CAPA
CARTA AOS BRASILEIROS (pág.2)
Entidades médicas direcionam carta à população sobre medidas do Governo
ENTREVISTA (pág.3)
Florisval Meinão
MOVIMENTO MÉDICO (pág.4)
Medidas do Governo Federal
MOVIMENTO MÉDICO (pág.5)
Milhares de médicos protestam na capital paulista
MOVIMENTO MÉDICO (pág.6)
Programa Mais Médicos
MOVIMENTO MÉDICO (pág.7)
Revalida obrigatório no Estado
MOVIMENTO MÉDICO (págs. 8 e 9)
Medicina 8 anos
ATO MÉDICO (pág.10)
Ato Médico
REGIONAIS (pág.11)
Novas instalações das regionais no interior
VIII Seminário Médico-Mídia (pág.12)
Telemedicina & Telessaúde
SAÚDE PÚBLICA (pág.13)
O tratamento da tuberculose entre profissionais da saúde
BIOÉTICA (pág.16)
Remuneração permitida
GALERIA DE FOTOS
SAÚDE PÚBLICA (pág.13)
O tratamento da tuberculose entre profissionais da saúde
Risco de tuberculose é maior entre profissionais da saúde
Para o tratamento da tuberculose, a medicação deve ser de uso diário e administrada em uma única tomada
Pesquisas indicam que risco de infecção e adoecimento por tuberculose entre profissionais de saúde, incluindo casos de multidrogarresistente (MDR), é mais elevado do que na população em geral. “Os profissionais de saúde – médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, em especial – devem sempre ser objeto de atenção dos órgãos de controle e vigilância de doenças, tanto no que diz respeito ao atendimento individual, quanto como objeto de investigação epidemiológica. Isso porque o risco de transmissão é bastante elevado, principalmente a crianças e pessoas soropositivas para o HIV+ , devido à alta suscetibilidade à doença desses pacientes.”
Essa é a avaliação de Vera Maria Neder Galesi, médica e coordenadora do Programa de Controle da Tuberculose da Divisão de Controle de Doenças do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado de São Paulo (CVE-SP), órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. Ela coordena o Grupo de Trabalho da Tuberculose (GTT) – formado por especialistas da área, infectologistas, pesquisadores, além dos do Instituto Adolfo Lutz –, criado para discutir questões de caráter científico e operacionais, dentro das ações de controle da doença no Estado.
Na avaliação de Silvia Mateus, pneumologista e tisiologista integrante do GTT, “de forma geral, os profissionais de saúde, especialmente os médicos, são os pacientes com maior dificuldade de acompanhamento e tratamento dentro do protocolo estabelecido; são os que mais demoram para realizar a investigação dos comunicantes e os que menos aderem ao tratamento supervisionado”.
Ocorrência de casos preocupa Secretaria
De acordo com Vera, somente neste ano, ocorreram 267 casos de tuberculose em profissionais de saúde. Desses, 67% foram do sexo feminino.
Ocorreram 267 casos de tuberculose em profissionais de saúde, somente neste ano, segundo Vera Galesi, da CVE-SP. Desses, 67% foram do sexto feminino. A maioria dos casos apresentados foi da forma pulmonar (62,5%). Além disso, em 12 % das ocorrências, o profissional não foi encaminhado para a confirmação bacteriológica. Em apenas 54% dos casos pulmonares foi realizada cultura, com resultado positivo para 60 indivíduos (34%). Somente em 32 profissionais (11,8% dos casos registrados na ficha de notificação) foram realizados testes de sensibilidade, e apenas 53 % passaram por tratamento diretamente observado.
Em profissionais de saúde, a média de ocorrência da tuberculose foi de 245 casos por ano, no período de 1998 a 2012, sendo que, no último ano, 30% deles foram em técnicos de enfermagem; 8% em enfermeiros; 8% em médicos; e o restante distribuídos entre outras categorias (figura 1).
Investigação epidemiológica
Entre 2012 e 2013, pelo menos seis casos geraram investigação epidemiológica, com identificação de muitos contatos e adoecimento de mais de 20 casos secundários, sendo 18 lactentes, duas crianças com dois e três anos e três adultos. “Foi constatado que esses profissionais de saúde tiveram demora no diagnósticos que, na maioria das vezes, não foi confirmado bacteriologicamente, e também tratamento inadequado, com o agravante de que dois deles eram casos de MDR”, afirma Vera. Segundo ela,”os serviços de saúde ocupacional deixaram de fazer o diagnóstico em três desses casos, que já estavam doentes no momento da consulta médica.
Tratamento
Em relação ao tratamento, Vera orienta que o mesmo deve ser rigorosamente supervisionado, tanto para garantir a cura como para diminuir a transmissão aos contatos. “Os profissionais de enfermagem são os que adoecem em maior número, provavelmente por ser a categoria mais numerosa e pelo maior tempo de exposição à doença”, comenta.
Estudo realizado em 2008, sobre tuberculose em trabalhadores de enfermagem no Município de S. Paulo, utilizando registros do Coren, obteve coeficientes de incidência de 114 por 100 mil habitantes para enfermeiros e 70 por 100 mil habitantes para técnicos, coeficientes mais elevados dos que o da população em geral do Município (61 por 100 mil habitantes).
Figura 1
Profissional de saúde | 2012 | % |
---|---|---|
Auxiliares e técnicos de enfermagem | 83 | 31,1 |
Enfermeiros | 23 | 8,6 |
Médicos | 24 | 9,0 |
Outros | 137 | 51,3 |
Total | 267 | 100,0 |
Fonte: CVE/SES-SP
Esquema básico de tratamento para adultos e adolescentes (2RHZE/4RH)
No tratamento da tuberculose, tanto para adultos como para adolescentes, a medicação é de uso diário e deve ser administrada em uma única tomada, sempre supervisionada. Para todo caso de tuberculose (novo ou retratamento), deve-se realizar o Tratamento Diretamente Observado, ou seja, um profissional treinado observa o paciente ingerir os medicamentos, de segunda a sexta-feira. O tratamento dura seis meses quando os bacilos são sensíveis às drogas.
Regime | Fármacos | Faixa de peso | Unidades/dose | Meses |
---|---|---|---|---|
2RHZE |
RHZE |
20 a 35 kg | 2 comprimidos | 2 |
36 a 50 kg | 3 comprimidos | |||
>50 kg | 4 comprimidos | |||
4RH Fase de manutenção |
RH 150/75 mg comprimido em dose fixa combinada |
20 a 35 kg | 2 comprimidos | 4 |
36 a 50 kg | 3 comprimidos | |||
>50 kg | 4 comprimidos |
R (Rifampicina) – H (Isoniazida) – Z (Pirazinamida) – E (Etambutol)
Fonte: CVE/SES-SP