CAPA
EDITORIAL (JC pág. 2)
Temas polêmicos, abordados no Pré-Enem, serão pautas do encontro nacional em julho
ENTREVISTA (JC pág. 3)
Paulo Antônio de Carvalho Fortes, presidente da Sociedade Brasileira de Bioética
ATIVIDADES 1 (JC pág. 4)
Cremesp realiza módulo de atualização profissional no interior do Estado
PRÉ-ENEM (JC pág. 5)
Propostas aprovadas devem agora ser discutidas no evento nacional
GERAL 1 (JC pág. 6)
MEC notifica cursos de Medicina com avaliação insatisfatória no Enade
GERAL 2 (JC pág. 7)
Na Câmara dos Deputados, os honorários dos profissionais da saúde suplementar
ESPECIAL (JC págs, 8 e 9)
Atualizações do novo texto, aprovadas em agosto de 2009, estão vigentes desde abril
ATIVIDADES 2 (JC pág. 10)
Atualização profissional realizada pelo Cremesp contou com número de inscritos recorde
ATIVIDADES 3 (JC pág. 11)
Delegacia do Cremesp da Vila Mariana sedia evento sobre saúde mental
ÉTICA & BIOÉTICA (JC pág. 12)
Pacientes terminais necessitam de ações multiprofissionais com elevado conteúdo científico e humano
CFM (JC pág. 13)
Representantes do Estado no Conselho Federal se dirigem aos médicos e à sociedade
ALERTA ÉTICO (JC pág. 14)
Análises do Cremesp ajudam a prevenir falhas éticas causadas pela desinformação
GERAL 3 (JC pág. 15)
Eventos simultâneos debatem as atualizações do novo CEM
ESPECIALIDADE (JC pág, 16)
Mais de 20 mil médicos associados e mais de 14 áreas de atuação na especialidade. Em foco, a...
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL (JC pág. 2)
Temas polêmicos, abordados no Pré-Enem, serão pautas do encontro nacional em julho
Em debate, o futuro da Medicina no Brasil
Os encontros estaduais e regionais que precederam o Enem – ao abordarem temas de formação médica, mercado de trabalho, políticas de saúde e relação com a sociedade – já deram uma prévia da extensão da pauta e da complexidade dos problemas e desafios vivenciados pelos mais de 350 mil médicos brasileiros.
Em julho de 2010, as entidades representativas dos médicos brasileiros, em seus diversos campos de atuação, do meio sindical, associativo e de fiscalização do exercício profissional, estarão reunidas em Brasília para discutir o futuro da Medicina no Brasil.
Os encontros estaduais e regionais que precederam o Enem – ao abordarem temas de formação médica, mercado de trabalho, políticas de saúde e relação com a sociedade – já deram uma prévia da extensão da pauta e da complexidade dos problemas e desafios vivenciados pelos mais de 350 mil médicos brasileiros.
No campo do ensino médico, às pautas tradicionais de oposição à abertura ilimitada de escolas médicas – tendo em vista a necessidade de avaliar e estancar o processo de deterioração da graduação de Medicina –, a novidade promissora, que merece o apoio das entidades, são as sanções cada vez mais rigorosas do MEC para os cursos mal avaliados, incluindo a diminuição de vagas e o fechamento de escolas.
Ante à defasagem atual, lutar pela garantia de uma vaga de Residência Médica para cada egresso dos cursos de Medicina é outro pleito que passou a ser assumido pelas entidades, juntamente com o fortalecimento da especialização concatenada com as reais necessidades assistenciais do sistema de saúde, e não alinhada com os interesses do mercado.
Outro ponto de tensão permanente, a revalidação obrigatória de diplomas estrangeiros, passa hoje pela aplicação do exame nacional unificado, novo procedimento que merece o apoio das entidades médicas, desde que seja afastada qualquer possibilidade de favorecimento ou adoção de mecanismo diferenciado.
Um passo adiante da formação, a adoção do PCCV (Plano de Cargos, Carreiras e Vencimentos) pelos sistemas público e privado, a criação da Carreira de Estado por meio da aprovação de emenda constitucional e o salário mínimo profissional do médico soam ainda como conquistas distantes, mas que tendem a avançar à medida que agora integram a agenda prioritária do movimento médico.
Associações médicas, conselhos de medicina e sindicatos levarão mais uma vez ao Enem a bandeira da adoção irrestrita da CBHPM (Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos), cientes dos entraves a serem superados, seja na saúde suplementar, que se nega a adotar reajustes anuais dos honorários baseados em algum índice oficial, como o IGPM; seja no SUS, que perpetua em sua tabela distorções de nomenclaturas e valores em relação à CBHPM; seja no entendimento de autoridades que, sob o argumento de preservar a concorrência, vêem equivocadamente na classificação referencial a prática de mero cartel.
Combater a precarização do trabalho médico em suas diversas modalidades, com referência destacada às terceirizações, falsas cooperativas e obrigatoriedade de pessoa jurídica, é uma demanda urgente dos tempos atuais. Neste sentido, o trabalho dos Conselhos de Medicina, em parceria com Ministério Público e Ministério Público do Trabalho, pode contribuir com a mudança de condutas hoje tão nocivas aos médicos.
Já passa de uma década a defesa das entidades médicas, a ser novamente reiterada no Enem, de que o Governo Federal precisa garantir ao Ministério da Saúde o mínimo de 10% da receita corrente bruta ou um percentual crescente do orçamento da Seguridade Social até atingir os 30% previstos na Constituição Federal de 1988.
Não nos cansaremos de repetir que, sem a aprovação da Emenda Constitucional 29, persistindo o subfinanciamento da saúde, os profissionais de saúde e a população que depende do SUS seguirão prejudicados.
E mesmo a fatia de um quarto dos cidadãos brasileiros que tem plano de saúde sofrerá com a desassistência, se mantidas as práticas atuais deste setor que pressiona e desvaloriza os médicos, ao mesmo tempo em que passou a ocupar posições estratégicas na agência reguladora e insiste em boicotar até o ressarcimento ao SUS previsto em Lei.
Divergências sempre existirão entre nós, faz parte do ambiente democrático do movimento médico que construímos. Vejam os exemplos do exame obrigatório de egressos e da gestão de serviços públicos por meio de organizações sociais e fundações estatais, pontos sobre os quais não houve consenso nos debates que precederam o Enem.
Buscar consensos e vencer tantos obstáculos exigirá empenho das entidades médicas e equilíbrio de suas lideranças. Mais que isso, dependerá da compreensão de todos os médicos de que devemos estar unidos por uma visão partilhada, por uma responsabilidade coletiva, o que também envolverá o diálogo franco em busca do apoio da sociedade, para a qual a medicina age e existe.
Luiz Alberto Bacheschi
Presidente do Cremesp