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CAPA

EDITORIAL (SM pág.1)
A implantação plena do SUS no país depende, apenas, de vontade política


ENTREVISTA (SM pág. 4)
Um encontro com o autor de Caminhos para o desenvolvimento sustentável


CRÔNICA (SM pág. 8)
Se você duvida da resistência "sobrenatural" dos vírus e bactérias, leia ...


CONJUNTURA (SM pág. 10)
Robôs cirúrgicos: a esperança de sucesso em procedimentos de alta complexidade


SAÚDE NO MUNDO (SM pág. 13)
Os pontos positivos do sistema público de saúde canadense


MÉDICO EM FOCO (SM pág. 16)
O verdadeiro espírito da Medicina cativa moradores simples do litoral sul de São Paulo


AMBIENTE (SM pág. 20)
Guia Verde de Eletrônicos do Greenpeace: empresas e a reciclagem


DEBATE (SM pág. 22)
Como atua o sistema de cooperativas de trabalho médico no Estado


GIRAMUNDO (SM pág. 28)
Destaque para a exposição Cérebro - O mundo dentro da sua cabeça, realizada em outubro


HISTÓRIA (SM pág. 30)
Surge uma nova - e importante - área de atuação médica: a Medicina de Viagem


GOURMET (SM pág. 34)
Aprenda a preparar uma receita dos deuses: ostra à milanesa


CULTURA (SM pág. 37)
Cientistas voltam os olhos para o Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí


TURISMO (SM pág. 42)
Acompanhe o passo-a-passo de uma viagem deslumbrante à Síria! Roteiro do médico Rodrigo Magrini


CARTAS (SM pág. 47)
Iniciativa da revista em papel reciclado recebe aprovação dos leitores


FOTOPOESIA (SM pág. 48)
Dante Milano, poeta modernista carioca


GALERIA DE FOTOS


Edição 49 - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009

HISTÓRIA (SM pág. 30)

Surge uma nova - e importante - área de atuação médica: a Medicina de Viagem

Medicina de Viagem cresce como área médica

Tânia Souza Chaves*

A Medicina de Viagem (MV), área de atuação médica iniciada informalmente na década de 80 e consolidada na seguinte, surgiu como resposta ao crescente deslocamento humano favorecido pela proliferação dos meios de transportes e do intercâmbio entre países – em diferentes áreas, da comercial à científica, passando pelo turismo. A prevenção de agravos à saúde de forma individual e o controle da disseminação internacional de doenças são os seus principais objetivos. O único país que reconhece a MV como especialidade médica é a Austrália – nos demais é área de atuação. Uma de suas características é a interface com diferentes especialidades médicas, como a clínica médica, pediatria, geriatria, obstetrícia, oncologia, doenças infecciosas e tropicais, epidemiologia e medicina tropical.

Os agravos à saúde dos viajantes resultam de exposições de várias naturezas, entre elas aos agentes infecciosos; ao ambiente (como a doença das altitudes, observada entre praticantes de alpinismo), aos riscos associados às doenças cardiovasculares, aos acidentes automobilísticos, aos afogamentos e à violência urbana. Segundo casuísticas europeias e americanas, as doenças cardiovasculares e os acidentes automobilísticos representam as principais causas de morte entre viajantes. As doenças infecciosas apresentam elevada morbidade, mas contribuem somente com 1% a 3% das mortes entre os viajantes. Entre 20% e 70% relatam algum problema de saúde no decorrer da viagem, sendo a diarreia do viajante o agravo mais comum. Estudos apontam que, durante deslocamentos internacionais, cerca de 1% a 5% deles procuram assistência médica. Entre os que visitam amigos e familiares, há maior incidência de agravos à saúde durante a viagem – provavelmente porque subestimam os riscos de adoecimento, permanecem fora das rotas turísticas e não aderem às medidas de prevenção recomendadas. A malária é um exemplo dessa situação, observada entre aqueles que buscam assistência médica no retorno à cidade de origem.

Aspecto fundamental dessa área é a informação atualizada em tempo real sobre a ocorrência de surtos e epidemias. O profissional envolvido deve acompanhar a velocidade das informações e a dinâmica da epidemiologia de doenças infecciosas e tropicais, que historicamente têm sofrido importação e exportação entre países, a exemplo do sarampo; as respiratórias, como a Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars) e a atual pandemia de Influenza A H1N1, ambas associadas, no início, às viagens aos países de origem da doença.


A médica Tânia Chaves, do Núcleo de MV, do Hospital Emílio Ribas

A informação atualizada também é necessária aos profissionais que orientam aqueles que se deslocam dentro do Brasil, devido à extensão territorial e a diversidade do ecossistema do país. A febre amarela é um exemplo, já que temos acompanhado, de forma surpreendente, a mudança da situação epidemiológica da doença, especialmente pela ocorrência de casos no Rio Grande Sul e São Paulo, Estados que há mais de 50 anos não apresentavam registro da circulação do vírus amarílico. Vale lembrar que, na investigação dos casos entre os acometidos em área rural, observou-se que estavam associados a deslocamentos para lazer ou trabalho – portanto, as viagens eram uma das condições favorecedoras da ocorrência da doença.

De caráter preventivo e educativo, a prática da Medicina de Viagem nos centros de assistência ao viajante no Brasil consiste em consulta médica antes do deslocamento. O profissional fornece informações sobre formas de transmissão das doenças e como minimizar os riscos de adoecimento durante as viagens. Essa fase aborda os diferentes riscos de exposição a doenças, por exemplo as transmitidas por água e alimentos como a diarreia do viajante, febre tifoide, parasitoses intestinais, Chagas e até poliomielite. Aborda ainda aquelas transmitidas por vetores (malária, febre amarela, dengue, febre maculosa e encefalite japonesa, entre outras), pelo ambiente e animais (como a raiva, um importante problema de saúde pública na Índia e China) e as sexualmente transmissíveis.

Os cuidados também abrangem a assistência ao viajante que retorna doente. As síndromes febris representam a principal demanda de retorno, sendo a malária a sua maior causa entre os que retornam da África Subsaariana e da América Central – segundo dados publicados por David Freedmann e colaboradores. Diarreia, manifestações respiratórias e lesões de pele também se destacam entre os agravos de retorno.


Viajantes: estudos apontam que menos da metade deles procura orientação médica antes de viajar

Entre os que procuram o Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto Emílio Ribas de São Paulo, o trabalho – nas áreas como a construção civil, da saúde e informática, entre outras – tem sido o principal objetivo de viagem.

O continente africano é o destino mais procurado, especialmente os países de língua portuguesa. A população atendida no núcleo nos últimos dez anos caracteriza-se por ter formação superior, condição que talvez favoreça a informação sobre a disponibilidade de serviços de medicina de viagem na cidade de São Paulo. A vacinação é uma das intervenções realizadas na consulta antes da viagem, porém não é a única. O regulamento sanitário internacional prevê a vacinação compulsória para algumas doenças em determinadas regiões – por exemplo, a febre amarela na América do Sul e África Subsaariana.

Estudos apontam que menos da metade dos viajantes procura orientação antes de viajar e, quando o fazem, boa parte recebe orientações inadequadas. Esse é um indicativo do quanto ainda há por fazer nessa área de atuação médica, tão recente quanto crescente.


Criação de entidades específicas consolida saúde do viajante

Principais endereços eletrônicos de Medicina de Viagem:
www.who.int
www.cdc.gov/travel
www.saude.gov.br/svs
www.cve.saude.sp.gov.br
www.sbmviagem.org.br

As práticas da Medicina de Viagem tiveram início nos Estados Unidos, Canadá, Suíça, Alemanha e Reino Unido. Embora a década de 80 seja considerada o marco inicial da área, há registros de sua prática na Europa desde o final dos anos 60.  A MV surgiu no âmbito dos serviços de Medicina Tropical e consolidou-se com a criação, em 1990, da Sociedade Internacional de Medicina de Viagem (ISTM) – que realiza conferências internacionais a cada dois anos e publica bimestralmente o Journal Travel Medicine. Posteriormente, a França e o Reino Unido criaram suas respectivas sociedades e departamentos. Em 2004, foi fundada a Sociedad Latino Americana de Medicina del Viajero (SLAMVI), o que demonstra a importância e a organização dos profissionais que atuam na área.

Principal entidade da área em nível global, a ISTM atua na criação de diretrizes para a redução de agravos e fornece informações atualizadas aos praticantes de Medicina de Viagem. Em conjunto com entidades, como a Organização Mundial da Saúde e o Centro de Controle de Doenças dos EUA, vem ajudando a implementar medidas de controle para evitar a disseminação internacional de doenças. A Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem se consolidou em dezembro de 2008, por ocasião do I Simpósio em Medicina de Viagem, realizado na cidade de São Paulo.

O Centro de Informação em Saúde para Viajantes (Cives), do Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi o primeiro serviço público especializado do Brasil. Entre 2000 e 2001 foram inaugurados, respectivamente, o Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e o Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP.

No Brasil, desde 2001, o tema faz parte da programação científica das sociedades brasileiras de Infectologia e Medicina Tropical. Os Estados de Pernambuco, Amazonas iniciaram a criação de serviços públicos para atenção ao viajante (geralmente atrelados às universidades). A Universidade Federal de Goiás está em fase final de implantação de um  centro. Em setembro de 2008 ocorreu a I Reunião Nacional de Saúde do Viajante em São Paulo. O encontro teve como um dos principais resultados a elaboração Carta de São Paulo, na qual firmou-se o compromisso de implementação das diretrizes nacionais na atenção à saúde do viajante no Brasil.


* Tânia Souza Chaves é responsável pelo Ambulatório dos Viajantes do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP e do Núcleo de Medicina do Viajante do Instituto de Infectologia Emílio Ribas e é secretária geral da Sociedade Brasileira de Medicina de Viagem.



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