

CAPA

PONTO DE PARTIDA (PÁG.1)
Reflexões sobre temas desafiadores e essenciais

ENTREVISTA (PÁG. 4)
Regina Parizi "As mulheres precisam aceitar mais desafios"

CRÔNICA (PÁG. 10)
Não estou a seu serviço

VANGUARDA (PÁG.12)
Novos avanços no tratamento do câncer

CONJUNTURA (PÁG.16)
A escravidão não acabou

DEBATE (PÁG.20)
Somos o país mais corrupto do mundo?

SINTONIA (PÁG.26)
A doença como metáfora

HOBBY (PÁG. 30)
Todas as cores do mar

GIRAMUNDO (PÁG.34)
Arte, genética e ciência

PONTO COM (PÁG.36)
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CULTURA (PÁG. 38)
Kobra, muralista internacionalmente reconhecido, começou fazendo grafites

TURISMO (PÁG. 42)
Santiago de Compostela

CARTAS E NOTAS ( PÁG. 46)
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MÉDICOS QUE ESCREVEM (PÁG. 47)
Retrato da vida

FOTOPOESIA (PÁG. 48)
Em tudo nela brilha e queima

GALERIA DE FOTOS

CULTURA (PÁG. 38)
Kobra, muralista internacionalmente reconhecido, começou fazendo grafites
Dos muros de São Paulo para o mundo
Reconhecido internacionalmente, o muralista Euardo Kobra coleciona uma série de obras que, segundo ele, refletem sua personalidade e suas crenças. “Não pintaria um mural com um tema relativo à proteção dos animais, por exemplo, se não defendesse a causa”, argumenta. Com murais no Brasil e em diversos outros países, como Estados Unidos, França e Inglaterra, a estética parece ser apenas um detalhe de sua arte, que ultrapassa as barreiras da comunicação. Ela fala com o público que admira o seu trabalho.
Kobra é autodidata. Péssimo aluno na escola – conta –, buscou sozinho inspirações nas ruas para desenvolver o seu trabalho. Quando começou a pintar, suas referências foram os grafiteiros de Nova York, dos trens e dos metrôs da década de 90, além dos grafiteiros e pichadores da cultura hip-hop. Modesto, diz que as únicas diferenças entre seus murais, os grafites e as pichações são as letras destas últimas e a questão da autorização da prefeitura. Enquanto um mural é autorizado, a maioria dos grafites e as pichações não o são.
Mural Etnias, no Rio de Janeiro, com 15 m de altura e 170 m de comprimento, onde são retratados cinco rostos indígenas de cinco continentes
Seu sucesso começou por meio do projeto Muro das Memórias, no qual retratou cenas da cidade de São Paulo na primeira metade do século 20, criando trabalhos tridimensionais com perspectiva, anatomia e sombras. Ele conta que o idealizou para protestar e destacar a importância da preservação do patrimônio histórico. Antes, começara pintando murais em casarões que seriam demolidos.
Em 2016, Kobra entrou para o Guinness Book (livro dos recordes) com o mural Etnias – Somos todos um, pintado no Rio de Janeiro. A obra, com 15 m de altura e 170 m de comprimento, retratou cinco rostos indígenas de cinco continentes: os huli, da Nova Guiné (Oceania); os mursi, da Etiópia (África); os kayin, da Tailândia (Ásia); os supi, da Europa; e os tapajós, das Américas. Nesse mural, foram utilizados 1.890 litros de tinta branca para a base e 2.800 latas de tinta spray.
Andy Warhol e Jean-Michel Basquiat, no Brooklin, Nova Iorque
Entrar para o livro dos recordes não foi algo intencional, afirma o artista, que recentemente pintou um mural com o dobro do tamanho do Etnias, que, provavelmente, entrará mais uma vez para o Guinness. Ele destaca que usa, apenas, sua intuição e o prazer que tem pelo que faz. “Todos os meus murais não foram planejados, apenas aconteceram. Trabalho com o mesmo entusiasmo de quando comecei”.
Além do Brasil, Kobra pintou murais em mais de 30 países, mas garante que o Brasil é o seu preferido. “Posso rodar o mundo inteiro, mas sempre terei vontade de pintar em São Paulo, a cidade que me projetou internacionalmente”, ressalta. Ele pretende levar sua arte para o maior número possível de países, dando preferência para os que nunca visitou. Em São Paulo, se pudesse escolher um lugar, seriam as colunas vermelhas do Museu de Arte de São Paulo (MASP). “Eu não sei o que faria lá, mas sei que iria pintar algo”, afirma.
Cores e interação
Para o artista, existem diversas maneiras de se interagir com seu trabalho. A interação física ocorre em algumas obras tridimensionais em que as imagens são pintadas no piso, para que as pessoas possam subir na obra e participar do desenho. E, também, por meio da compreensão da mensagem que ele pretende passar por meio de sua arte. Quanto aos materiais usados em suas obras, são eles: tintas látex, acrílica, esmalte sintético e spray. As cores usadas dependem dos temas que são tratados nos murais, nunca são aleatórias.
Chico Buarque e Ariano Suassuna, em São Paulo e Bailarina, em Moscou
Atualmente, Kobra e alguns parceiros estão montando um instituto na região do Campo
Limpo, em São Paulo, para dar oportunidade a jovens, que, segundo ele, possuem muito talento, mas não conseguem visibilidade. “Um simples incentivo muda a vida inteira de uma pessoa. A arte tem esse poder de transformação,” acrescenta.
O muralista assegura que, enquanto tiver forças para subir nos andaimes e nas escadas, continuará levando sua arte para o maior número de lugares possível. “Sou feliz fazendo isso e vou continuar fazendo até o último dia da minha vida,” promete.
(Colaborou: Amanda Alves)