CAPA
EDITORIAL (p. 2)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (p. 3)
Florisval Meinão
FÓRUM SPDM (p. 4)
Perspectivas para a próxima década
CADASTRO MÉDICO (p. 5)
Vínculos empregatícios no CNES
QUEIMADOS (p. 6)
Protocolo de Tratamento de Emergência das Queimaduras
MOVIMENTO MÉDICO (p. 7)
Tentativas de negociação por melhores honorários prosseguem
FINANCIAMENTO DA SAÚDE (p. 8)
Ato público pela liberação de verbas para a Saúde
SUS (p. 9)
Suspensa transferência de leitos públicos para a saúde suplementar
PRONTOS-SOCORROS (p.10)
Plenária temática
TERMINALIDADE DA VIDA (p. 11)
Fórum coordenado pela Casa discutiu ortotanásia
COLUNA DO CFM (p. 12)
*Representantes de SP no Conselho Federal de Medicina
ANUIDADE 2012 (p. 13)
CFM define valores para o próximo ano
LEGISLAÇÃO (p. 14)
Resolução nº 1974/2011
CIRROSE HEPÁTICA (p. 15)
Transplante de fígado
BIOÉTICA (p. 16)
Os dependentes em situação de rua
GALERIA DE FOTOS
FÓRUM SPDM (p. 4)
Perspectivas para a próxima década
Como será o sistema de saúde em 2021?
Evento avalia perspectivas para o acesso ao atendimento integral e de qualidade da saúde na próxima década
Nacime Mansur (SPDM e Cremesp), Adib Jatene (HCor) e Rubens Belfort (SPDM-Unifesp): elaboração de propostas que viabilizem futuro melhor para a saúde
Discutir e apresentar propostas de melhorias no atendimento à população, dentro do sistema básico e suplementar da saúde na próxima década. Esse foi o principal desafio do Fórum Internacional SPDM - Saúde em 2021, realizado pela Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina (SPDM), nos dias 2 e 3 de agosto, em São Paulo.
Pesquisadores e palestrantes de diversos países apresentaram os resultados de suas pesquisas e trabalhos no campo científico, tecnológico e da educação médica. Obtiveram destaque temas voltados para os desafios da assistência à saúde – incluindo o perfil e as necessidades dos médicos – no SUS e na saúde suplementar, envolvendo o financiamento e modelos de gestão. Também foram debatidos tópicos relativos ao meio ambiente, epidemiologia, ética, sistemas de informação e comunicação, pesquisa e mercado.
“O simpósio conseguiu reunir opiniões de diversos palestrantes e congressistas que enriqueceram o debate, visando à elaboração de propostas e ferramentas que viabilizem um futuro melhor para a saúde dos brasileiros”, avaliou Nacime Salomão Mansur, segundo-tesoureiro do Cremesp, superintendente dos hospitais afiliados da SPDM e integrante da Comissão Executiva do Fórum. “Esperamos que essas propostas beneficiem os profissionais que atuam no setor e garantam para a população um atendimento de qualidade.”
Reforma do modelo americano
Um dos destaques internacionais foi a presença de Ezekiel Emanuel, médico bioeticista e diretor de Bioética dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos. Ele explicou que o novo sistema americano terá cobertura oficial e integral, utilizará prontuários eletrônicos e dará acesso a um número maior de informações para guiar a tomada de decisões no setor. “Tenho certeza de que até 2020 nosso sistema estará muito melhor”, garantiu.
De acordo com ele, o sistema permitirá também reduzir exames e tratamentos desnecessários e, ao mesmo tempo, fortalecer o envolvimento dos profissionais de saúde com os pacientes. Para ele, “a possibilidade de aquisição de um seguro de saúde eficiente e eficaz é a principal lição que podemos extrair para o Brasil”.
O bioeticista também ministrou aula sobre O Futuro e a Bioética, abordando dilemas atuais sobre ética médica e enfatizando que “a bioética não exige que tudo o que está disponível em termos tecnológicos seja utilizado ou indicado para todas as pessoas, porém deve garantir que todos tenham acesso aos serviços essenciais de saúde. Essa questão será cada vez mais discutida até 2021", alertou.
O módulo contou com a participação de autoridades como Henrique Meirelles, presidente do Conselho Público Olímpico; Celso Lafer, presidente do Conselho Superior da Fapesp e ex-ministro das Relações Exteriores; e José Gomes Temporão, ex-ministro da Saúde.
Mudar o foco e priorizar a comunidade
“Necessitamos de uma transformação na área das pesquisas, com redesenho importante dos cuidados com o paciente, considerando não apenas a saúde individual, mas também da comunidade como um todo”, propôs Victor Dzau, presidente e CEO da Duke University Medical Center (Carolina do Norte – EUA). Em sua palestra, ele enfatizou a relação entre escolas médicas e os sistemas de saúde. “É preciso acelerar as pesquisas básicas, estabelecendo foco e priorizando objetivos e resultados”, comentou.
Um dos principais consensos do Fórum foi que o Brasil ocupa lugar de destaque no cenário socioeconômico mundial e que está evoluindo rapidamente para melhorar seu sistema de saúde, embora ainda tenha um longo caminho a percorrer. “Estamos encontrando soluções mais aprimoradas de gestão para as instituições de saúde e já rompemos algumas amarras associadas à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico”, garante Nacime Mansur. Essa visão ficou evidenciada na palestra de Richard Horton, editor-chefe da revista científica The Lancet.
Segundo ele, o mundo está impressionado com o crescimento econômico brasileiro e, por essa razão, o país tem sido alvo de uma série de reportagens do periódico. “Apesar dos avanços, o Brasil ainda apresenta grandes desigualdades. É preciso identificar quais determinantes permitirão equacionar o desafio médico e científico face a elas, principalmente sob o ponto de vista político, apontando as estruturas que as amplificam e como combatê-las”, avaliou.
Dirceu Aparecido Barbano, diretor presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), comentou que a agência tem consciência de que é necessário ampliar o acesso às novas tecnologias, mas de forma segura. “Precisamos entender que a regulação sanitária não restringe o espírito empreendedor do cientista, mas é necessário desenvolver produtos que não ofereçam riscos nas etapas de desenvolvimento e comercialização,” alertou.
Desafio maior é gestão integrada
Januário Montone, secretário municipal de Saúde de São Paulo, destacou que o gestor municipal é a maior vítima do setor de saúde. “Criamos um SUS que é único, mas na verdade não é. Os sistemas não se falam, não conseguimos planejar uma rede real. Nosso modelo de governança, e o próprio papel do gestor, é indefinido”, criticou. Para ele, aperfeiçoar a gestão é um dos grandes desafios para o futuro da saúde pública.
”Temos 5 milhões de paulistanos visitados por agentes de saúde. O SUS é um sistema de prevenção e isso choca as pessoas. Esperamos que, em dez anos, os sistemas público e privado se aproximem e se transformem em um sistema de saúde de fato, e não de doença”, afirmou.