CAPA
PONTO DE PARTIDA (pág.1)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp
ENTREVISTA (págs.4 a 8)
James Drane
EM FOCO (págs.9 a 11)
Dormiu bem?
CRÔNICA (págs.12 a 13)
Tufik Bauab*
MÉDICOS NO MUNDO (págs.14 a 17)
Irène Frachon
DEBATE (págs.18 a 23)
Emergência e Regulação: novos desafios dos cursos de Medicina
SINTONIA (págs.24 a 27)
Novas práticas educativas no setor da Saúde
GIRAMUNDO (pág.28 a 29)
Curiosidades de ciência e tecnologia, história e atualidades
PONTO COM (págs.30 a 31)
Informações do mundo digital
HOBBY (págs.32 a 35)
Pediatra escala os maiores picos do mundo
HISTÓRIA DA MEDICINA (págs.36 a 38)
Especialidades médicas
LIVRO DE CABECEIRA (pág.39)
Por Bráulio Luna Filho*
CULTURA (págs.40 a 43)
Moacyr Scliar e Yann Martel
GOURMET (págs. 44 a 47)
Moqueca de camarão
FOTOPOESIA (pág.48)
Poesia anônima na capital paulista
GALERIA DE FOTOS
LIVRO DE CABECEIRA (pág.39)
Por Bráulio Luna Filho*
A vida pode não ser um paradoxo
Alguns livros nos encantam pela originalidade como recontam uma história já conhecida. Outros porque ampliam nossa visão sobre um tema que julgávamos menor ou nos divertem com relatos irônicos de fatos cotidianos. Outros ainda, esses considerados livros sérios, nos fazem ver aspecto mais profundo da realidade em transformação. Pois bem, The paradox of choice – why more is less (na edição em português, O paradoxo da escolha – por que mais é menos), de Barry Schwartz, professor de Teoria e Ação Social do Swarthmore College, Pensilvânia, EUA, consegue a proeza de combinar todas essas razões e mais algumas que, com certeza, escapou à superficialidade deste resenhador.
Discorrendo sobre as condições de vida em uma sociedade moderna e próspera, destaca o extraordinário aumento de opções oferecidas. Coloca em questão, simultaneamente, o conceito de liberdade e bem-estar quando o número de alternativas, nos mais variados cenários da vida, são quase incomensuráveis. Essa situação, contraditoriamente, em vez de criar conforto e prazer quase infinitos, não raro vem acompanhada de desconforto pela necessidade de tomarmos decisões cada vez mais complicadas devido à quantidade de informações disponíveis.
Tema dessa complexidade é discorrido com leveza e humor, como o relato em que depois de anos com a mesma calça jeans, o autor resolve comprar outra nova. Vai então ao shopping center da cidade e pede à vendedora: “Eu gostaria de comprar uma calça jeans”. Essa responde: “O senhor deseja uma slim fit, easy fit, relax fit baggy ou extra-baggy?”. E continuou: “O senhor prefere stone-washed, acid-washed ou distressed? E ainda: “Button-fly, zipper-fly? E mais... “Faded ou regular?”
Lógico que a maioria das pessoas com mais de 40 anos ficaria aturdida com tantas opções. Mas, quando o autor meio confuso, surpreso e sem jeito respondeu: “eu gostaria de um jeans como os de antigamente”, foi a vez de a vendedora procurar socorro com as outras colegas!
Não raro, somos também surpreendidos nas nossas vidas tomando decisões com as quais não nos sentimos à vontade. Seja pelo potencial que uma escolha inadequada poderá ter em nossas vidas, seja porque julgamos, quase sempre a posteriori, que poderíamos ter feito escolha melhor.
Uma das mensagens desse instigante e divertido livro é que mesmo se você puder determinar precisamente o que quer, e então conseguir encontrar as informações em quantidade que possa manusear, a pergunta que se impõe é se somos capazes de chegar a uma conclusão correta e fazer a escolha certa.
Logicamente, o livro não apenas levanta essas e outras questões correlatas, mas também propõe alternativas racionais e práticas, mas aí você terá de lê-lo por si!
*Bráulio Luna Filho é professor livre-docente da Unifesp, ex-research-fellow da Harvard Medical School, e conselheiro do Cremesp