

CAPA

PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp

ENTREVISTA (pág. 4)
Rubens Belfort Jr.

CRÔNICA (pág. 10)
Mariana Kalil

SINTONIA (pág. 12)
Tempos Líquidos

ESPECIAL (pág. 16)
Agrotóxicos

EM FOCO (pág. 22)
Sarcopenia

CONJUNTURA (pág. 26)
O maior de todos os vazios

GIRAMUNDO (pág. 30)
Arte, genética e ciência

PONTO COM (Pág. 32)
Mundo digital & tecnologia científica

HISTÓRIA DA MEDICINA (pág. 34)
Freud, Sherlock Holmes e Coca-cola

CULTURA (pág. 38)
A escola que revolucionou o design e a arquitetura

TURISMO (pág. 42)
Dubrovnik, a pérola do Adriático

MÉDICOS QUE ESCREVEM (pág. 46)
Música barroca e psicanálise

FOTOPOESIA (pág. 48)
Como nossos pais

GALERIA DE FOTOS

PONTO DE PARTIDA (pág. 1)
Mauro Gomes Aranha de Lima - Presidente do Cremesp
Que a soma de todos se aproxime de um
Eis que o mundo e a vida, o “mundo da vida”, é um jogo de cartas embaralhadas em que jogamos todos. Reflexivo, um e outro médico, num intervalo de consultas, se põe a (re)pensar a sua prática e seu papel ante as regras e intenções com que ele joga.
Pois é isso o que queremos e o fundamento último da existência da Ser médico.
Neste número vocês encontrarão ocorrências e manifestações que nos convocam a um humanismo de século 21. Humanismo instado pelo desencantamento do mundo (Weber), em que “Deus está morto” (Nietzsche), e em que a Ciência não consegue entregar as suas promessas, tornadas vãs: a autoafirmação e o desenvolvimento do homem.
Porque até mesmo os homens estão embaralhados, e o que é pior, não abdicam de seus frágeis poderes privados, num jogo desigual e de cartas previamente marcadas. Mas o movimento imanente e insidioso da vida (vida enquanto bios e vida enquanto cultura, entrelaçados) impõe este novo humanismo que a revista esboça:
em que “o rosto”, de que Lévinas nos fala, pode ser os olhos da mãe cujo filho desapareceu, e que nos interpelam, exigem-nos providências imediatas, acima de qualquer razão;
em que um professor de olhos, olha, além dos olhos, o horizonte de uma sociedade mais justa;
em que o escritor/cardiologista ausculta e exalta as arritmias poéticas que, cintilantes, desgarram-se da prosa literária;
em que as artes visuais da Bauhaus se expandem, tais como formas expansivas, multiformes, muito mais do que apenas arte, hoje Universidade exploratória da totalidade do fenômeno humano;
em que os homens líquidos – de Bauman – se movem e anseiam pelo reconhecimento de suas identidades e cidadania;
em que a vida é o avesso da morte (nos agrotóxicos) e esta o avesso daquela (naquilo que comemos);
em que a mensagem do escritor/reumatologista, que embaralha coca/cocaína/coca-cola, ou, se quiserem, remédio/veneno, Freud/Holmes, como a dizer a relatividade de supostos absolutos, ou, ainda, que a arte de curar é Medicina(s) em contexto.
Um humanismo, enfim, do jogo a jogar-se de cartas postas por todos, cujas regras se regrem por instâncias imanentes ao jogo: o jogo mesmo, no jogar-se, a todos instando novas regras ao jogo, em que possam vencer todos, e não haja vencidos. Um jogo circular e sem fim, cujo prazer é jogar o jogo comum. Em que a soma de todos se aproxime de um.
Mauro Gomes Aranha de Lima
Presidente do Cremesp