CAPA
EDITORIAL (pág. 2)
"A população e os médicos não suportam mais as deficiências do SUS"
ENTREVISTA (pág. 3)
Antonio Gonçalves Pinheiro, coordenador da CT de Cirurgia Plástica do CFM
ATIVIDADES 1 (pág. 4)
Araçatuba, Franca e Jaboticabal: novos módulos de atualização profissional da Casa
ATIVIDADES 2 (pág. 5)
A retomada da Educação Médica Continuada: novo formato e novos coordenadores
ATIVIDADES 3 (pág. 6)
Levantamento DataFolha: interferências dos planos de saúde prejudicam médicos e pacientes
EXAME DO CREMESP (pág. 7)
Aprovados na prova teórica serão convocados para a prática, agendada para 10 de outubro
DOAÇÃO DE ÓRGÃOS (pág. 8)
"Não faltam doadores, mas doação”, afirma presidente da ADOTE
ÉTICA MÉDICA (pág. 10)
Saúde suplementar: empresários ignoram bem-estar de pacientes e o exercício, ético, da Medicina
GERAL 1 (pág. 11)
Movimento obteve 22% de reajuste e negociação das demais reivindicações
CFM (pág. 12)
Representantes do Estado no CFM se dirigem aos médicos e à sociedade
ESPECIALIDADES (pág. 13)
Urologistas enfrentam desafios relacionados às oportunidades e condições de trabalho
ALERTA ÉTICO (pág. 14)
Análises do Cremesp ajudam a prevenir falhas éticas causadas pela desinformação
GERAL 2 (pág. 15)
HC prestou homenagem ao ex-superintendente em 24 de setembro
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL (pág. 2)
"A população e os médicos não suportam mais as deficiências do SUS"
Mais saúde, mais respeito
Em ano de eleições que consolidam a nossa democracia, a manifestação dos médicos em Brasília, no dia 26 de outubro, propõe uma reformulação do sistema de saúde brasileiro, que passa prioritariamente pela valorização do médico, pelo fortalecimento do SUS e por uma corajosa regulação que promova novas práticas na saúde suplementar
No mês em que é comemorado o Dia do Médico, o Cremesp se une às entidades estaduais e nacionais, em ato público em Brasília, no dia 26 de outubro. Chamaremos a atenção dos parlamentares e governantes, eleitos e reeleitos, e das duas candidaturas à Presidência da República, sobre as providências que precisam ser urgentemente tomadas para a recuperação e a sobrevivência do sistema de saúde brasileiro.
As mais recentes pesquisas de opinião dos institutos Datafolha e Ibope, sobre os maiores problemas nacionais, revelam que a saúde ultrapassou os temas segurança, desemprego e educação, liderando hoje o ranking das preocupações dos cidadãos.
A população e os médicos expressam, simultaneamente, que não suportam mais as deficiências do SUS e as práticas abusivas dos planos de saúde privados. A dificuldade de acesso a médicos e serviços, a baixa resolutividade, as longas esperas e o tratamento indigno, antes exclusividades do sistema público, agora integram a rotina também daqueles milhões de brasileiros que dependem da saúde suplementar.
A falta de assistência é a outra face da mesma realidade vivida pelo médico que, em seu exercício profissional, no setor público ou privado, está sufocado por relações de trabalho cada vez mais precárias.
O Cremesp e as entidades médicas querem demonstrar para os políticos e para a sociedade que, em nenhuma circunstância, podemos admitir e aceitar tal desrespeito e menosprezo dirigidos aos médicos, pois isso compromete a medicina e a saúde.
A evolução das técnicas da medicina e das estruturas de saúde, que deveria representar mais eficiência e qualidade na assistência médica à população, é barrada pela desvalorização do médico, uma regressão perpetrada por empresários e por gestores públicos, com o consentimento do Estado que devia prover ou, no mínimo, regular a saúde no Brasil.
Quando as entidades médicas igualam em peso a denúncia da precariedade das condições de trabalho e de exercício assalariado no SUS com a denúncia da aviltante contra¬partida de pagamento das consultas e procedimentos pelos planos de saúde, queremos dizer que a ética médica é uma só, que o compromisso e o interesse pelos pacientes são um só, qualquer que seja o modelo de vínculo ou de remuneração dos médicos.
Mesmo cientes da deterioração da relação entre os planos de saúde e os médicos – pauta permanente do Cremesp e das entidades médicas –, ficamos estarrecidos com o levantamento recente da Associação Paulista de Medicina (APM), ao revelar que mais de 90% dos colegas sofreram interferência dos planos de saúde na prática profissional, restrições de toda ordem, da negação de procedimentos e medidas terapêuticas até a prática de honorários vis.
Quanto ao SUS, só nos resta retomar a indignação diante da omissão da Câmara dos Deputados que ainda não regulamentou a Emenda Constitucional 29, deixando de garantir o mínimo necessário de financiamento para que o sistema público possa cumprir com suas obrigações e atender às necessidades de saúde da população.
Ao promover uma “caravana” a Brasília, lideranças médicas de todo o país irão demonstrar que estamos mobilizados e temos uma agenda propositiva para a saúde no Brasil, conforme já havíamos divulgado após o último Encontro Nacional das Entidades Médicas - ENEM.
Sem a EC 29 – vamos demonstrar –, o atual aporte de recursos públicos é incompatível com um sistema universal, o que faz crescer os gastos privados em saúde, acirrando as desigualdades de acesso e utilização dos serviços. Sem a efetiva e responsável ação da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que hoje ignora a regulamentação da relação entre os médicos e as operadoras, continuaremos assistindo – profissionais e usuários – à decadência da assistência médica provida pelos planos de saúde.
Em ano de eleições que consolidam a nossa democracia, a manifestação dos médicos em Brasília no dia 26 de outubro propõe uma reformulação no sistema de saúde brasileiro, que passa prioritariamente pela valorização do médico, pelo fortalecimento do SUS e por uma corajosa regulação que promova novas práticas na saúde suplementar.
Luiz Alberto Bacheschi
Presidente do Cremesp