CAPA
CONJUNTURA
Pesquisas negligenciam doenças de populações pobres
EDITORIAL
Presidente do Cremesp espera que a palavra "saúde" não se restrinja aos brindes de final de ano
ESPECIAL
Profissionais de comunicação falam das dificuldades para cobrir a área de saúde
CRÔNICA
Milton Hatoum fala sobre um fato que inspirou cena de "Cinzas do Norte"
MEIO AMBIENTE
São Paulo deu as costas para o Tietê, ao contrário de outras grandes metrópoles como Paris, Londres ou Chicago, crêe autor
DEBATE
Cremesp promove debate para discutir mudanças sobre medicamentos manipulados
SINTONIA
Confira aspectos sobre o impacto da doação de órgãos em familiares
HISTÓRIA DA MEDICINA
Meningite, a epidemia que a ditadura não conseguiu esconder
EM FOCO
Filha de Durval Marcondes mostra carta de Freud a seu pai
CULTURA
Grafiteiro e fotógrafa criam nova modalidade de arte, a fotografite
ACONTECE
São Paulo ganha mais um Niemeyer
LIVRO DE CABECEIRA
Médica da Unifesp fala da obra "A Falsa Medida do Homem"
HOBBY DE MÉDICO
Médica domina técnica de produção de papel japonês feito à mão
CARTAS & NOTAS
Veja como pensam nossos leitores e quais foram as referências bibliográficas usadas
FOTOLEGENDA
Uma imagem da estátua do Cristo Redentor foi projetada na fachada da Catedral de Notre Dame em Paris
GALERIA DE FOTOS
EDITORIAL
Presidente do Cremesp espera que a palavra "saúde" não se restrinja aos brindes de final de ano
O objetivo de apresentar uma publicação em sintonia com o seu tempo, tanto no conteúdo como na forma, tem sido um exercício prazeroso. O empenho é recompensado pelas cartas dos leitores aprovando as mudanças na apresentação gráfica da revista, iniciada há três edições e aprimorada a cada uma delas. Agora, vamos ao conteúdo. Destacamos nesta edição um artigo sobre doenças negligenciadas, assim chamadas por não serem alvo de investimentos dos setores público e privado, e para as quais as terapêuticas inexistem ou são inadequadas. A organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras vem fazendo uma ampla pesquisa sobre essas doenças e os resultados mostram um cenário nefasto. Fazem parte desta categoria a Doença de Chagas, leishmaniose, malária e tuberculose, só para citar algumas. Menos de 1% dos medicamentos desenvolvidos nos últimos 25 anos foi destinado a essas enfermidades. A grande indústria não se interessa por esse mercado por considerá-lo menos lucrativo.
As doenças negligenciadas atingem principalmente os países pobres – e o desequilíbrio entre as necessidades e a disponibilidade de remédios é fatal para suas populações. As entidades médicas têm o dever de cobrar respostas do poder público para situações como esta. Nesse sentido, o Cremesp e mais seis Conselhos de Medicina das regiões Sul e Sudeste vão encaminhar ao governo a proposta “menos dívida e mais saúde”, que pede a redução do superávit primário – atualmente em torno de 4,25% do PIB, visando reduzir a relação dívida pública/PIB – para no máximo 4% do PIB. A diferença deve ser aplicada em programas sociais, em especial da área da saúde.
A proposta “menos dívida e mais saúde” faz parte da “Carta Sul-Sudeste”, documento aprovado ao final do Encontro dos Conselhos de Medicina do Sul e Sudeste, realizado entre 3 e 5 de novembro no auditório do Cremesp. Além dos sete Estados organizadores, o evento contou este ano com a participação de representantes de mais 14 Conselhos Regionais do país. Tivemos a oportunidade de debater assuntos de interesse dos médicos e conhecer um pouco mais das várias realidades existentes em nosso imenso Brasil. Guardadas as diferenças regionais, os grandes problemas sãos os mesmos, aqui ou acolá. Saímos do encontro fortalecidos e unidos para os desafios impostos ao conjunto dos médicos. Um dos painéis do evento, sobre o tema mídia e Medicina, mostrou que temos de transpor grandes dificuldades para que as informações de saúde cheguem à população de forma equilibrada. Jornalistas especializadas de veículos da grande mídia vieram ao Cremesp, onde foram sabatinadas pelos conselheiros e expuseram suas dificuldades para cobrir a área. O grande número de novas drogas disponibilizadas, a linguagem excessivamanete técnica dos médicos e os conflitos de interesses das indústrias farmacêuticas, são alguns dos pontos problemáticos apontados.
Com a democratização do conhecimento, a divulgação de assuntos médicos deixou de ser privilégio das revistas científicas. A demanda por informações de saúde está em franco crescimento e a imprensa leiga desempenha um importante papel em fazê-las chegar à população. Médicos e jornalistas precisam melhorar a qualidade e a confiabilidade das informações para que estas se transformem em benefício para a sociedade. Neste número da revista apresentamos um resumo desse painel.
Esperamos que o colega desfrute da leitura desta Ser Médico que traz muitos assuntos interessantes como um debate sobre farmácias de manipulação e uma matéria sobre o hobby de uma colega médica que faz papel artesanal japonês, entre outras.
Aproveito a oportunidade para desejar um ano novo de realizações a todos os médicos do Estado de São Paulo. E que a palavra saúde não ocupe apenas os brindes de final ano, integrando a agenda de prioridades de 2006.
Isac Jorge Filho
Presidente do Cremesp