pág. 8)
Movimento médico


FINANCIAMENTO (pág. 9)
SUS


INSTITUIÇÕES (pág. 10)
Reabilitação


AGENDA (pág. 11)
Planejamento


EU, MÉDICO (pág. 12)
Medicina = Superação


JOVENS MÉDICOS (pág. 13)
Mais médicos


BIOÉTICA 1 (pág. 14)
Ética Médica


BIOÉTICA 2 (pág. 15)
Vício e Vulnerabilidade


ESCOLAS MÉDICAS (pág. 16)
Violência estudantil


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Edição 323 - 03/2015

SAÚDE PÚBLICA (pág.4)

Os números da dengue em SP


Aplicativo auxilia médico no diagnóstico
e tratamento da dengue


     Armazenamento inadequado de água pode
contribuir para aumento dos casos da doença

 

O aplicativo UNA-SUS Dengue pode auxiliar o médico no diagnóstico e tratamento dos casos de dengue. Disponível para smartphones e tablets, ele funciona como uma espécie de calculadora, levando em consideração: idade, sexo, peso e os sintomas apresentados pelo paciente.

Com ele, os médicos podem fazer a definição da conduta a ser adotada de acordo com as características fisiológicas e os sintomas do paciente. É possível calcular a reposição de líquidos de maneira customizada e fazer a descrição das características que classificam os casos nos grupos de risco da dengue. O aplicativo também apresenta informações relacionadas ao tratamento e prevenção da dengue.

Desenvolvido pela Universidade Aberta do Sistema Único de Saúde (UNA-SUS), por uma equipe da Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), o aplicativo está disponível para download no Google Play Store ou pelo link: http://migre.me/ckiLp
 



Número de casos sobe 60% na Capital paulista

Levantamento da Prefeitura de São Paulo indica que 230 casos de dengue foram registrados no mês de janeiro no município, 90 a mais que no mesmo período do ano passado.

O aumento de 60% de casos pode estar parcialmente relacionado à crise hídrica no Estado, uma vez que, para escapar da crise, algumas pessoas têm acumulado água em residência e, muitas vezes, de forma inadequada. Mas, de acordo com o infectologista Marcos Boulos, professor da FMUSP, coordenador da Coordenadoria de Controle de Doenças (CCD) da Secretaria de Estado da Saúde e conselheiro do Cremesp, os fatores preponderantes para a maior incidência da doença foram a continuidade da transmissão da doença em 2014 (geralmente há interrupção nos invernos) e o início das chuvas, que propiciam mais criadouros.

A notificação dos casos suspeitos, pelos serviços de saúde, é essencial para que ações de vigilância e controle do vetor sejam desencadeadas. Segundo a Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), da Secretaria Municipal de Saúde, a orientação é que o médico realize a classificação de risco, do paciente, em todos os serviços de saúde, além de, valorizar os sinais de alarme, a hidratação adequada e o monitoramento de todos os casos suspeitos.

No Estado de São Paulo, foram registrados mais de 38 mil casos de dengue no primeiro bimestre do ano, quase o triplo do mesmo período de 2014.



Dependência química

Especialistas questionam eficácia do programa de combate ao crack


O programa De Braços Abertos, implantado pela Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo (SMS-SP), completou um ano cercado de muita polêmica entre especialistas e críticas da população quanto à sua eficácia. Ele faz parte da política de enfrentamento do consumo de crack e de outras drogas, na região conhecida como Cracolândia, no centro da Capital.

Já foram investidos mais de R$ 10 milhões para acolhimento dos dependentes, com oferta de moradia em hotéis da região, alimentação e trabalho remunerado de varrição de ruas em troca de um auxílio financeiro de R$ 15 por dia, visando, prioritariamente, a ressocialização do usuário. As críticas se referem principalmente à possibilidade de atrair mais usuários para a região, aumentado a insegurança, e também à verba, que em alguns casos, seria utilizada para a compra de droga.

“É importante salientar que o programa não pretende a “reabilitação” dos beneficiários, mas sua reinserção psicossocial, visto que a maioria deles faz parte das classes economicamente menos favorecidas, afastadas de oportunidades de formação educacional, cultural e do mercado de trabalho, e que se encontra em situação de extrema vulnerabilidade social”, afirma Myres Maria Cavalcanti, coordenadora da área da Saúde Mental da SMS-SP.

Para o psiquiatra Mauro Aranha, vice-presidente do Cremesp, todo tratamento tem de contemplar um conceito ampliado de saúde, incluindo fatores contextuais e predisponentes sociológicos que podem tornar a pessoa mais vulnerável ao uso do crack. “Nesse sentido, é um programa bem-vindo, tem esse escopo de ressocialização. Porém, ele não pode desprezar todo o tratamento biológico e clínico que devem ser contemplados”, argumenta.

Redução de danos

Myres explica que todas as abordagens têm como princípio a baixa exigência e a redução de danos. Todos os encaminhamentos multiprofissionais (saúde, assistência social, trabalho, educação etc) são realizados a partir da demanda de cada beneficiário, respeitando a individualidade de cada um. “O atrativo do programa são os direitos aos cidadãos que tiveram diversas garantias violadas, com o objetivo de tornar aquele beneficiário cidadão de direitos”, diz.

Ela afirma que a adesão ao tratamento é voluntária, não sendo um pré-requisito para a entrada no programa. Mas, segundo ela, aumentaram os atendimentos médicos a esses cidadãos depois da implantação do programa, e houve redução na população da região da Cracolândia. “Antes trabalhávamos com uma média de 1,5 mil usuários, número que teve uma redução de 80%.”

Ainda assim, Mauro Aranha considera que existe um grande risco de o programa ficar restrito à ressocialização e se tornar ineficaz. “Você vai ressocializar mal se a pessoa continuar a fazer uso nocivo ou abusivo da droga. A desinserção social é um fator predisponente para a droga, mas a droga é um fator predisponente para a desinserção social,” observa.

Ele acredita que para eliminar a Cracolândia é necessária uma intervenção articulada, intersetorial e interdisciplinar. “Uma ação isolada no sentido da ressocialização não eliminará a Cracolândia. Tem de haver uma articulação entre os equipamentos de saúde – Centro de Atenção Psicossocial (Caps), intervenções de rua, internações temporárias etc. Se o Estado e a Prefeitura estivessem dialogando adequadamente, com uma organização mais harmônica entre si, os resultados seriam melhores”, analisa.

 

 


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