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CAPA

PONTO DE PARTIDA (pág.1)
Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 4)
José Feliciano Delfino Filho


CRÔNICA (pág. 10)
Tufik Bauab*


EM FOCO (pág. 12)
Voluntários do Sertão


SINTONIA (pág. 15)
Emerson Elias Merhy*


DEBATE (pág. 18)
A relação médico-paciente e a internet


GIRAMUNDO (págs. 24 e 25)
Curiosidades da ciência e tecnologia, da história e atualidade


SAÚDE NO MUNDO (pág. 26)
O sistema de saúde público no Japão


HISTÓRIA DA MEDICINA (pág. 30)
Epidemias: os grandes desafios permanecem


CARTAS & NOTAS (pág. 33)
Conexão com o usuário a um clique


HOBBY (pág. 34)
Alexandre Leite de Souza


PONTO COM (págs. 38/39)
Informações do mundo digital


CULTURA (pág. 40)
Imperdíveis exposições da Pinacoteca


TURISMO (pág. 42)
Das flores de Bali ao enxofre do Ijen


LIVRO DE CABECEIRA (pág. 47)
Dica de leitura de Desiré Carlos Callegari *


FOTOPOESIA( pág. 48)
Adélia Prado


GALERIA DE FOTOS


Edição 58 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2012

CRÔNICA (pág. 10)

Tufik Bauab*

Favor não amolar o gordo

Há cerca de 30 anos tenho sido um dos melhores e um dos piores alunos de academia de São José do Rio Preto. Aliás, há 30 anos era academia. Hoje, são mais chiques, são clínicas de condicionamento físico. Você ofende o personal trainer  se perguntar em que academia ele trabalha.

Explico porque sou um dos melhores. Há 30 anos pago, religiosamente, todos os meses, por algum tipo de atividade física. E sou um dos piores porque detestava halterofilismo, detestava ginástica, detestava academia e detesto condicionamento físico.

Há 30 anos, havia duas academias na minha cidade: a Irmãos Ricardi, de halterofilismo; e a Matsumimi, de judô, caratê e jiu-jitsu. Até que surgiu Kazuo Nagamine, formado na USP, em Educação Física, com ideias revolucionárias, principalmente as de um tal dr. Keneth Cooper, o qual, se não me engano, morreu jovem, que Deus o tenha.

Havia – e há – uma forte pressão em relação à atividade física. Não temos sossego. Depois de trabalhar durante todo o dia, tenho de vestir a roupa de ginástica e, mais uma vez, deixar minha poltrona e meu livro favoritos para fazer, durante uma hora, uma coisa da qual não gosto. Argumentei com meu cardiologista: “Quer dizer que se eu fizer algo que detesto durante cinco dias da semana, uma hora por dia, serei mais feliz?” “Há males – e no caso nem é mal – que vêm para o bem”, foi a resposta.

Comecei fazendo ginástica às 6 horas da manhã. Acordava todos os dias às 5h30, e ia a pé mesmo, pois era perto da minha casa. E assim foi durante muitos anos, até que cansei de falar “até logo” para o guarda-noturno. Eu chegava no horário em que ele ia embora – Kazuo não tinha horário à tarde. Acabei me transferindo para uma academia longe da minha casa; tinha de percorrer um trecho de rodovia, passando ao lado de algumas fazendas. Que inveja dos boizinhos e das vaquinhas. Depois de pastar o dia inteiro, recolhiam-se para debaixo de uma árvore, fazendo… nada. Nunca vi passar por mim um boi ofegante, com roupas de ginástica e fones de ouvido, achando o máximo sair em disparada pelo pasto.

Anos depois, achei que seria melhor se fizesse ginástica na minha própria casa. Comprei uns equipamentos “meia boca”, e a coisa até que ia bem quando notei que a personal estava ficando mais gorda que eu. Finalmente, a coisa degringolou quando minha esposa nos pegou em flagrante: lançaram um sorvete chamado “Extreme”, com casquinha de chocolate, e comprei uns dez. Consegui convencer a personal de que era impossível fazer ginástica com aquele calor. Que tal fazer um pouco de bicicleta e… quando minha mulher chegou, estávamos – ela e eu – tomando sorvete.

 E lá fui eu de volta para a academia, com nova personal. Brava. Ligava todos os dias em que havia aula para que eu não alegasse distração ou qualquer outra coisa. E eu fazia tudo para escapar da ginástica. Num determinado dia, toca o celular – era ela. Fingindo estar muito ocupado, fui rápido: “hoje não vai dar, estou em São Paulo, viagem imprevista”. Esqueci completamente que, no dia seguinte, logo cedo, minha mulher tinha aula na mesma academia. A mentira ficou escancarada quando a personal perguntou: “quando o Tufik volta?”, e minha mulher respondeu: “volta de onde? Ele não viajou esta semana”.
 
Aí fiquei desmoralizado. Estava realmente em São Paulo, num táxi, quando toca o celular, e era a personal. Quando disse que estava em São Paulo, ela se recusou a acreditar, e não tive alternativa a não ser pedir ao motorista do táxi para confirmar. Quando desligou, o taxista perguntou : “esposa?”; e respondi: “não, personal trainer”. “Graças a Deus”, comentou, aliviado, o motorista.

Num determinado dia, estava a caminho de minha casa para vestir a indumentária do sofrimento, ou seja, a roupa da ginástica, quando veio uma violenta cólica intestinal. Em menos de três minutos, estava na porta da minha casa, quando descobri que esquecera a pasta com a chave da casa, celular etc. na clínica. Pensei em ir até a portaria do condomínio telefonar para alguém, mas a cólica era brava, não ia dar tempo. Resolvi pular o muro, mesmo correndo o risco de me machucar; a situação era mesmo de emergência. Meu medo não era só o de quebrar uma perna, era de que – com a dor – o intestino se soltasse, e eu chegasse no hospital de perna quebrada e todo borrado. Mas resolvi arriscar. O mais dificil foi a descida. Segurei o peso do corpo no braço, e o concreto do muro quase me arranca a pele. Finalmente, encontrei uma janela aberta, pulei, sentei no trono, e que alívio… Mas, fiquei sem condições de ir à ginástica.

No dia seguinte, contei a história toda à personal, cujo único comentário foi: “suas mentiras estão cada dia mais elaboradas; por que não escreve um livro com essas histórias todas?” Não deu um livro, mas deu uma crônica. E continuo insistindo. Mudei novamente de academia e de personal. Para me animar, esta me diz: “se você emagrecer, vai ficar parecido com o Al Pacino”. Infelizmente, Tom Cruise nem pensar.

*Presidente do Conselho Consultivo da Sociedade Paulista de Radiologia e Radiologista na cidade de São José do Rio Preto.


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