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CAPA

EDITORIAL (SM pág. 1)
A mobilização nacional para a revisão do Código de Ética Médica, após 20 anos de existência do documento - por Henrique Carlos Gonçalves


ENTREVISTA (SM pág. 3)
Acompanhe a trajetória profissional e pessoal da pediatra marroquina Najat M’jid nesta entrevista exclusiva


SINTONIA 1 (SM pág. 8)
Web e atividade cerebral: nosso bem ou nosso mal? Tire aqui suas conclusões...


SINTONIA 2 (SM pág. 11)
Jornalismo na área da saúde: é preciso saber separar o joio do trigo antes de divulgar assuntos médicos


CRÔNICA (SM pág. 16)
Príncipe ou plebeu... qual opção lhe traria maior felicidade?!? Veja o que pensa Ruy Castro, em sua crônica, sempre inteligente e bem-humorada


AMBIENTE (SM pág. 18)
Alguns hospitais brasileiros são bons exemplos de atitudes positivas e eficazes na preservação da qualidade do meio ambiente


DEBATE (SM pág. 23)
Encontro sobre violência infanto-juvenil reúne duas especialistas no assunto, sob a mediação do conselheiro Mauro Aranha


EM FOCO (SM pág. 29)
Estação Ciência: passeio transforma visita em experiência única, possibilitando o contato direto - e descomplicado - com o universo científico


HISTÓRIA (SM pág. 32)
Acompanhe nossa visita virtual aos templos ecumênicos agregados a hospitais


CULTURA (SM pág. 36)
A arte e a ciência - que desafiam a lógica - do artista holandês Cornelius Escher


TURISMO (SM pág.40)
Casal de médicos dá dicas incríveis para uma viagem fantástica ao Parque Nacional da Serra da Canastra, em Minas Gerais


CABECEIRA (SM págs. 46 e 47)
Duas sugestões de leitura imperdíveis: O Presidente Negro e Venenos de Deus, Remédios do Diabo


CARTAS (SM pág. 47)
Acompanhe, nesta coluna, alguns comentários recebidos sobre a edição anterior


POESIA (SM pág. 48)
Trecho da obra Réquiem, II, do poeta Lêdo Ivo, foi escolhido para finalizar esta edição


GALERIA DE FOTOS


Edição 46 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2009

AMBIENTE (SM pág. 18)

Alguns hospitais brasileiros são bons exemplos de atitudes positivas e eficazes na preservação da qualidade do meio ambiente

Hospitais também cuidam da saúde do planeta

Alguns serviços do Estado já fazem mais do que manda a lei

Assim como as indústrias, as instituições de saúde geram grandes quantidades de lixo. Segundo estudo do IBGE, o Brasil produz cerca de 240 mil toneladas de resíduos diariamente, sendo 4 mil toneladas apenas pelos serviços de saúde.  Boa parte do material descartado poderia ser reciclada, evitando a devastação de grandes áreas naturais para extração de matérias-primas. Outro vilão ambiental dos serviços de saúde são as chamadas fontes de energia “suja”.
 
O último estudo do IBGE sobre o assunto, de 2000, apontou que somente 14% das cidades brasileiras tratavam adequadamente seus resíduos hospitalares. De­pois desse levantamento, o tratamento passou a ser regulamentado no país, pela RDC 306/04 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e pela Resolução 358/05 do Conselho Nacional de Meio Ambiente, ligada ao Ministério do Meio Ambiente. Ambas as resoluções exigem que toda instituição de atenção à saúde, humana ou animal, tenha um plano de gerenciamento – com o acompanhamento desde a produção até a disposição final de todos resíduos produzidos pelo estabelecimento, visando diminuir seu impacto ao meio ambiente e à população em geral.


Detalhe do armazenamento dos resíduos no Hospital Edmundo Vasconcelos 

No Estado de São Paulo alguns hospitais fazem a lição de casa e um pouco mais. Entre os bons exemplos estão o programa de tratamento de fluídos radioativos do Hospital Edmundo Vasconcelos; a criação da Comissão de Gerenciamento de Resíduos do Hospital Geral de Pirajussara que também desenvolve um trabalho ambiental com a comunidade; e o sistema de tratamento e reaproveitamento da água do Hospital Unimed de Sorocaba. Há, ainda, alguns projetos premiados como o de aquecimento solar da água do Hospital Geral de Pedreira e o Plano de Gerenciamento de Resíduos do Hospital de Clínicas Luzia de Pinho Melo.

No Edmundo Vasconcelos, na Capital, o plano de gerenciamento de resíduos comuns, como papel e plástico, começou há dez anos, depois, outros foram agregados. Um deles é do óleo de cozinha saturado que antes era jogado no esgoto e passou a ser vendido para fabricantes de produtos de limpeza. O hospital chega a coletar 2.850 litros de óleo saturado ao ano. Cada litro de óleo que deixa de ir para o esgoto evita que 200 mil litros de água sejam contaminados. Cumprindo as exigências legais, o li­xo infectante do hospital passa por um processo de incineração no qual 99% das bactérias são eliminadas, antes de ser encaminhado aos aterros sanitários. Outra medida importante é a coleta e tratamento de fluídos – de prata e borato sódio – provenientes dos aparelhos de raio-x. Os resíduos exigem tratamento específico e têm destinações diferentes. A prata tem alto valor, sendo filtrada e revendida no mercado. O borato de sódio, um composto químico nocivo à saúde humana, precisa ser armazenado em locais adequados para sua neutralização.


Coletor de óleo saturado, que é transformado em produto de limpeza

Outras medidas, apesar de menos significativas, trazem economia para o hospital. A instalação de torneiras com fechamento automático, por exemplo, reduziu em 40% os gastos com água. Desde 1998, todo funcionário do hospital passa por um treinamento de gestão ambiental. Há uma comissão interna de meio ambiente e as estratégias e ações são decididas em assembleias.

“Infelizmente, o paciente ainda é um pouco reticente nessa missão. Por mais que se distribua folders, nem sempre conseguimos monitorar a adequada separação dos resíduos pelos pacientes”, afirma João Gonçalves, engenheiro do trabalho e responsável pelo Plano de Gerenciamento de Resíduos do hospital.

No Hospital Geral de Pirajussara, em Taboão da Serra, desde sua inauguração há dez anos, todo resíduo sólido reciclável – papel, plástico, vidro e metais – é recolhido e encaminhado para empresas credenciadas que os transformam em novos produtos, segundo Maria Olívia Lenharo, coordenadora da Comissão Interna de Gerenciamento de Resíduos. Ela lamenta que ainda há muito preconceito por parte das empresas recicladoras com o material hospitalar. As embalagens de soro, por exemplo, são jogadas fora, mas poderiam ser reaproveitadas sem causar riscos à saúde pública, se adequadamente tratadas ou processadas. Na instituição, os dejetos biológicos passam por tratamento de cloração e desinfecção antes de serem descartados no esgoto comum. Em 2001, o Pirajussara criou a Comissão de Gerenciamento de Resíduos, que reúne semanalmente 15 funcionários de diferentes seções, para discutir e adequar juntamente com um engenheiro ambiental os projetos da instituição às normas regulamentadoras.


Iniciativa do Hospital Geral de Pirajussara, na coleta de recicláveis, que envolve a participação da população da região 

Esses funcionários têm de levar os conhecimentos adquiridos nas reuniões para seus setores e colocar os projetos em prática. Com o dinheiro da venda dos recicláveis, a comissão consegue produzir folhetos educativos e promover eventos. Com esse dinheiro também já comprou 1.500 canecas personalizadas, distribuídas entre os funcionários para reduzir o uso de copos descartáveis – que levam em média 50 anos para se decompor na natureza.


Tratamento de resíduos biológicos na região do Hospital Geral do Pirajussara

Segundo Olívia, quando o hospital se instalou na região, a população local sofria pela deposição incorreta de lixo, que provocava enchentes nas imediações do córrego Pirajussara, causando problemas de saúde e habitação aos moradores. Para reverter o quadro, a instituição fez um projeto de educação ambiental e de saúde junto à comunidade. “Hoje a comunidade tem outra visão sobre o meio ambiente.


Após o parto, mães ganham mudas de árvores (Hospital Geral de Pirajussara)

As crianças de quatro ou cinco anos falam que não se pode jogar lixo na rua porque vai alagar o córrego”, comemora Olívia. “Já não temos mais escolha, ou preservamos ou morremos. Ou cuidamos do nosso lixo ou nossos netos não terão Brasil”, conclui. No hospital, após o parto, todas as mães recebem uma muda de Ipê como presente. Olívia alerta que o Brasil só tem espaço físico para descartar resíduos por mais 50 anos.

O Brasil concentra cerca 12% de toda água doce do mundo, o que não significa água limpa em abun­dância. A má distribuição e a poluição reduzem esse recurso vital. O Hospital Unimed de Sorocaba, além da separação dos recicláveis e destinação correta dos infectantes químicos e comuns, mantém desde sua inauguração, há 13 anos, um sistema de tratamento de efluentes líquidos antes de despejá-los no esgoto. Parte da água tratada volta para a irrigação de jardins, canteiros e vasos de plantas. Outro programa é o de reciclagem da água utilizada para geração de vácuo no sistema de esterilização dos materiais cirúrgicos por autoclave.

A água antes era descartada, mas agora volta a um reservatório, sendo reutilizada no mesmo processo. “É sistema altamente seguro, pois a água não entra em contato com os materiais cirúrgicos. O procedimento reduziu o consumo de 900m³, para 150m³ de água por mês”, comemora Patrícia Bezerra da Silva, coordenadora de gestão ambiental do Unimed de Sorocaba. Para envolver funcionários e pacientes nos projetos, a Comissão de Gerenciamento de Resíduos desenvolve, há três anos, um simpósio sobre meio ambiente. Na edição de 2008 focou as discussões na gestão ambiental dos procedimentos de hemodiálise. Em 2009, o hospital pretende desenvolver um projeto de reutilização da água da hemodiálise, cerca de 250m³ por mês, em descargas de vasos sanitários.

Lição de casa premiada
Para incentivar essas ações, a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo criou o prêmio Amigo do Meio Ambiente que reconheceu, em setembro de 2008, 16 instituições de saúde por seus projetos ambientais. Os participantes foram julgados por uma comissão que avaliou a originalidade, a relação custo/benefício e os resultados alcançados. “O principal objetivo da premiação é criar a cultura de preservação nas instituições e conscientizar as pessoas que mesmo as ações simples podem resultar em redução de impactos ambientais”, declarou Ricardo Tardelli, coordenador de serviços de saúde da Secretaria de Estado da Saúde.


Painéis solares de aquecimento de água do Hospital de Pedreira

O Hospital Geral de Pedreira, um dos premiados, apresentou um projeto simples, barato e altamente econômico: o aquecimento de água por energia solar, que resultou numa economia média de R$ 6 mil mensais. O engenheiro Marcos Lúcio Oliveira, autor do projeto, informa que a implantação dos painéis custou em torno de 130 mil reais. Os investimentos financeiros serão abatidos em médio prazo, já os benefícios ao meio ambiente pela utilização de fonte limpa de energia, são imediatos. Em maio de 2007, o mesmo hospital recebeu do Ministério do Trabalho e Emprego uma “Menção Honrosa” pela eliminação do uso de aparelhos contendo mercúrio na área hospitalar, contribuindo com a saúde dos funcionários e a preservação do ambiente. Há também coleta seletiva em todas as dependências do hospital e, do lado de fora, uma caçamba fica aberta para a vizinhança depositar resíduos recicláveis.

O Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, transformou 1.200 funcionários em “fiscais do meio ambiente”. Com esse projeto, a instituição ganhou o prêmio da Secretaria da Saúde. Assim como no Pirajussara, a presença de um engenheiro ambiental contribuiu muito para a adequação dos projetos do Luzia de Pinho Melo, às leis específicas do setor.

As principais substâncias perigosas ou químicas passaram a ser incineradas ou encaminhadas para depósitos apropriados. As pilhas de relógios, controles remotos e outros aparelhos eletrônicos que têm componentes perigosos como chumbo, mercúrio e cádmio foram substituídas por pilhas ecologicamente corretas. As baterias dos equipamentos médico-hospitalares são reencaminhadas ao fabricante para descontaminação e recuperação. Mais de 540 mil quilos anuais de películas de raio-x antes descartadas, agora são entregues para uma empresa que as transformam em embalagens para presentes, minimizando danos ambientais. Todas as lâmpadas fluorescentes queimadas (em média, 2.500 por trimestre) são encaminhadas às indústrias de reaproveitamento para produção de cerâmica e outros derivados de vidro.

O hospital coletou e vendeu 14.400 quilos de prata em 2007 e, com o dinheiro, trocou os 530 termômetros de mercúrio e medidores de pressão por aparelhos digitais, diminuindo os riscos de contaminação do solo e dos lençóis freáticos. Também recolheu cerca de 240 litros de óleo de cozinha saturado que se transformaram em produtos de limpeza. Da coleta seletiva que separou mais de 36 toneladas de resíduos recicláveis no ano, obteve-se recursos em dinheiro empregados na pediatria e na brinquedoteca do hospital – na qual pais e crianças aprendem a fazer brinquedos com materiais recicláveis.


Detalhe da sala de recreação da Pediatria do Hospital  Luzia de Pinho Melo, construída com recursos da coleta seletiva (tem brinquedos de sucata) 

Mara Dameto Barros, gestora ambiental do Luzia de Pinho Melo, conta que o motivo inicial das ações ambientais do hospital foi a preocupação com o fato de a instituição estar muito próxima à nascente do rio Tietê e ao Cinturão Verde de São Paulo. Ela também reclama da baixa adesão dos pacientes ao programa ambiental do hospital, mas considera que é uma questão de tempo e de estratégia adequada para arrebanhá-los à causa. 




(Colaborou Renan Carvalhais)


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