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    30-05-2023

    Evento - 2º dia

    Aspectos éticos em Anestesiologia, UTI e Psiquiatria estiveram em pauta no 1º Congresso de Medicina do Cremesp

    O 1º. Congresso de Medicina do Cremesp – Inteiração entre a Ética e a Prática Médica teve o prosseguimento de suas atividades no dia 27 de maio, com dinâmica semelhante à do dia anterior, com mesas redondas de cunho técnico, seguidas de discussões nos quais foram usados exemplos de infrações ao Código de Ética Médica.  Entre os temas abordados estiveram anestesiologia, abdome agudo e urgência, traumatismo cranioencefálico e psiquiatria, entre outros. Fez parte ainda do evento o simpósio para lançamento da 2ª. edição da Journal of Medical Resident Research (JMRR).

    Um dos destaques do dia foi a conferência de abertura Conflitos éticos contemporâneos e a Medicina, proferida por Luiz Felipe de Cerqueira e Silva Pondé, filósofo, escritor, ensaísta, professor universitário, que entre vários questionamentos, opinou: “As questões de ética e Medicina sempre correm o risco de desaguar em âmbito jurídico”, considerando que existe hiperativismo jurídico nas relações interpessoais e profissionais. 

    O filósofo também falou sobre as grandes plataformas e mídias sociais, que estão desgastando, paulatinamente, os limites da publicidade médica. “A vocação das redes é menear as relações institucionalizadas. É uma dinâmica natural dessa funcionalidade”, completou. Ao fim da sua aula, Pondé enfatizou que as relações sociais no século XXI são dominadas por trocas, serviços. Dessa forma, a ética vai se tornando uma “antessala dos riscos contratuais”, inclusive na Medicina.

    Anestesiologia

    Aspectos éticos na anestesiologia foi o tema da palestra proferida por Edson Umeda, delegado do Cremesp, na qual falou sobre a importância do prontuário médico, da avaliação pré-anestésica e da aplicação do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. “Com o Termo, o médico se protege e explica ao paciente o procedimento a ser realizado”, completou. Já o médico e advogado, Irimar de Paula, abordou as resoluções que determinam as condições mínimas de segurança para a prática da anestesia e reduzem os riscos ao paciente.

    A mesa, presidida por Wagmar Barbosa, coordenador do Departamento de Comunicação do Conselho, também foi marcada pela discussão ética de dois casos de denúncias recebidas pelo Cremesp, um deles sobre não comparecimento ao plantão médico e não atendimento às solicitações do Cremesp, e outro sobre negligência médica.

    Traumatismo Cranioencefálico 

    Um dos assuntos abordados durante a mesa-redonda Traumatismo Cranioencefálico referiu-se a particularidades em traumas em crianças que chegam aos prontos-socorros, os quais cerca de 70% são benignos. Conforme neurocirurgiã Nelci Zanon Collange, membro da Câmara Técnica de Neurologia, Neurocirurgia, Neuropediatria do Cremesp, entre as dúvidas iniciais de quem presta o atendimento figuram quem será internado; quem será “tomografado”; e quem será mandado para casa. “Se conseguirmos responder a essas questões, estará de bom tamanho”. 

    Segundo ela, as crianças têm muitos traumatismos cranianos ou em virtude de seu osso ser frágil; ou pela fontanela ainda estar aberta; ou por conta da desproporção crânio-corporal nessa faixa etária, destacou, durante essa atividade presidida por Pedro Sinkevicius Neto, Tesoureiro do Conselho e Membro da Câmara Técnica de Psiquiatria. Para falar sobre Traumatismo Cranioencefálico do adulto participou neurocirurgião Roger Thomaz Rotta Medeiros, que revelou que uma grande quantidade de traumas observados no PS envolvem concussões, processos fisiopatológicos nos quais o paciente apresenta alteração na função cerebral, sem anormalidade identificável no exame de imagem. 

    Coube ao neurologista Paulo Henrique Aguiar, professor livre-docente pela USP e também membro da Câmara Técnica de Neurologia, Neurocirurgia, Neuropediatria do Conselho falar sobre Hemorragia Cerebral, em especial, hemorragia meníngea, a qual traz muitas dúvidas no PS, em especial, entre os “médicos jovens, com pouco tempo de formação, ainda sem especialização, em plantão no interior, e que deixam passar despercebidos casos importantes, liberam, por exemplo, paciente alcoolizado com trauma de crânio, que depois volta em coma”. 

    A mediação desta mesa foi a presidente Irene Abramovich, neuropediatra, que trouxe ao debate um caso de um paciente com traumatismo de crânio que, talvez por um erro de julgamento e diagnóstico de três médicos (estava alcoolizado), veio a óbito sem atendimento. 

    Dor Abdominal: Abdômen agudo no atendimento de urgência

    A mesa redonda sobre o tema foi presidida por Wagmar Barbosa, coordenador do Departamento de Comunicação do Cremesp do Cremesp e mediada por Angelo Vattimo, 1º.  Secretário do Cremesp e cirurgião coloproctologista. 

    Pedro Borges, diretor Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein, trouxe a definição de abdome agudo, que corresponde à “dor na região abdominal, não traumática, de aparecimento súbito e intensidade variável, associada ou não a outros sintomas”. Em geral, cursa em horas, até quatro dias, não ultrapassando sete dias, necessitando de intervenção médica imediata, cirúrgica ou não.  Ao seu lado estava Antônio Couceiro Lopes, cirurgião do aparelho digestivo e coloproctologista, falando sobre abdome agudo obstrutivo, emergência médica que, se não diagnosticada precocemente e não tratada de maneira adequada, pode levar a complicações graves, como perfuração intestinal, sepse e até morte. “Pode ser causada por uma variedade de fatores incluindo aderências, hérnias, tumores, volvos e impactação fecal”, explicou. 

    Coube a Angelo Vattimo trazer os casos para discussão ética. Em um deles, um paciente com sintomas de abdome agudo percorreu dois serviços em sete dias, com piora progressiva do quadro, recebendo diagnósticos diversos de cinco médicos que participaram do atendimento, dois deles, cirurgiões. Já em sepse, só recebeu a intervenção necessária ao evadir-se do hospital em que estava internado e procurar atendimento “por meios próprios”. 

    Quadros Vasculares Agudos 

    Conduzida pelo tesoureiro do Cremesp, Pedro Sinkevicius, a mesa redonda contou com aula sobre Trombose venosa profunda, ministrada pelo cirurgião vascular Carlos Varela, que apresentou o cenário, causas, sintomas, tratamento e o diagnóstico da doença. “O histórico familiar do paciente pode nos dizer mais sobre a trombose do que os exames genéticos para fazer a pesquisa”, explicou. O também cirurgião vascular Celso Bregalda discorreu sobre a efetividade do diagnóstico diferencial e dos cuidados iniciais no tratamento da Oclusão arterial aguda.

    A importância do prontuário médico e do comprometimento foram lições tiradas na etapa de discussão ética, com casos clínicos apresentados pelo coordenador das Delegacias do Interior do Cremesp, Rodrigo Souto de Carvalho.

    Residência Médica - Por que fazê-la? 

    A mesa redonda, presidida por Angelo Vattimo e moderada por Irene Abramovich, foi iniciada pela coordenadora do Serviço de Hematologia e TMO na Hospital Brigadeiro/Hospital de Transplantes E.J.Zerbini, Leila Perobelli, que enumerou as dificuldades para ingresso na Residência, devidas ao aumento de escolas médicas e do número de médicos formados anualmente. “A falta de financiamento de bolsas e de moradia para os residentes são os principais causadores das vagas ociosas na Residência”.

    Lucas Brito, membro da Associação dos Médicos Residentes do Estado de São Paulo (AMERESP), comentou sobre as incertezas dos recém-formados e a importância da qualidade educação médica. A presidente da Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Viviane Peterle, apontou a complexidade da residência médica e os pilares para o exercício profissional ético da Medicina.

    Noções de direitos médicos. Documentos Médicos

    Na mesa redonda que deu foco às noções de documentos médicos foram apresentados os documentos que envolvem a prática médica, como prontuário, termo de consentimento e laudos, obrigatórios e importantes, inclusive na defesa do médico. Irimar de Paula Posso, médico e advogado, lembrou também que a Telemedicina trouxe uma série de inovações, mas que as regras sobre documentação médica permanecem idênticas, resguardando o sigilo e a segurança do paciente. O prontuário deve ser preenchido pelo médico, evitando siglas e abreviações desconhecidas. Tomas Tenshin Sataka Bugarin, chefe da seção de Processos Ético-Profissionais do Cremesp, orientou que o termo de consentimento precisa ser solicitado em qualquer intervenção médica, com informações adequadas, no qual o paciente (mesmo que adolescente) exterioriza, de forma prévia e voluntária, sua permissão.

     “O limite da recusa do paciente por determinados procedimentos é a situação de urgência. Quando chega neste patamar, a vontade do paciente cai e o médico tem a obrigação de salvá-lo”, orientou Wagmar Barbosa de Souza, coordenador da Assessoria de Comunicação do Cremesp. 

    Aspectos éticos na psiquiatria I e II

    Duas mesas redondas foram direcionadas ao debate de Ética em Psiquiatria, com especialistas nesta área, que também são membros da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho. Foi presidida por Rodrigo Lancelote Alberto, corregedor do Cremesp e mediada por Maria Alice Saccani Scardoelli, vice-presidente e vice-corregedora interina da Casa. 

    No decorrer de sua apresentação, sobre Urgências e Emergências Psiquiátricas – aspectos Éticos na Prática Clínica, Diego Tavares trouxe cinco casos dos quais tomou conhecimento em sua prática clínica, em que houve claras infrações éticas. Um deles, por exemplo, envolveu paciente bipolar, homossexual e HIV positivo, com intensa atividade sexual, cujo sigilo foi quebrado pela médica que o acompanhava, ao concordar em passar estas informações à mãe dele, sem o devido consentimento.  

    Já Quirino Cordeiro Jr. ao discorrer sobre princípios éticos aplicados às internações psiquiátricas, informou que 6,8% da população prisional comum – ou seja, cerca de 48 mil pessoas – apresentam quadros mentais graves. Somados aos que já têm medida de tratamento decretada, é estimado que esses números abarquem 62 mil doentes mentais no cárcere, com quadros psicóticos e graves transtornos de humor. "Se quisermos reverter a situação temos que solucionar o problema da falta de leitos psiquiátricos”. 
    Na discussão ética do Caso, Maria Alice trouxe uma denúncia do Ministério Público, que acusa diretor técnico de clinica psiquiátrica de maus tratos a pacientes e internação involuntária. 

    A mesa redonda seguinte foi presidida pela vice-presidente do Cremesp e moderada por Pedro Sinkevicius Neto, psiquiatra e tesoureiro da Casa. Participou Ivete Gattás, psiquiatra da infância que e adolescência na Unifesp, que abordou aspectos éticos inseridos no diagnóstico e prescrição de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e Transtorno de Déficit de Atenção/ (TODA/H), na qual criticou modismos incentivados por médicos e outros profissionais da Saúde, como yoga, suplementação com ômega 3, dieta sem glúten e equoterapia. “Não nos cabe ser contra ou a favor do método e, sim, buscar evidências científicas”. 

    Hilda Clotilde Morana, médica perita do Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo, falou sobre a ética nos registros e documentos médicos em psiquiatria. Destacou, por exemplo, que o compromisso do psiquiatra forense é com a psiquiatria, não com o paciente, e que, ao realizar laudo pericial, o médico não está adstrito ao sigilo. 

    Publicidade médica

    Muitos médicos jovens têm utilizado as redes sociais, em grande escala, para divulgar seus trabalhos, assim como aqueles que pretendem renovar seus consultórios, ambos nem sempre de forma ética. Fábio Sgarbosa, delegado do Cremesp na Regional de Bauru, abordou em sua palestra as Resoluções CFM 1.974/11 e a 2.126/15, que estabelecem os critérios norteadores da propaganda em Medicina, enfatizando que é vedado ao médico expor pacientes — mesmo com a permissão deles —, postar imagens de “antes e depois” de cirurgias e outros procedimentos e utilizar-se de autopromoção ou sensacionalismo para individualizar sua atuação. Para Luciano Chaves, cirurgião plástico, a Cirurgia Plástica e a Dermatologia são as especialidades que mais cometem infrações por publicidade médica, especialmente porque as redes sociais criaram “celebridades da Medicina”. “Isso têm impactado a realidade dos demais médicos, uma vez que esses profissionais captam maior número de pacientes, embora muitos não tenham a especialidade ou nem mesmo sejam médicos”, afirmou, apontando a concorrência desleal. Moderador do debate, Wagmar Barbosa de Souza, coordenador da Assessoria de Comunicação do Cremesp, informou que o Cremesp fez o Manual de Boas Práticas nas Redes Sociais para Médicos, para orientar sobre a correta condução da divulgação médica nas mídias online.

    Relação Médico paciente na UTI 

    A relação médico-paciente na UTI e com outros médicos foi focalizada em mesa redonda presidida por Maria Alice Saccani Scardoelli, vice-presidente e vice-corregedora Interina do Cremesp, e mediada por Maria Camila Lunardi, 2a.Secretária Secretária.

    Participaram Sandra Gomes de Barros, coordenadora de UTI de especialidades clínicas no HSP/Unifesp, que mencionou os desafios de agregar quatro disciplinas em só uma UTI, os quais foram vencidos com diálogo, união de esforços e troca de experiências. “A relação médico-paciente é composta por expectativas e esperanças”, opinou; e Bárbara Carneiro, intensivista no Hospital das Clínicas e no Hospital Israelita Albert Einstein, que ponderou que os médicos de sua especialidade estão acostumados com uma natureza transitória do atendimento. “Criamos vínculos com aqueles com passagem mais prolongada em UTI, mas temos que encarar o fato de que não somos os médicos que o paciente escolheu”. 

    Medicina e Felicidade

    O urologista Miguel Srougi substituiu o relato de sua experiência e ampla atuação na especialidade para falar de outro aspecto importante para todos: a procura da felicidade num mundo em transformação. Ele comentou que os avanços tecnológicos dos últimos 30 anos deveriam reduzir custos e oferecer mais qualidade de vida. Mas o que aconteceu foi o desemprego, a diminuição da classe média e a polaridade entre aqueles que dominam ou não a tecnologia. Essa situação estaria gerando sensações de insegurança, abandono e a divisão da sociedade em ideias extremistas, com riscos à democracia no mundo todo. E que isso também está acontecendo com os médicos, gerando burnout, em todas as especialidades, por conta da perda de autonomia, desencanto com a supremacia dos gestores, diminuição do respeito, sociedade injusta, dissociação aprendizado-prática, menores proventos, violência etc. “Apesar disso, o papel do médico é insubstituível e alguns hospitais já perceberam isso, disputando a contratação de bons profissionais”, comentou. Ele também fez uma comparação entre as gerações e as formas como encaram o trabalho na Medicina, recomendando a eles que invistam na comunicação com o paciente e na liderança, que busquem uma subespecialização, deem atenção às novas tecnologias, façam estágios de aperfeiçoamento e estudem intensamente e em processo contínuo. No final de sua exposição, Srougi recebeu uma placa da presidente do Conselho, Irene Abramovich, que consagra médicos que muito contribuíram para a saúde da população no País. 

    Confira as fotos do evento

    Fotos: Luciana Cássia
     


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