O papel dos Conselhos Regionais de Medicina (CRMs) durante a pandemia de covid-19 foi discutido pela presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Irene Abramovich, em 8 de setembro, durante o evento online "O médico, a pandemia e os crms", promovido pelo Colégio Brasileiro de Cirurgiões (CBC).
Para Irene, a importância dessas entidades evidenciou-se logo nos primeiros episódios envolvendo o novo vírus, já que, de imediato, ele apresentou-se como um enorme desafio — em decorrência de sua singularidade e ineditismo— para a comunidade médica, que claramente teria atuação fundamental em seu enfrentamento. "Desde o início da pandemia o Cremesp se empenhou em trazer informações atualizadas aos médicos, como forma de instrumentalizar esses profissionais que, até então, quase não tinham conhecimento sobre o vírus", comentou.
Ações do Cremesp
As diversas ações do Conselho, frente à covid-19, foram destacadas pela presidente, como a realização de inúmeras aulas online, ministradas por especialistas, que abordaram temas como aspecto clínico da doença, intubação orotraqueal e ventilação mecânica, além da criação de um hotsite (covid-19@cremesp.org.br), especialmente voltado ao coronavírus, com notícias, recomendações, artigos científicos, entre outros. Foram instituídos, também, canais específicos para o encaminhamento de dúvidas e denúncias, por meio do e-mail covid-19@cremesp.org.br e número de WhatsApp (11) 98286-3722.
"Outro feito importante do Conselho foi em relação às fiscalizações nos hospitais. Visitamos diversos locais, justamente para verificar se possuíam Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) suficientes e as devidas condições de trabalho para os profissionais da linha de frente", apontou, mencionando também que, em alguns casos, após a identificação de irregularidades, os diretores eram diretamente contatados pelo Cremesp, que estipulava um prazo para que todos os problemas fossem corrigidos — caso contrário, seria aberta sindicância.
Efeitos da pandemia
A regulamentação da Telemedicina e seu papel durante a pandemia também foram alvos de debate. Segundo Irene, esta modalidade de atendimento está muito usual no momento atual, já que permite uma assistência médica segura, sem que haja a necessidade do paciente se deslocar até o hospital, tendo em vista o provável risco de contágio pelo novo vírus. No entanto, a médica observa este cenário com certa preocupação, pois crê que o contato presencial é fundamental para a relação médico-paciente, não podendo ser substituído pelo meio digital.
Ao final do evento, a presidente do Cremesp comentou sobre a politização da conduta médica na covid-19, que trouxe consigo diversos equívocos e desinformações, uma vez que o uso de determinados medicamentos para tratamento da doença foi associado à ideologias e partidarismos, mesmo não havendo nenhuma medicação comprovadamente eficaz no combate ao coronavírus.
Embora a pandemia tenha gerado inúmeros desafios, Irene acredita que tenha resultado em um grande ganho — a valorização e o reconhecimento do trabalho dos médicos e profissionais da saúde, que agora, mais do que nunca, é primordial. Além disso, as diversas ações por parte do Conselho, em prol da boa Medicina e da população, demonstraram que a autarquia é a casa do médico, não sendo um órgão apenas de viés punitivo, de registro e fiscalizatório.
O evento online foi transmitido pelo canal do YouTube do CBC, e contou com organização do conselheiro do CFM, Leonardo Emilio, e com a participação do conselheiro federal e regional por Pernambuco, André Dubeux; do presidente do Conselho Regional de Medicina de Goiás (Cremego), Paulo Vencio; do conselheiro federal e regional por Rondônia, Cleiton Bach, do professor da Universidade Federal de Goiás, Renato Melo e do assessor jurídico Antônio Couto.
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