CAPA
EDITORIAL (pág.2)
João Ladislau Rosa - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág.3)
Arnaldo Colombo
PISCINA + SEGURA (pág.4)
Campanha faz alerta sobre riscos de afogamentos
SAÚDE PÚBLICA (pág.5)
Câncer uterino
EXAME DO CREMESP (págs.6 e 7)
Nove escolas médicas de SP alcançam a média
SAÚDE SUPLEMENTAR (págs.8 e 9)
Mobilização da classe médica
MOVIMENTO MÉDICO (pág.10)
Intercambistas cubanos e discriminação salarial
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág.11)
Cremesp debate PL para remissão do ISS
COLUNA DOS CONSELHEIROS DO CFM (pág.12)
Artigos dos representantes de SP no Federal
JOVENS MÉDICOS (pág.13)
Prontuário Médico
SERVIÇO AOS MÉDICOS (pág.14)
Educação continuada
BIOÉTICA (pág.15)
Aborto legal
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS (pág 16)
Informações importantes que podem salvar vidas
GALERIA DE FOTOS
SAÚDE PÚBLICA (pág.5)
Câncer uterino
Especialistas reforçam importância da vacina contra HPV
Sociedades de Pediatria e Imunizações contestam críticas à campanha de vacinação para meninas de 11 a 13 anos
Kfouri: estudos evidenciam potencial protetor da vacina
A imunização contra o HPV, que passou a integrar o calendário anual de imunização do Ministério da Saúde (MS), virou alvo de críticas por parte de alguns médicos, conforme divulgado pela imprensa. A alegação seria de que faltam evidências científicas de que a vacina previne, de fato, a mortalidade das meninas e que poderia vir a acarretar a Síndrome de Guillain-Barré, falência ovariana, uveítes, além de convulsões e desmaios, embora não haja estudos que evidenciem essa acusação. As premissas são contestadas fortemente pelas sociedades de especialidades.
A Campanha Nacional de combate à doença aconteceu em 10 de março deste ano e visou atingir 5,2 milhões de pré-adolescentes – de 11 a 13 anos de idade –, em toda a rede do Sistema Único de Saúde (SUS), com previsão de parceria com as secretarias de educação para envolver as escolas públicas e privadas. O MS investiu R$ 465 milhões na compra de 15 milhões de doses da vacina.
Avanço
Tanto o Ministério da Saúde como a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) contestam as críticas e reiteram a importância da vacinação contra o HPV na prevenção não apenas do câncer de colo uterino, mas também de neoplasias em outros órgãos. “A SBIM reconhece o avanço que foi a inclusão dessa vacina no Programa Nacional de Imunizações (PNI), beneficiando grande parte de nossa população que não tinha acesso à vacinação, só disponível, até então, na rede privada. A faixa etária escolhida é, sem dúvida, a prioritária, e a classe médica tem fundamental importância na comunicação e no esclarecimento da população”, afirma o presidente da entidade, Renato de Ávila Kfouri.
De acordo com o diretor corregedor e presidente da Câmara Técnica de Pediatria do Cremesp, também vice-presidente do Departamento de Bioética da Sociedade Brasileira de Pediatria e membro da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), Clóvis Constantino, os avanços científicos devem ser colocados à disposição de toda a população, nos casos em que a Ciência e a Bioética demonstraram relação adequada entre benefício, risco e custo. Assim, nosso PNI continua sendo um dos mais avançados do planeta, com ênfase nas evidências científicas e no referencial bioético da justiça na distribuição de recursos”, avalia.
Campanha de vacinação visa atingir pré-adolescentes
Eficácia
Kfouri afirma que o licenciamento de novas vacinas é baseado em extensos estudos de segurança e eficácia, que atestam a capacidade de um novo produto de trazer o benefício esperado sem efeitos colaterais importantes. Segundo ele, a vacina contra o HPV só foi licenciada — e posteriormente incorporada ao calendário de países como Estados Unidos, Canadá, Inglaterra, Austrália e tantos outros — após a demonstração inequívoca de que é capaz de prevenir as lesões precursoras de câncer de colo uterino, vagina e vulva, com eficácia próxima de 100%. Além da redução quase que total das verrugas genitais. “Novos estudos ainda demonstram o potencial protetor da vacina na prevenção de outros tipos de câncer: ânus, cabeça e pescoço e pênis, por exemplo”, diz.
Em relação a alguns casos de reações à imunização – com posterior suspensão em alguns países – Kfouri acredita que são as mesmas conhecidas para praticamente todas as vacinas: dor local, inchaço, febre e mal-estar, que além de não serem muito frequentes, quando ocorrem costumam ser leves e transitórias. “Vários estudos pós-implantação da vacina e o sistema de vigilância de eventos adversos americano (Vaers), confirmam, após a aplicação de milhões de doses da vacina, que esta não se relaciona com aumento de doenças e aparecimento de efeitos colaterais graves”, comenta. Ele relata que um recente estudo conduzido em países nórdicos, com quase 1 milhão de meninas incluídas, demonstrou a não associação causal entre a vacina e qualquer evento adverso grave.
Há mais de 100 tipos de HPV
A cada ano, 270 mil mulheres no mundo morrem de câncer de colo de útero, decorrente da contaminação por algum tipo do vírus HPV. No Brasil, 5.160 mulheres vieram a óbito em 2011. Em 2013, o Instituto Nacional do Câncer estimou o surgimento de 17.540 novos casos.
Capaz de infectar a pele ou as mucosas, o HPV possui mais de 100 tipos. Do total, pelo menos 13 têm potencial para causar câncer. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), 291 milhões de mulheres no mundo são portadoras do HPV, sendo que 32% estão infectadas pelos tipos 16, 18 ou ambos.
Estratégia combinada de prevenção é mais eficaz
Com autorização dos pais ou responsáveis, cada adolescente deve receber três doses da vacina para ficar imunizada contra o HPV. Após a primeira dose, a segunda deverá ocorrer após seis meses e a terceira após 60 meses, de acordo com o Programa Nacional de Imunizações (PNI). A previsão é de que, em 2015, a vacina contra o HPV também seja ofertada a meninas de 9 e 10 anos.
O tipo de vacina disponível no Brasil é a quadrivalente, que previne contra quatro tipos de HPV (6, 11, 16 e 18). Dois deles (16 e 18) respondem por 70% dos casos de câncer de colo de útero, responsável atualmente por 95% dos casos de câncer no País. É o segundo tipo de tumor que mais atinge as mulheres, atrás apenas do câncer de mama.
De acordo com o presidente da SBIM, Renato Kfouri, novas vacinas contendo mais tipos de HPV devem estar licenciadas no futuro. “Por isso, as meninas, mesmo vacinadas adequadamente, devem continuar realizando o exame preventivo de Papanicolau. A estratégia combinada de prevenção primária (vacinação) e secundária (triagem citológica pelo Papanicolau) ainda é a que mais resultados traz na prevenção dessa enfermidade que mata, em nosso País, uma mulher a cada dois minutos”, orienta.