CAPA
EDITORIAL
Ano difícil, mas repleto de conquistas
ENTREVISTA
Peter Singer falou ao JC no VI Congresso Mundial de Bioética
ARTIGOS
Isac Jorge Filho e Elizabete Franco escrevem sobre Terapia Nutricional e Crianças com HIV
REPÚDIO
Unoeste: entidades médicas repudiam aumento de vagas
DIRETRIZES
Especialidades Médicas: 100 novas diretrizes
BALANÇO CREMESP
Retrospectiva 2002: realizações e objetivos alcançados
ATUALIZAÇÃO
Hamer Nastasy Palhares Alves escreve sobre o médico dependente químico
GERAL 1
Destaque para aprovação de Projeto que define o Ato Médico
CREMESP
Veja debate em plenária sobre o Programa de Saúde da Família
AGENDA
Confira os eventos que contaram com a participação do Cremesp
NOTAS
Destaque para a inauguração da nova sede do Setor de Planejamento em Saúde/UNIFESP
GERAL 2
Cartões de Desconto: confira resolução do CFM nº 1649/2002 sobre o assunto
MEMÓRIA
VII Congresso Brasileiro de História da Medicina
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MEMÓRIA
VII Congresso Brasileiro de História da Medicina
Congressistas defendem permanência do Juramento de Hipócrates
A discussão sobre a atualização ou não do Juramento de Hipócrates foi um dos pontos de destaque do VII Congresso Brasileiro de História da Medicina, realizado entre os dias 21 e 23 de novembro, em Ribeirão Preto. Concluiu-se, após várias discussões e uma pesquisa realizada entre os presentes, que o juramento não deve ser modificado, porém pode ser complementado por outros documentos, como por exemplo a Carta de Princípios do Profissionalismo Médico de 2002.
O evento foi promovido pela Sociedade Brasileira de História da Medicina, entidade presidida por Ulysses Meneghelli, gastroenterologista clínico e professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto.
“O estudo da história da Medicina é importante porque pode dar ao médico ingredientes fundamentais para se fortalecer três colunas de alicerces: a competência técnico-científica atualizada e crítica; a rigorosa obediência aos princípios éticos; e a manutenção de uma atitude de humanismo diante do paciente”, comentou o organizador.
Meneghelli contou que a escolha para Ribeirão Preto sediar o evento foi feita para coincidir com as comemorações dos 50 anos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. “Tivemos em torno de 160 inscritos, além de mais de 180 trabalhos diferentes de médicos e historiadores de todo o país, que retrataram a história da evolução dos cursos de Medicina, da medicina indígena no Amazonas, de epidemias, até os avanços científicos cirúrgicos”, enfatizou. Para relatar esses avanços na medicina, o evento teve como conferencista o cardiologista Adib Jatene, ex-secretário de Saúde do Estado, duas vezes Ministro da Saúde, considerado uma das maiores autoridades em cirurgia cardíaca do país. Jatene proferiu a conferência intitulada: ‘A Cirurgia Cardíaca que Vivi’, relatando toda a sua trajetória na medicina.
Um consenso com Hipócrates
A mesa do simpósio que tratou sobre Atualidade do Juramento de Hipócrates foi presidida por Márcia Guimarães Villanova, de Ribeirão Preto/SP; e composta pelo secretário Rubens Bedrikow, de Campinas/SP; e pelos participantes: Joffre Marcondes de Rezende, de Goiânia/GO, que foi o responsável pela coordenação da discussão; Otoni Moreira Gomes, de Belo Horizonte/MG e José Henrique Villa, cardiologista e conselheiro do Cremesp.
O tema do simpósio provocou várias reflexões sobre o Juramento de Hipócrates, escrito há mais de 2.500 anos e que ainda hoje é lido nas cerimônias de colação de grau dos médicos. Otoni mostrou que apesar de ter sido escrito há anos, o texto é bem interpretado nos dias atuais. José Henrique Villa ressaltou a importância de recuperar a auto-estima do médico e que uma discussão com este enfoque só viria a contribuir. “Tudo aquilo que agride a auto-estima, agride a execução da profissão com dedicação”. De acordo com ele, se tivéssemos que escolher o primeiro médico do mundo, até para elevar a auto-estima, esse médico seria Jesus. “Mas minha proposta é que fiquemos com Hipócrates, que foi o que mais escreveu”, afirmou.
Villa questionou a platéia com a pergunta: O Juramento de Hipócrates deve ser revisado ou substituído? “Tem muita coisa antiga que, às vezes, não é boa, mas a colocação do médico como aliado incondicional do ser humano, essa parceria entre o homem e o médico, Hipócrates estabeleceu de maneira muito importante, mostrando que o conhecimento deve ser usado para beneficiar o paciente”, observou.
O professor Armando Bezerra, da Universidade Católica de Brasília, enalteceu o juramento de Hipócrates, defendendo que deve permanecer sem alteração. Na seqüência, Joffre Resende lembrou que o juramento é um dos textos mais traduzidos em todas as línguas, perdendo apenas para a oração do Pai Nosso. Após várias discussões com os presentes, ele mostrou o resultado de uma pesquisa e afirmou que, apesar das restrições ao juramento, sem ele poderia ser muito pior. “Nossa proposta é que o Juramento de Hipócrates não seja modificado, porém ele pode ser complementado por outros documentos, como por exemplo a Carta de Princípios do Profissionalismo Médico de 2002”, diz. De acordo com Joffre Resende, que também é membro da Sociedade Brasileira e da Sociedade Internacional de História da Medicina, o Juramento de Hipócrates é um patrimônio da humanidade.
O gastroenterologista, cirurgião e conselheiro do Cremesp, Isac Jorge Filho, membro da comissão organizadora, comentou que este foi o Congresso que reuniu maior número de participantes, atingindo os objetivos e, principalmente, chamando a atenção para a história da Medicina. “O povo que não conhece a sua história está fadado a repetir os erros e na medicina acontece o mesmo; além disso, ao estudar a história da Medicina o médico se valoriza como pessoa, amplia o orgulho de sua profissão/arte, tão desvalorizada nos dias de hoje pela massificação da medicina”, destacou Isac.
Inauguração do busto de Hipócrates
Após o término do simpósio que discutiu a Atualização do Juramento de Hipócrates, os congressistas foram até o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (Campus) para participarem da inauguração do busto de Hipócrates, doado pelo povo da ilha de Kós, na Grécia, à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), que também comemorou neste dia seu cinquentenário.
A iniciativa de adquirir o busto partiu do atual presidente da Sociedade Brasileira de História da Medicina, Ulysses G. Meneghelli, em agosto de 2001 e foi formalizada pelo diretor da Faculdade, Ayrton Custódio Moreira. “Repetimos aqui um singelo ato de renovação do Juramento de Hipócrates que é realizado, anualmente, no Asclepéion de Kós, terra natal do pai da Medicina”, explica Meneghelli.
A cerimônia presidida por ele contou com a participação de diversas autoridades da medicina nacional como o médico e aluno da primeira turma da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto Denizard Rivali Gomes e o cônsul-geral da Grécia em São Paulo, Nicolas Galanopoulos, entre outras. O secretário de Saúde do Município de Ribeirão Preto, Luiz Carlos Raya, afirmou que “a inauguração do busto de Hipócrates e a renovação do juramento, feita por todos os médicos presentes, constituíram o ponto alto do evento, conseguindo atingir a importância social, humanista e ética que são a essência do Juramento de Hipócrates”.