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Renato Azevedo Júnior - Presidente do Cremesp


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Heiner Flassbeck, economista e diretor da Unctad


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José Ricardo de C. M. Ayres*


CRÔNICA (pág. 12)
Antonio Prata*


CONJUNTURA (pág. 14)
Os problemas da população de rua


DEBATE (pág. 18)
Haino Burmester e Laura Schiesari


MÉDICOS NO MUNDO (pág. 24)
O atendimento da população em regiões de alto risco


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Curiosidades da ciência e tecnologia, da história e atualidade


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Acompanhe as novidades que agitam o mundo digital


EM FOCO (pág. 34)
Sherlock Holmes, um doutor detetive


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Sugestão de leitura de Krikor Boyaciyan*


HOBBY (pág. 38)
Esporte já não é exclusivo do universo masculino


CULTURA (pág. 40)
Arte urbana conquista espaço internacional


GOURMET (pág. 45)
Arroz indiano


POESIA( pág. 48)
Ana Cristina César


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Edição 57 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011

EM FOCO (pág. 34)

Sherlock Holmes, um doutor detetive

A obra sobre o legendário detetive tem vários pontos de ligação com a medicina. Dentre eles, o autor, sir Conan Doyle, era médico, e o personagem Watson, o fiel escudeiro, também

Por José Marques Filho*


Personagem de novela policial, o legendário detetive inglês Sherlock Holmes, cujo bordão “elementar, meu caro Watson” atravessa décadas, tem diversos pontos de ligação com a Medicina. Seu criador, o médico Arthur Conan Doyle, apresentou-o ao mundo literário no livro Um estudo em vermelho, quando ainda era estudante da Faculdade de Medicina de Edimburgo, na Inglaterra.

As inspirações para a criação do detetive foram diversas, segundo sir Doyle. Talvez a mais importante tenha sido a de seu professor de Cirurgia, Joseph Bell. Primeiro cirurgião a levar para sua universidade as técnicas de assepsia preconizadas por Lister, tornou-se famoso por sua habilidade de observação e capacidade dedutiva.

Sir Doyle dizia que Bell conseguia saber a nacionalidade e ocupação de um paciente apenas observando seu sotaque, roupas, calosidade e sujeiras nas botas. Costumava dizer aos alunos: “A partir da observação acurada e da dedução, podemos diagnosticar todo e qualquer caso”. Ele foi considerado um dos pioneiros da Medicina Forense e chegou a participar das investigações no famoso caso de Jack, “o estripador”.

O professor inspirou não somente a criação da personalidade de Holmes, mas também o porte físico do detetive. Conan Doyle o descreve como: “Magro, vigoroso, com rosto agudo, nariz aquilino, olhos cinzentos, penetrantes, ombros retos e um jeito sacudido de andar. A voz era esganiçada. Era cirurgião muito capaz, mas seu ponto forte era a diagnose, não só de doenças, mas de ocupação e caracteres”.

Assim como o professor de sir Doyle, as características mais marcantes de Holmes são seu apurado senso de observação – fundamental para um detetive – aliado a uma enorme habilidade para dedução lógica, um admirável bom senso e um grande conhecimento técnico relacionado a diversos temas ligados à sua prática diária.

Outro ponto de ligação de Sherlock com a medicina é o fato de ele mesmo sofrer de problemas reumáticos. O prefácio de O último adeus de Sherlock Holmes, assinado pelo dr. John H. Watson, confirma: “Os amigos de mr. Sherlock Holmes gostarão de saber que ele continua vivo e bem, embora um pouco prejudicado por ataques ocasionais de reumatismo”.

O quadro reumático de Holmes parece ter sido a osteoartrite nodal, que o levou a abandonar o violino, utilizado por diversas vezes pelo detetive, quando precisava raciocinar sobre seus famosos casos.


Com ares de que teria realmente existido, personagem ganhou até museu, o de Meiringen, em Berna Suíça

Na antiguidade, Hipócrates, o Pai da Medicina, foi o criador da ars medica (arte médica), como hoje a praticamos. Gostava de dizer que havia absoluta necessidade de cuidadosa e constante observação de cada paciente, descrição e estudo minucioso dos sintomas e sinais e, por meio de raciocínio lógico, aliado à experiência do médico, estabelecer o diagnóstico e o prognóstico adequados. Citava também que cada doente deveria ser considerado um “novo livro” (assim como “um novo caso”, para o detetive), devido às suas características absolutamente singulares e individuais.

A capacidade de observação, o bom senso, o raciocínio lógico e a dedução, características de Sherlock Holmes e de Hipócrates, sempre foram, e continuam sendo, fundamentais para o bom médico.


O fiel escudeiro

O personagem dr. John H. Watson, fiel companheiro e amigo do detetive, também médico como o autor, é o relator oficial das façanhas de Holmes.

Teria se formado em 1878, pela Universidade de Londres. Logo após sua graduação, fez o curso para cirurgiões do exército e foi incorporado ao quinto Regimento de Fuzileiros, como cirurgião-assistente.

Participou da segunda guerra afegã, tendo sido ferido no ombro. Quando estava praticamente recuperado, contraiu febre tifoide e, por pouco, não morreu. Em virtude de seu estado lastimável, o dr. Watson foi enviado de volta à Inglaterra.

Ele foi apresentado ao famoso detetive, quando Holmes trabalhava em um de seus estudos no laboratório de química de um grande hospital londrino. Esse encontro ocorreu pouco antes de ambos alugarem os quartos no nº 221 B da famosa e tradicional Baker Street.

Segundo o professor Hilton Seda, reumatologista brasileiro, alguns autores afirmam que Holmes também era médico ou estudante de Medicina. Essa versão, entretanto, é desmentida pelo próprio dr. Watson em Um estudo em vermelho.

Uma curiosidade em relação a Holmes e dr. Watson é o grande número de “sociedades sherlockianas” em todo o mundo, dando a impressão, às vezes, que eles realmente existiram.

Referências 

  • Arthur CD. Sherlock Holmes: edição definitiva, comentada e ilustrada por Leslie S. Klinger. Rio de Janeiro: Editora Jorge Zahar; 2005.
  • Doyle AC. The remote effects of gout. Lancet 1884; 29:978-9.
  • Doyle AC. Um estudo em vermelho. Porto Alegre: L&PM Pocket; 1998.
  • Massey EW,  Joseph  Bell MD, FRCS. Mr. Sherlock Holmes?  South Med J 1980; 73:1635-6.
  • Seda H, Doyle AC. Sherlock Holmes e reumatismo. Boletim da Sociedade de Reumatologia do Rio de Janeiro 2008; 36:4-6.


Autor teve dificuldades para exercer a Medicina

Sir Arthur Conan Doyle, que recebeu o título de nobreza em 1902, nasceu na Escócia, em Edimburgo, em maio de 1859, e faleceu em Crow¬borough (Sussex), em julho de 1930.
O pai, Charles Altamont Doyle, foi pintor e sua mãe, Mary, era de origem irlandesa. Tiveram oito filhos que seguiram diversas carreiras, mas a família sempre viveu com dificuldades econômicas, obrigando o escritor a ter alguns empregos durante o curso de Medicina, na Universidade de Edimburgo, de 1876 a 1881. Casou-se com Louise Hawkins, com quem teve dois filhos, Mary Louise e Kingsley.

Sua trajetória como médico foi curta. Em 1882, instalou um consultório em Plymouth, mas por pouco tempo. Mudou-o para Southsea, perto de sua família, mas também não teve sucesso. Resolveu, então, se especializar em oftalmologia, realizando um curso em Viena. Atendeu nessa especialidade por alguns anos em Devonshire Place, Londres, também com poucos clientes.

Terminou sua carreira médica em 1890, aos 31 anos de idade, após exercer a Medicina por oito anos. Nessa época já estava consagrado como escritor. Um detalhe de sua trajetória como médico foi a publicação de um artigo na revista Lancet, relatando dois casos de seu consultório, onde descreve manifestações oculares relacionadas à gota (Doyle A.C. The remote effects of gout. Lancet 1884; 29: 978-9).

Apesar de ser mais conhecido como escritor de contos policiais, é preciso recordar, como diz Leslie S. Klinger, que “Conan Doyle teve sucesso como dramaturgo e poeta, jornalista político, correspondente de guerra, historiador, detetive, cientista, visionário e profeta – foi um gigante da era vitoriana”.

A capacidade de observação, o raciocínio lógico e a habilidade de comunicação são características inatas individuais, mas podem e devem ser ensinadas e treinadas, mesmo que nunca se alcance a perfeição do legendário detetive criado pelo dr. Conan Doyle, nem a sabedoria de Hipócrates, o Pai da Medicina.


(*) José Marques Filho é médico reumatologista e conselheiro do Cremesp.



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