Proposta de ressuscitar modelos sem cobertura mínima obrigatória deixa paciente vulnerável e em risco, além de inviabilizar tratamentos médicos
As entidades da sociedade civil, abaixo assinadas, vêm a público manifestar-se contrariamente à proposta de implantação dos planos de saúde sem garantia de cobertura integral, batizados em estratégia publicitária de planos “populares”. Elaborados pelo Ministério da Saúde e atualmente em discussão na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), os modelos apresentados são grave ameaça de retrocesso aos direitos dos consumidores, pois segmentarão a assistência à saúde, condição esta rejeitada e regulamentada quando da promulgação da Lei 9656/98.
Esse processo foi todo caracterizado pela falta de transparência. Um “Grupo de Trabalho sobre Planos Acessíveis” foi constituído pelo Ministério da Saúde claramente para atender os interesses das operadoras. Tanto que, inicialmente, apenas os representantes das próprias operadoras, seguros e planos de saúde foram chamados a participar dos debates.
As propostas analisadas e votadas por esse Grupo de Trabalho levaram em conta a redução da cobertura com a criação de um novo rol, a liberação de reajustes para os planos individuais, o aumento dos prazos para agendamento de consultas e para o acesso a procedimentos.
Também consideraram válidas para os novos planos a exclusão de tratamento de alta complexidade, além dos procedimentos como quimioterapia, urgências e emergências e hospital dia, restringindo o atendimento ao nível ambulatorial, objetivamente forçando a ida do paciente ao Sistema Único de Saúde (SUS), hoje já sem capacidade adequada de atendimento devido ao subfinanciamento e problemas de gestão.
Listamos, a seguir, alguns dos motivos que nos levam a discordar veementemente dos planos limitados, “acessíveis”, “populares” e “de baixa cobertura”, que afetam diretamente pacientes e médicos, sem resolver o problema da saúde pública e privada no País:
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp)
7 de abril de 2017
Arthur Pinto FilhoPromotor de Justiça do MP-SP
Eduardo ValérioPromotor de Justiça do MP-SP