CAPA
EDITORIAL (pág.2)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág.3)
Geraldo Ferreira Filho
ELEIÇÕES 2012 (pág.4)
Candidatura médica
CARREIRA DE ESTADO (pág.5)
Projeto de Lei 39/2012
CREMESP (pág.6)
Anuidades 2013
EXAME DO CREMESP 1 (pág.7)
Estatísticas da avaliação aplicada em 11/11
EXAME DO CREMESP 2 (págs.8 e 9)
Depoimentos dos participantes
MEDICINA ESPORTIVA (pág.10)
Doping no esporte
DIA DO MÉDICO(pág.11)
Homenagens
COLUNA DO CFM (pág.12)
Artigos dos representantes do Estado de São Paulo no Conselho Federal de Medicina
AGENDA DA PRESIDÊNCIA (pág.13)
Participação do Cremesp em eventos relevantes para a classe
SAÚDE DA MULHER (pág.15)
Programas de Atendimento
RETROCESSO (pág.16)
Anvisa libera venda de MIPs
GALERIA DE FOTOS
COLUNA DO CFM (pág.12)
Artigos dos representantes do Estado de São Paulo no Conselho Federal de Medicina
Yes, nós temos saúde
Desiré Carlos Callegari*
desire@portalmedico.org.br
“É hora de derrubar o véu e discutir abertamente as questões relacionadas ao financiamento do SUS”
A reeleição do democrata Barack Obama para a presidência dos Estados Unidos colocou em xeque o que todo mundo sabe: o tema saúde ocupa espaço central em qualquer debate. Nas salas de jantar, nas reuniões de trabalho ou mesmo nos confrontos políticos (grandes ou pequenos), as preocupações inerentes à qualidade e à facilidade (ou dificuldade) de acesso à assistência chamam a atenção de todos – da dona de casa ao CEO de uma multinacional.
Também pudera: saúde é sinônimo de vida e de bem-estar, no entanto, especialmente nos últimos tempos, assumiu outro significado. Virou produto, com direito a largas margens de lucro, ações em bolsas de valores e megaoperações internacionais. Mas mudanças de percepção não se limitam à esfera privada. No setor público, não é diferente.
Neste campo, saúde pode representar votos decisivos, como os que reconduziram Obama a um segundo mandato. Comprometido com a promessa de profundas reformas no combalido modelo de assistência em saúde estadunidense, o presidente reeleito comprou brigas homéricas com os que não querem mexer num cenário que mantém milhões de cidadãos órfãos de cuidados e de atenção. A expectativa é de que seus passos levem os EUA mais próximos da universalidade de acesso, característica de modelos de países como a Inglaterra, o Canadá e o Brasil.
Pena que, a passo miúdo no território nacional, caminhamos em sentido oposto. Com a participação limitada da União no custeio da conta da saúde e com o crescimento do mercado dominado pelas operadoras de planos e seguros, será que assistimos a uma estratégia que objetiva desonerar o Estado de suas responsabilidades constitucionais? Ora, não é por acaso que o Brasil chama atenção de gigantes do setor, interessados em fechar operações bilionárias com empresas tupiniquins.
Desse movimento no Brasil, que pode resultar no aumento da desigualdade, pouco se fala. Contudo, no Conselho Federal de Medicina (CFM), entendemos que é hora de derrubar o véu e discutir abertamente as questões relacionadas ao financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS), à definição de políticas de recursos humanos para o setor e à própria capacidade do Estado de cumprir em sua plenitude os princípios e diretrizes previstos na Constituição e que norteiam o modelo de saúde no país.
Em seus 24 anos, o SUS acumulou enormes conquistas e se consolidou como uma grande referência mundial em termos de políticas sociais. Contudo, a sobrevivência desse modelo depende de uma reflexão e de um agir constante nos quais todos os setores e segmentos da sociedade devem participar. Os médicos brasileiros querem dar sua contribuição. Esperamos que o Governo confirme sua vocação democrática e queira nos ouvir, assim como a todos aqueles que clamam por atenção. Ou será que seremos obrigados a assistir passivos à americanização da saúde brasileira?
Por um debate responsável
Renato Françoso Filho*
rfrancosof@gmail.com
“Os alunos contribuirão, com o seu desempenho (no Exame do Cremesp), para que conheçamos as limitações do ensino médico”
Quando o leitor receber este jornal, já terá ocorrido o Exame do Cremesp de 2012, pela primeira vez obrigatório para os formandos inscreverem-se neste Conselho. Discutimos à exaustão, inclusive nestas páginas, as mais que convincentes razões para que a plenária do Cremesp propusesse a medida. Chegamos a esta posição firme, corajosa, comprometida, responsável e de acordo com as nossas atribuições constitucionais, em defesa da boa prática e da formação dos novos médicos.
É salutar lembrarmos que em pesquisa realizada pelo Datafolha, em 2006, obtivemos números que nos levaram a refletir em profundidade sobre a preocupação de todos os segmentos em relação à formação profissional. A maioria dos médicos em atividade (83%), dos formadores de opinião (93%) e da população (92%) apoiava a realização do Exame do Cremesp e defendia que ele deveria tornar-se obrigatório.
Nova pesquisa do Datafolha, de abril de 2011, com 644 médicos ativos registrados no Cremesp, apontou que 86% concordavam que o Exame do Cremesp deveria ser aplicado a todos os alunos do 6º ano de Medicina. Uma parcela um pouco menor (63%) achava que deveria ser obrigatório.
A decisão do Conselho foi discutida amplamente com as entidades médicas, segmentos da população, faculdades e estudantes, sempre deixando claro que não descobrimos a panaceia para todos os desvios e descaminhos da formação e avaliação do ensino da Medicina brasileira. Apenas apresentamos uma ferramenta para avaliarmos as escolas por meio do seu produto final. Ninguém apregoou que esta é a melhor e mais abalizada e nem a definitiva. É a que podemos hoje realizar, com objetivos definidos, sabedores dos limites do método.
Apesar da clareza das exposições de motivos, vimos surgir, mesmo no contexto das representações médicas, algumas (felizmente, poucas) vozes dissonantes, surdas a tudo o que se expressou sobre a prova. Um pequeno grupo de estudantes, com posições ideológicas ultrapassadas, teimou em tentar convencer os colegas a boicotar a prova, com insinuações de que “por trás deste Exame, escondem-se monstruosidades persecutórias, que impedirão que pobres e desprotegidos alunos possam exercer a Medicina ao final de seis árduos anos de estudos”. Ora, tudo o que os estudantes não precisam é de posições paternalistas. A esmagadora maioria dos estudantes é competente, quer ser bom médico e para isso estuda muito e será bemavaliada na prova. Os alunos contribuirão, com o seu desempenho, para que conheçamos as limitações de suas escolas e para que esta possa propor soluções e assumir seus defeitos no ensino. É uma atitude responsável de participação ativa no processo de melhoria do ensino médico nacional. Não compartilha com a alienação e nem com a omissão de quem não tem nem proposta. Mas democracia é assim, a arte de divergir, respeitando-se opiniões, porém com ideias, agregando-se valores e argumentos. O que não se pode é deturpar os fatos e desqualificar o debate.
(*)Desiré Carlos Callegari (titular) e Renato Françoso Filho (suplente) são representantes do Estado de São Paulo no Conselho Federal de Medicina.