CAPA
EDITORIAL (JC pág. 2)
Para Bacheschi, no haverá sistema de saúde sem recursos suficientes e sem que os médicos sejam tratados com dignidade
ENTREVISTA (JC pág. 3)
Haino Burmester fala sobre a 2ª edição do Manual de Gestão Hospitalar, do qual foi organizador
ATIVIDADES 1 (JC pág. 4)
Encontro buscou maior alinhamento dos objetivos internos da instituição
ATIVIDADES 2 (JC pág. 5)
Exame Cremesp 2010: inscrições podem ser feitas presencialmente ou pela internet
ATIVIDADES 3 (JC pág. 5)
Alimentos transgênicos: segurança e consumo na visão de um especialista no assunto
ATIVIDADES 4 (JC pág. 7)
Encontros sobre Bioética Hospitalar reúnem público recorde na capital e no interior
XII ENEM (JC págs. 8 e 9)
Representantes médicos de todo o país unidos pela qualidade na saúde
ARTIGO (JC pág. 10)
A missão, função e compromissos dos médicos conselheiros
GERAL 1 (JC pág. 11)
A substituição do papel no preenchimento do prontuário médico
CFM (JC pág. 12)
Representantes do Estado no CFM se dirigem aos médicos e à sociedade
GERAL 2 (JC pág. 13)
Acompanhe a participação do Cremesp em eventos importantes para a classe
ALERTA ÉTICO (JC pág. 14)
Análises do Cremesp ajudam a prevenir falhas éticas causadas pela desinformação
GALERIA DE FOTOS
ATIVIDADES 3 (JC pág. 5)
Alimentos transgênicos: segurança e consumo na visão de um especialista no assunto
Pesquisador alerta para consumo de alimentos modificados
Michael Antoniou (na mesa à esq.), durante palestra na sede do Cremesp
A necessidade de uma abordagem específica para os médicos sobre a segurança na composição e comercialização dos transgênicos, já que os impactos na saúde da população, a longo prazo, ainda são incertos motivou o Cremesp a realizar palestra com Michael Antoniou, pesquisador do King’s College London School of Medicine, Guy’s Hospital (Medical and Molecular Genetics Department), sob o tema Grãos transgênicos geneticamente modificados (TGM) são seguros? Precisamos deles? O evento foi realizado no dia 25 de junho, por iniciativa da conselheira Ieda Therezinha Verreschi, e dirigido a coordenadores das Câmaras Técnicas da Casa e convidados.
Para Antoniou, os efeitos potenciais para a saúde, associados ao consumo de alimentos geneticamente modificados (GM), preocupam. O cientista ilustrou sua palestra com dados de estudos recentes, realizados em roedores. Alimentados com grãos geneticamente modificados, eles apresentaram, entre outras características, reações alérgicas e hiperplasia epitelial intestinal semelhante a lesões pré-cancerosas. O pesquisador também citou os efeitos potencialmente tóxicos de herbicidas e pesticidas utilizados em plantações, o que favorece o desequilíbrio e alteração nos valores nutritivos dos grãos, e desencadeiam o aparecimento de novas toxinas.
Segundo o palestrante, faltam estudos controlados – experimentais e clínicos – abordando a questão, principalmente em decorrência de dificuldades geradas pela falta de padrões apropriados e controles experimentais rígidos para as pesquisas, havendo até viés na interpretação de certos resultados, como as possíveis diferenças de ação de acordo com o sexo.
“Havia promessas de grandes benefícios com os transgênicos, como solucionar a fome do mundo, alimentar os famintos por aumento dos cultivos, beneficiar o meio ambiente por reduzir o uso de herbicidas e pesticidas, auxiliar os fazendeiros e produzir alimentos mais nutritivos, além de divulgar a absoluta bioequivalência dos produtos GM e não GM, embora sem comprovação científica”, completou o cientista.
O encontro contou ainda com comentários feitos pela pesquisadora e professora de Biofísica da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e diretora da Associação Brasileira de Mulheres Médicas (ABMM-SP), Alice Teixeira Ferreira, propondo modelos de estudos de citotoxicidade e dando testemunho de dificuldades em obter padrões confiáveis para os ensaios. Referiu também a perversidade na colocação do tema para discussão nacional juntamente com a regulamentação do uso das células-tronco embrionárias humanas em pesquisa.
Ao final do encontro, Antoniou convidou a todos para uma reflexão sobre o chamado princípio da precaução: “Quando uma atividade gera ameaça à saúde humana ou ao ambiente, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo que algumas relações de causa e efeito não sejam plenamente comprovadas cientificamente”.
Profissionais de saúde debatem prevenção e intolerância
Mauro Aranha abre o encontro ao lado de Maria Aparecida e Andrea
Os traumas gerados pelo racismo e suas influências no desenvolvimento da saúde mental foram analisados durante o encontro Discriminação e Psiquiatria, realizado na sub-sede Vila Mariana do Cremesp, na noite do dia 30 de junho. “O preconceito racial fere a dignidade humana em sua essência porque a pessoa discriminada não é reconhecida em sua singularidade, com suas referências, origens e cultura que não se assemelham às do discriminador”, afirmou Mauro Aranha, diretor 1º secretário do Cremesp e presidente do Conselho Estadual sobre Drogas (Coned), da Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo, na abertura do debate. O evento, promovido pela Secretaria Municipal de Participação e Parceria (SMPP), por meio da Coordenadoria dos Assuntos da População Negra (Cone) e do Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção ao Combate ao Racismo, contou com o apoio do Cremesp.
Ao receber os profissionais de saúde convidados a debater o tema, Maria Aparecida de Laia, coordenadora geral do Cone, ressaltou a importância do debate multidisciplinar. Andrea Porto, conselheira do Conselho Regional de Enfermagem do Estado de São Paulo (Coren-SP), destacou as campanhas realizadas pela entidade sobre cidadania e segurança do paciente, nas quais são abordadas a assistência humanizada, cidadã e segura, técnica e cientificamente; e a importância do profissional de enfermagem no trabalho multidisciplinar aos pacientes com transtornos mentais decorrentes inclusive de discriminação racial.
Número de presentes confirmou grande interesse no tema do evento
Foco no discriminador
Diferente da ideia de que o discriminador atua por uma questão de poder econômico, o psiquiatra Telmo Kiguel, coordenador do departamento de psicoterapia e do Projeto Discriminação, da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), afirmou que a motivação desse indivíduo é emocional, basicamente. “Embora muitos discriminadores sejam pessoas cultas, suas ações são fruto de imaturidade localizada”, afirmou.
Para Marisa Correia da Silva, psiquiatra e psicanalista do Instituto AMMA Psique e Negritude, o trauma vivenciado pelas vítimas de racismo traz sofrimento e angústia, além de sentimento de desamparo e impotência. “A discriminação racial atinge diretamente a construção das funções egoicas, trazendo danos ao desenvolvimento saudável da autoestima e autoconfiança”, avaliou.
Após o debate, foi lançado o livro Construindo a Igualdade Racial: 1º Prêmio para artigo de graduação e pós-graduação sobre a questão Racial, uma coletânea de artigos sobre o tema.