CAPA
EDITORIAL
Mercado de Trabalho Médico e Valorização Profissional
ENTREVISTA
Orlando Fantazzini
ARTIGOS
Convidados deste mês: Sami Arap, Jorge Hallak e Oswaldo Cruz Franco
SAÚDE SUPLEMENTAR
Destaque para Teste do Idec e Resolução ANS sobre cartões de desconto
GERAL 1
Confira publicações que orientam a lidar com mulheres em situação de violência
ATO MÉDICO
Confira Projeto de Lei do Ato Médico
ESPECIAL
Em pauta, neste primeiro semestre, a valorização profissional do médico
ATUALIZAÇÃO
João Augusto Bertuol Figueiró: dimensão e tratamento da dor
GERAL 2
Destaque para parceria do Cremesp e FMUSP em educação continuada por teleconferência
GERAL 3
As novidades do mês no site do Cremesp e no site do Centro de Bioética
AGENDA
Resumo dos fatos mais importantes para a classe que ocorreram em março
NOTAS
Entre outros assuntos de interesse, confira as Convocações e os Editais do mês.
PARECER
Gêmeos xifópagos: atestado de óbito
HOMENAGEM
Yvonne Capuano escreve sobre as primeiras médicas brasileiras
GALERIA DE FOTOS
ATUALIZAÇÃO
João Augusto Bertuol Figueiró: dimensão e tratamento da dor
A dimensão da dor e como tratá-la
João Augusto Bertuol Figueiró*
A dor é um dos maiores flagelos que acometem a humanidade. Numerosos esforços são empreendidos à procura de mecanismos que justifiquem sua existência e de métodos destinados ao seu controle. A dor é uma das principais causas de sofrimento, incapacidades e inabilidades e de imensuráveis repercussões psicossociais e econômicas. Estudos epidemiológicos revelam que está havendo um aumento marcante da ocorrência de dor na população de numerosas regiões em todos os continentes. Dor é a principal razão pela qual 75 a 80% dos indivíduos procuram o sistema de saúde; estima-se que 30 a 40% da população brasileira apresente dor crônica. Esta é uma das principais causas de comprometimento funcional, temporário ou permanente, dos indivíduos que dela padecem e uma das principais causas de absenteísmo, licenças médicas, aposentadorias por invalidez, indenizações e baixa produtividade. Os gastos públicos com estes problemas são enormes em quase todos os países.
No Brasil, como em outros países – mesmo os considerados “desenvolvidos” – , o conhecimento sobre dor e analgesia entre os profissionais de saúde ainda é escasso, tornando a avaliação e seu controle insatisfatórios. Um dos aspectos determinantes dessa má assistência é a insatisfatória carga de informações transmitida aos alunos nos cursos curriculares técnicos e de nível superior nas áreas da saúde, pois a maioria das condições dolorosas pode atualmente ser controlada satisfatoriamente com atitudes simples, acessíveis e, geralmente, de baixo custo.
Outros fatores são o temor do desenvolvimento de dependência e de tolerância com o uso de alguns analgésicos, o desconhecimento por muitos profissionais de saúde dos recursos terapêuticos existentes e sua adequada utilização, o pouco interesse por parte da maioria dos governos, a falta de políticas públicas estaduais e municipais para o seu devido controle, o desinteresse dos gestores de saúde e diretores de hospitais quanto à implantação de serviços de assistência à dor em suas unidades, a falta de medicamentos analgésicos essenciais bem como de outros recursos terapêuticos em muitas regiões do país, fatores legislativos da regulamentação e de distribuição que dificultam o acesso dos pacientes aos medicamentos e procedimentos, a falta de centros de tratamento da dor em nível adequado à demanda e geograficamente bem distribuídos, a presença de mitos e falsas crenças por parte da população, pacientes e familiares que dificultam a adesão aos tratamentos, problemas relacionados à comunicação entre os profissionais de saúde, os pacientes e familiares e, por último, problemas financeiros de várias naturezas.
Apesar do grave problema social que representa, a dor tem sido, de modo geral, negligenciada por parcela significativa dos médicos, pelo sistema de saúde, pela sociedade brasileira como um todo e, mesmo, pelos pacientes e familiares.
O impacto econômico da dor é imenso em decorrência do prejuízo funcional ao desempenho de todos os tipos de profissões, podendo levar à invalidez e acarretando gastos significativos às empresas em função da queda de produtividade e de absenteísmo. Infelizmente, essa situação também não é reconhecida e enfrentada pelo setor de recursos humanos e pelo empresariado com a devida adequação. Não existem dados precisos sobre o custo da dor no Brasil, mas investir em prevenção pode ser muito compensador.
Em maio de 1997, sensível a essa situação, a Associação Médica Brasileira (AMB) criou o Programa Nacional de Educação Continuada em Dor e Cuidados Paliativos para Profissionais de Saúde da AMB. Em janeiro de 2002, foi criado através de portaria ministerial, o Programa Nacional de Assistência à Dor e Cuidados Paliativos do Ministério da Saúde. Com isso, o Brasil passou a ser o primeiro país do mundo a ter a sua associação médica nacional e o seu ministério da Saúde envolvidos com a educação e a assistência respectivamente. Paralelamente foi lançada, em outubro de 2001, a ONG Aliviador, entidade jurídica responsável pelo gerenciamento do programa educacional.
A abrangência das ações da Aliviador vai da proposta de reforma curricular nas faculdades da área da saúde ao fomento à criação de centros hospitalares e ambulatoriais de excelência em várias regiões brasileiras e à publicação de cartilhas com recomendações básicas para pacientes e produção e distribuição de materiais educativos para os profissionais de saúde.
O Programa Nacional de Educação Continuada em Dor e Cuidados Paliativos da Associação Médica Brasileira e a Aliviador encontram-se em condições de auxiliar, prestar consultoria, assessorar, prover educação, fornecer informações aos hospitais públicos e privados, às Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, interessados em desenvolver, iniciar ou aperfeiçoar unidades ambulatoriais e hospitalares de dor e cuidados paliativos em todas as regiões do território nacional. Para que tal parceria possa ocorrer basta entrar em contato com a diretoria do Programa através do e-mail:
jfigueiro@uol.com.br
*João Augusto Bertuol Figueiró é Coordenador do Programa Nacional de Educação Continuada em Dor e Cuidados Paliativos.