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    03-04-2018

    Evento

    Simpósio Internacional de Qualificação Médica discute melhorias no ensino médico

     O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp) promove, em parceria com o Sírio-Libanês e o National Board of Medical Examiners (NBME), o Simpósio Internacional de Qualificação Médica 2018. O evento acontece nesta terça feira (03/04), no auditório do Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa.

    O simpósio tem como principal tema a cultura da avaliação. A proposta é discutir ações que possam contribuir para uma maior qualificação do ensino médico, buscando melhorias nas grades curriculares das escolas médicas e na capacitação do corpo docente.

    O presidente do Cremesp, Lavínio Nilton Camarim, participou da cerimônia de abertura ao lado de Luiz Fernando Reis, diretor de pesquisa do Hospital Sírio-Libanês, e Peter Katsufrakis, presidente do NMBE. Camarim falou sobre a necessidade de reavaliação da abertura de novas escolas médicas no Brasil e a qualidade de formação dos médicos. "Nós temos que discutir esse assunto com muita maturidade. Um evento como esse vai surtir efeito positivo no nosso País", concluiu.

    Bráulio Luna Filho, primeiro secretário e coordenador do Exame do Cremesp, explicou o funcionamento da prova, além de analisar o desempenho dos participantes de 2017. Luna Filho falou, ainda, sobre o progresso que o exame trouxe para a cultura da avaliação no País e sobre a importância da campanha pelo Exame Obrigatório. "Está no DNA do Cremesp a defesa da sociedade", disse.

    No período da manhã, também palestraram Nuno Jorge Carvalho Sousa, diretor do curso de Medicina da Escola de Ciências da Saúde da Universidade do Minho, em Portugal; Valdes Bollela, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP, e Nilson José Machado, professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. Também aconteceu uma mesa-redonda que apresentou a experiência do NBME na construção de testes e relatórios de avaliação.

     

    Outros temas abordados

    Dando início aos trabalhos da tarde, Edison Paiva, um dos coordenadores do evento, destacou o projeto – Qualificação Médica 1 (QM1), aplicada no terceiro ano do curso de Medicina, e Qualificação Médica 2 (QM2), aplicada no quinto ano –, salientando como as questões são adaptadas aos estudantes brasileiros, já que a prova é desenvolvida em parceria com a norte-americana National Board of Medical Examiners. “Seguimos os princípios da medicina brasileira e transformamos o conteúdo, de uma maneira que se adeque às políticas de saúde do Brasil”, ressaltou.

    Paiva também expôs alguns pontos sobre as provas avaliativas QM1 e QM2, aplicadas no ano passado, quando 18 instituições aderiram à avaliação, entre elas, 13 particulares, 2 estaduais, 2 municipais e 1 federal. “O relatório com os resultados é extremamente útil e importante para alunos e professores, esse feedback aponta o nível de proficiência nas diversas áreas do conhecimento médico, apresentando resultados individuais e gerais da instituição”, concluiu.

    Em seguida, Aécio Flávio Teixeira de Góis, professor da Escola Paulista de Medina (EPM-Unifesp), representou os coordenadores de ensino. Góis ressaltou a aceitação da avaliação por alunos e professores. “Conseguimos convencer nossos alunos para que entendessem que a QM1 e QM2 são ferramentas importantes para o reconhecimento da nossa instituição e também para analisar a proficiência dos estudantes e docentes,” ressaltou o professor. Góis ainda destacou o conteúdo das avaliações. “A nossa primeira leitura é de que a prova é excelente, com uma ótima qualidade e rico conteúdo. O relatório disponibilizado foi muito útil para o corpo acadêmico reavaliar a grade e a metodologia aplicada,” concluiu.  

    O simpósio contou com a participação de alunos na plateia. Kenjin Nakahara Rocha, da EPM-Unifesp, falou sobre o esforço dos alunos para conseguir realizar a prova e ressaltou a qualidade das questões. “É muito gratificante para nós, alunos, perceber que o relatório atingiu o nível desejado. Algumas pequenas mudanças e adaptações ainda são necessárias para a realização da avaliação, com uma melhor data para aplicação do exame, por exemplo,” afirmou o estudante.

    O professor Henrique George Naufel, da Universidade de Mogi das Cruzes, ressaltou a importância da cultura de avaliação para as instituições. “Devemos tirar dessas provas o melhor que podemos, e utilizar os resultados para evoluir academicamente”. Para Carlos Alberto Malheiros, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa, a vantagem para a instituição de ensino é a evolução que pode ocorrer, anualmente, por meio dos resultados obtidos. “A Qualificação Médica foi um grande passo do Cremesp, Sírio-Libanês Ensino e Pesquisa e o National Board of Medical Examiners (NBME),” destacou Malheiros.

    Délio Eulálio Filho, professor da Universidade Anhembi Morumbi, salientou a importância de avaliações. “São fundamentais para reestruturar o ensino, implantar currículos, reformular a grande acadêmica. Os próprios alunos destacaram a qualidade da prova, mais de 90% participaram da QM1 e QM2 em 2017”, ressaltou Délio.

    Durante o debate, o Diretor Geral do Hospital Sírio Libanês, Paulo Chapchap, enfatizou o esforço para tornar a avaliação nacional. “Queremos mais instituições participando da avaliação. Neste ano, teremos três faculdades de outros estados, em São Luís e Imperatriz (MA), e em Maceió (AL),” destacou Chapchap. Neste ano, as avaliações serão realizadas no dia 12 de setembro.

    Para falar sobre os desafios do ensino médico no país, foram convidados a professora Eliete Bouskela, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e Lincoln Lopes Ferreira, presidente da Associação Médica Brasileira (AMB). Eliete começou sua fala abordando o programa de ensino no Brasil, a formação escassa do ensino fundamental e médio, causada pela falta de efetividade do setor. Também fundamentou a formação do professor universitário. “O professor precisa se atualizar sempre, ter algo a mais no conteúdo para despertar o interesse do estudante, melhorando, assim, a formação do aluno,  que precisa entender que é na sala de aula que se aprende efetivamente o conteúdo, não somente decorando uma apostila”, destacou a professora, que também abordou a relação médico e paciente. “É necessário um atendimento mais humanizado, isso será sempre insubstituível e extremante importante para a boa prática da Medicina,” concluiu Bouskela.

    Lincoln Lopes Ferreira destacou a importância de encontros como esses, que discutem a cultura de avaliação, muito necessária para a evolução da Medicina. “Que se comece a pautar e entender a necessidade e fundamentos para se reestruturar uma instituição, importante para a formação dos novos médicos,” disse Lincoln.

    No encerramento do encontro, Braúlio Luna Filho agradeceu a presença da plateia e salientou o interesse do Cremesp para a implementação de uma avaliação nacional. “No próximo ano, teremos o desafio de tornar a Qualificação Médica nacional, assim também como o Exame do Cremesp para os estudantes de Medicina, ampliando de fato essas avaliações,” concluiu Luna Filho.

     

    Fotos: Osmar Bustos


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