CAPA
EDITORIAL (JC pág. 2)
Cremesp apoia decisão do MEC que impede a abertura de novos cursos no Estado
ENTREVISTA (JC pág. 3)
Luiz Roberto Ramos: a depressão é a principal doença mental deste século
ATIVIDADES 1 (JC pág. 4)
Atualização profissional gratuita nas cidades do interior paulista
ATIVIDADES 2 (JC pág. 5)
Cremesp visita hospitais para esclarecer dúvidas sobre o novo Código
ATIVIDADES 3 (JC pág. 6)
Cerimônia homenageou aqueles que fizeram a diferença na prática médica
GERAL 1 (JC pág. 7)
Portaria proíbe, oficialmente, a abertura de escolas médicas no Estado
MEDICINA LEGAL (JC págs. 8 e 9)
Encontro abordou temas complexos inerentes a acidentes de grandes proporções
ÉTICA & JUSTIÇA (JC pág. 10)
Acompanhe como agir diante de um processo ético-profissional
GERAL 2 (JC pág. 11)
Diretora do Cremesp analisa a atuação das cooperativas médicas no país
VIDA DE MÉDICO (JC pág. 12)
A dedicação, incondicional, deste ortopedista à prática médica, é exemplo de profissionalismo
COLUNA DO CFM (JC pág. 13)
Callegari e Françoso inauguram coluna como novos representantes de São Paulo
ALERTA ÉTICO (JC pág. 14)
Análises do Cremesp ajudam a prevenir falhas éticas causadas pela desinformação
GERAL 3 (JC pág. 15)
Ações sociais do Cremesp levam informações de saúde até a periferia da cidade
ESPECIALIDADE (JC pág, 16)
Na série de matérias especiais, a hora e a vez da...
GALERIA DE FOTOS
ESPECIALIDADE (JC pág, 16)
Na série de matérias especiais, a hora e a vez da...
ANESTESIOLOGIA
Desde seu surgimento, a anestesiologia vem ultrapassando barreiras. A primeira, no desafio de inibir a dor. Posteriormente, na dificuldade para se firmar como especialidade no âmbito da medicina. E hoje, na busca do aperfeiçoamento da relação médico-paciente, missão dos mais de 11 mil anestesiologistas brasileiros
“O advento da anestesia inaugurou uma nova era na medicina, permitindo que as cirurgias e outros procedimentos invasivos passassem a ser realizados sem dor e sem pressa, o que garantiu melhores prognósticos”, explica o coordenador da Câmara Técnica de Anestesiologia do Cremesp e vice-presidente da Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (Saesp), Desiré Carlos Callegari.
A anestesia promove inconsciência, relaxamento muscular e equilíbrio das funções vitais para que o cirurgião possa ter total liberdade para desempenhar seu trabalho. Por isso, ainda existem pacientes que ficam inseguros em relação à anestesia, apesar de hoje ser um procedimento médico de alta segurança.
Entretanto, a relação anestesista-paciente vem sendo trabalhada desde a Resolução do Conselho Federal de Medicina no 1802/2006, que visa a aderência da medicina perioperatória às responsabilidades do anestesista e recomenda a avaliação pré-operatória do paciente em consulta anestesiológica. A intenção é criar uma ligação entre o paciente e o especialista não apenas no momento da cirurgia, agregando valor ao trabalho do profissional, maior qualidade ao atendimento prestado e mais segurança no ato anestésico.
Sociedade Brasileira de Anestesiologia
Os primeiros relatos afirmam que Roberto Haddock Lobo e Domingos Azevedo Marinho realizaram a primeira anestesia por meio do éter no Brasil, em 1847, na Santa Casa de Misericórdia do Rio de Janeiro. Em 1934, Oscar Vasconcellos Ribeiro, em companhia de Ivo Lazzarini Santiago, criou o primeiro serviço na área, o Serviço Médico de Anestesia (SMA).
Durante a Segunda Guerra Mundial, o Serviço de Saúde da Força Expedicionária Brasileira não contava com médicos anestesistas e encaminhou alguns de seus profissionais para estagiar na especialidade no Corpo de Saúde do V Exército das Forças Aliadas. Com o retorno desses médicos, em 1945, cresceu o interesse pela anestesiologia no país.
O aumento do número de profissionais na área levou à fundação da Sociedade Brasileira de Anestesiologia (SBA) no Rio de Janeiro, em 25 de fevereiro de 1948. E em 1950, a Associação Paulista de Medicina (APM) reconheceu a anestesia como uma especialidade, criando o Departamento de Anestesia da APM, que no ano seguinte filiou-se à SBA.
A especialidade no Estado
Em 1969, foi criada a Sociedade de Anestesiologia do Estado de São Paulo (Saesp), sob a presidência de Leão Pouza Machado, com os preceitos – que vigoram até hoje – de defender os interesses profissionais e éticos de seus membros e coordenar a produção científica relacionada à especialidade, entre outros.
“Para acompanhar o crescimento tecnológico e treinamento do médico na especialidade, existem no Brasil cerca de 100 Centros de Ensino e Treinamento (CET), muitos homologados pelo MEC ou pela SBA, ou por ambos, que desenvolvem programas de Residência Médica pelo período de três anos”, informa Callegari. Atualmente são 2.575 associados e 25 Residências credenciadas pela SBA, em São Paulo e no interior do Estado.
História
Anestesia revolucionou a cirurgia
A descoberta da anestesia foi uma das inovações clínicas que mais revolucionaram a cirurgia. Alguns relatos supõem que substâncias eram utilizadas na tentativa de amenizar ou extinguir a dor durante procedimentos cirúrgicos desde a Antiguidade, com os egípcios.
Na Grécia Antiga, Hipócrates extraía de plantas substâncias analgésicas e sedativas. Já o médico Dioscórides descobriu os efeitos analgésicos da mandrágora. Os chineses utilizavam o conhecimento milenar da acupuntura e os assírios, comprimindo a carótida, evitavam que o sangue chegasse ao cérebro.
Durante anos, o dentista William Thomas Green Morton buscou uma forma de seus pacientes não sentirem dor ao aplicar um tratamento de raízes e de colocação de coroas – inventadas por ele – entre outros. Mas não era somente Morton que procurava uma solução para a dor. Experiências com óxido nitroso eram realizadas desde 1799.
Após diversas experiências, entretanto, Morton descobriu que, em pequenas quantidades, o éter podia ser inalado com segurança. Foram vários estudos, aperfeiçoamento de instrumentos e busca por antídotos para aprimorar suas técnicas antes de apresentá-la ao mundo médico.
Numa manhã de outubro de 1846, no Massachusetts General Hospital, em Boston (EUA), Morton realizou a primeira anestesia em cirurgia médica. Utilizando éter por um inalador, feito por ele e um artesão, ele sedou um paciente que precisava retirar um tumor vascular na mandíbula esquerda.
Para divulgar a anestesia, Morton passou a ensinar jovens médicos de diversas nacionalidades a aplicar éter. Posteriormente, transformou sua própria casa em um hospital e ofereceria cirurgias gratuitamente, pedindo somente aos pacientes que depois testemunhassem que haviam sido anestesiados.
“A partir daí, a evolução da anestesiologia não parou. Paulatinamente, novos anestésicos foram descobertos e introduzidos na prática médica. Atualmente, o procedimento é realizado por aparelhos e drogas sofisticados, tornando-se uma especialidade médica imprescindível no âmbito hospitalar”, comenta Callegari.
Câmara Técnica esclarece questões éticas e técnicas
Devido à crescente necessidade de melhor atender aos médicos anestesistas do Estado de São Paulo, tanto nas questões éticas como nas técnicas, o Cremesp criou a Câmara Técnica de Anestesiologia em 17 de novembro de 1998, atualmente coordenada pelo conselheiro Desiré Carlos Callegari.
Em suas reuniões, cabe aos integrantes analisar e emitir pareceres sobre técnicas e tratamentos no âmbito da especialidade; analisar e emitir pareceres sobre sindicâncias, processos e consultas; e assessorar o Cremesp em assuntos que envolvam a especialidade.
“A contribuição mais importante para os médicos, nesses mais de dez anos, é a orientação técnica e ética, principalmente esclarecendo conselheiros ou delegados não afeitos à especialidade, mas que necessitam desses pareceres para conclusão de sindicâncias, ou para balizar sua fundamentação no voto de um julgamento. Além disso, atua no esclarecimento de inúmeras consultas que chegam ao Conselho e exigem uma fundamentação técnica apropriada”, afirma o coordenador.
Além de Desiré Callegari, são integrantes da Câmara Técnica de Anestesiologia os médicos: Fábio Henrique Gregory, David Ferez, Glória Maria Braga Poterio, Milton Brandão Neto, Luiz Antonio Vane, Irimar de Paula Posso, Raimundo Rebuglio, Celso Schmalfuss Nogueira, José Luiz Gomes do Amaral, Oscar César Pires, e os conselheiros Kazuo Uemura e João Marcio Garcia.