CAPA
EDITORIAL (pág.2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág. 3)
David H. Jernigan
DROGADIÇÃO (pág. 4)
Indústria do álcool e Copa
COPA DE 2014 (pág. 5)
Fiscalização na Arena Corinthians
SAÚDE SUPLEMENTAR (pág. 6)
Contratualização
CBHPM (pág. 7)
Tramitação do PLC 39/07
ENSINO MÉDICO (pág. 8)
Qualidade acadêmica
PARCERIA (pág. 9)
Monitoramento e fiscalização
ANVISA (pág. 10)
Importação de medicamentos controlados
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág. 11)
Novos diretores do Sindicato dos Médicos
INFORME TÉCNICO (pág. 12)
GEC é obrigatório em SP
JOVEM MÉDICO (pág. 13)
Saúde física e mental
COLUNA DO CFM (pág. 14)
Artigo do representante de SP no Federal
ELEIÇÕES CFM 2014 (pág. 13)
Comissão Eleitoral
BIOÉTICA (pág. 16)
O uso medicinal de Cannabis sativa
GALERIA DE FOTOS
DROGADIÇÃO (pág. 4)
Indústria do álcool e Copa
Copa do Mundo incentiva consumo de álcool
Encontro apresenta evidências de que eventos esportivos são grande oportunidade de marketing para a indústria cervejeira atrair o jovem
Laranjeira: palestra com especialistas em políticas públicas sobre álcool
Especialistas em estudos e políticas sobre o álcool, do Brasil e do exterior, discutiram as estratégias praticadas pela indústria de bebida alcoólica para incentivar o consumo entre a população e garantir a liberação dos produtos nos estádios, durante a Copa do Mundo, no Simpósio Internacional Álcool e Violência – a Influência da Indústria do Álcool, realizado em 16 de maio, em São Paulo. Organizado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), e coordenado pelo psiquiatra Ronaldo Laranjeira, o evento teve palestras de especialistas em políticas públicas sobre o álcool, como Charles Parry, que falou sobre as medidas utilizadas para controlar o uso nocivo de álcool durante a Copa do Mundo de Futebol na África do Sul (2010), e David Jernigan, que discorreu sobre A indústria do álcool e suas ações nos países em desenvolvimento (veja entrevista na pág. 3).
A pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Ilana Pinsky, apresentou dados sobre a estratégia da indústria de cerveja para conquistar consumidores entre jovens estudantes, por meio de acordos com associações atléticas das universidades. Essas empresas apoiam grandes festas e eventos, promovidos pelas atléticas, que chegam a atingir mais de 1,5 milhão de jovens, provocando o aumento do consumo de cerveja em 12%. “O público universitário é composto por consumidores em formação. Os hábitos de consumo, presentes em toda a trajetória acadêmica, o acompanharão durante a vida adulta”, declara Ilana.
A psiquiatra Ana Cecília Marques, também pesquisadora da Unifesp, relatou a estratégia da indústria da cerveja em relação à Copa do Mundo de 2014, no Brasil, que visou retirar da legislação do País as normas mais restritivas ao consumo de álcool. O governo federal decretou, em 2007, que o País deveria se adaptar às diretrizes da Fifa e patrocinadores, liberando a venda de cerveja no Mundial.
Álcool e violência
Clarice Madruga, psiquiatra e pesquisadora da Unifesp, apresentou o Levantamento Nacional sobre Álcool e Drogas (Lenad II), que demonstra a significativa associação entre o uso abusivo de álcool e o envolvimento em acidentes, brigas, violência doméstica e contra crianças. “Mesmo com o aumento do poder de consumo da classe C, não houve mudança no número de usuários de álcool. Mas, os que já bebiam, estão bebendo mais”, destaca Clarice, comparando dados entre a amostra de 2006 e a de 2012.
Ainda entre os destaques internacionais, o seminário teve palestra de Tom Babor, do Centro de Saúde da Universidade de Connecticut. Ele indiciou como um dos principais incentivos ao consumo do álcool, o fato de as bebidas no Brasil possuírem um preço relativamente baixo. Também destacou a queda de homicídios na cidade de Diadema (SP) após a lei de 2002, que limitou a venda de bebida alcoólica até às 23h.
Risco de doenças
Já o britânico Derek Rutherford, estudioso dos efeitos do álcool na sociedade, mostrou a importância de uma resposta global à política dessas indústrias, pois o uso abusivo da bebida aumenta o risco do indivíduo em desenvolver mais de 200 doenças, como destacou relatório publicado pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
Transtornos mentais
Estigma e preconceito obstruem políticas públicas sobre saúde mental
Seminário do Cremesp e Unifesp abordou os reflexos socioeconômicos relacionados aos transtornos mentais
A inclusão socioeconômica de pessoas com transtornos mentais, dependentes de drogas ou em condições de vulnerabilidade foram discutidos no II Workshop de Economia em Saúde Mental, promovido pelo Departamento de Psiquiatria da Unifesp, com o apoio do Cremesp, realizado nos dias 16 e 17 de maio, em São Paulo. O evento teve a coordenação do vice-presidente do Cremesp, o psiquiatra Mauro Aranha, e da psiquiatra do Centro de Economia em Saúde Mental da Unifesp, Denise Razzouk. Fizeram parte dos debates sobre epidemiologia dos transtornos mentais no Brasil, aspectos relacionados aos custos indiretos do alcoolismo, da ansiedade e da depressão no trabalho, validação de questionários sobre produtividade, estigma e inserção no mercado de trabalho e promoção de saúde mental no ambiente de trabalho, incluindo o do médico.
Na mesa redonda Estigma, doença mental e inserção no mercado de trabalho, o moderador Itiro Shirakawa, vice-presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), comentou que é necessária uma reforma da assistência psiquiátrica no Brasil, com criação de leitos, eliminação de estigmas e reinserção social dos pacientes por meio do trabalho.
Leonardo Pinho, diretor da Associação Brasileira de Saúde Mental (Abrasme), falou sobre o cooperativismo social no Brasil – que envolve todas as pessoas em condição de vulnerabilidade e tem como objetivo a reinserção social por meio do trabalho. Para ele, o estigma e o preconceito contra os usuários de drogas são os principais empecilhos para a implementação de políticas públicas eficazes.
Ambiente corporativo
Condições precárias de trabalho, horário não flexível, estagnação na carreira, falta ou excesso de tarefas e ambiente extremamente competitivo são algumas causas do estresse no ambiente corporativo, que podem elevar o risco de desenvolver doenças psicossociais, terceira causa de afastamento do trabalho.
Denise evidenciou o estigma que o paciente psiquiátrico sofre dentro do ambiente corporativo e o fato de que não é possível evitar uma doença psiquiátrica. No entanto, os fatores de risco que aumentam a vulnerabilidade do indivíduo podem ser evitados. “Só a revelação de uma doença psicossocial gera discriminação e diminuição na ascensão daquele profissional. Por isso, devemos fazer uma abordagem multissensorial, incluindo a empresa”, disse.
A saúde mental dos médicos também ganhou destaque na mesa redonda Os diferentes aspectos de saúde mental do médico ao longo de sua história profissional (saiba mais sobre o tema na página 13).