CAPA
PONTO DE PARTIDA (pg. 1)
Renato Azevedo Júnior - presidente do Cremesp
ENTREVISTA (pág.4)
Marcia Angell
HISTÓRIA (pág. 9)
Estados Unidos, por Gore Vidal
CRÔNICA (pág. 12)
Luis Fernando Verissimo*
ESPECIAL BOLÍVIA 1 (págs.14 a 25)
A realidade precária dos cursos de Medicina particulares
ESPECIAL BOLÍVIA 2 (págs.14 a 25)
Depoimentos sobre a formação médica em escolas particulares
CABECEIRA (pág. 27)
Por Reinaldo Ayer*
CONJUNTURA (págs. 28 a 31)
Longevidade e cuidados com o idoso
GIRAMUNDO (págs. 32-33)
Curiosidades de ciência e tecnologia, história e atualidades
PONTO COM
Informações do mundo digital
SUSTENTABILIDADE (pág. 36)
Idec, 25 anos
CULTURA (pág. 38)
A flauta encantada do mago do choro
HOBBY
Campeonato de Futebol de Equipes Médicas
GOURMET (pág. 44)
“Cozinhando eu relaxo”
FOTOPOESIA (pág. 48)
Paulo Leminski
GALERIA DE FOTOS
PONTO DE PARTIDA (pg. 1)
Renato Azevedo Júnior - presidente do Cremesp
O engano boliviano
A reportagem desta edição, realizada pela jornalista do Cremesp e editora da Ser Médico, Fátima Barbosa, e pelo fotógrafo Osmar Bustos, mostra uma realidade assustadora e preocupante: cerca de 20 mil brasileiros estudam Medicina na Bolívia, em faculdades privadas cujos fins são unicamente lucrativos, sem formação adequada, sem professores qualificados, sem campo de ensino prático, sem processo seletivo para ingresso e sem avaliação efetiva na saída.
Iludidos pela promessa de se tornarem médicos, esses cidadãos brasileiros sofrem verdadeiro estelionato, sob a omissão das autoridades brasileiras e bolivianas. O que lhes é prometido não é entregue. A formação médica que recebem dificilmente vai permitir que trabalhem no Brasil, para onde querem voltar.
Como se pode ler na reportagem, há escolas bolivianas que abrigam hoje cinco mil brasileiros (isso mesmo, mais que o dobro de alunos que se formam todos os anos nas escolas de São Paulo). As vagas são ilimitadas, aceita-se diploma de supletivo de segundo grau e as mensalidades são infinitamente mais baixas que as praticadas pelos cursos de Medicina privados no Brasil, o que leva muita gente desinformada a cair na “armadilha”.
E qual o destino dessas pessoas ao retornarem ao Brasil? Só há três saídas: fazer o exame de revalidação, mas quase ninguém passará nas provas; iniciar um novo curso do zero, prestando vestibular ou tentando uma transferência; ou, então, exercer a medicina ilegalmente no Brasil, tornando-se criminosos.
Eis um enorme problema para o país. Para evitar a perigosa atuação de “médicos” formados nessas condições, a solução passa pelo fortalecimento do Revalida – o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos Expedidos por Instituições de Educação Superior Estrangeiras.
Em que pesem as irresponsáveis propostas e tentativas de flexibilizar as regras, continuaremos defendendo o Revalida, um exame nacional unificado, sério e de qualidade, feito pelo MEC, com o apoio e o rigor das melhores universidades públicas.
O caso dos brasileiros que buscam cursos de Medicina na Bolívia é mais um exemplo que demonstra ter passado da hora de as autoridades darem ouvidos à sociedade brasileira, que exige qualidade e não apenas quantidade de médicos a qualquer custo.