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Notícias
19-01-2018 |
Plenária Temática |
Desenvolvimento Psicossexual da Criança e do Adolescente é debatido em Plenária Temática do Cremesp |
Os temas foram coordenados pela psiquiatra geral e da Infância e Adolescência, psicanalista e conselheira do Cremesp, Kátia Burle Guimarães, e a Plenária foi moderada por Carmita Abdo, professora do Departamento de Psiquiatria da FMUSP e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria. A mesa de palestrantes foi composta pelos psiquiatras da Infância e Adolescência, Francisco Baptista Assumpção Junior e Regina Elisabeth Lordello Coimbra; pelo psiquiatra e professor de Bioética na FMUSP, Cláudio Cohen; e pela endocrinologista pediátrica e membro da Câmara Técnica de Endocrinologia do Cremesp, Elaine Maria Frade Costa. Após as palestras, foi aberto espaço para discussão dos assuntos abordados. Durante o discurso de abertura do encontro, Camarim destacou a importância do debate de um assunto de forte evidência. “Os temas desta plenária, propostos pelas Câmaras Técnicas de Psiquiatria, Endocrinologia e Bioética, são de extrema importância. Nesta ocasião, temos a oportunidade de promover e dar mais atenção aos aspectos psicossexual da criança e do adolescente. Sabemos que suas fases são características importantes para o desenvolvimento e devem ser entendidas e respeitadas”, disse. Temas abordados Iniciando as apresentações, Francisco Baptista Assumpção Jr. fez uma introdução ao tema da Plenária explicando sobre reprodução sexuada, evolução do ser humano e capacidade de adaptação. O especialista elucidou sobre o desenvolvimento de crianças e adolescentes, que também é estabelecido através das relações interpessoais, e mostrou as características cognitivas de cada faixa etária. Outras questões levantadas pelo psiquiatra foram a disforia de gênero e o transtorno de identidade, assim como os tratamentos psicológicos, hormonais e cirúrgicos, que devem ser conduzidos com cautela e prudência, evitando que intervenções precoces tragam riscos. Em sua conclusão, enfatizou que a função básica de alguém que trabalha com crianças é de protegê-las. “O respeito à diversidade é indiscutível. Temos que lembrar que a criança é um ser em desenvolvimento e que é incapaz, até legalmente, de resolver sozinha uma série de coisas, pois não tem competência cognitiva para tal. Devemos ser prudentes quanto à exposição desta criança e aos riscos que possam ser causados”, indicou Assumpção Jr. Trazendo um assunto muito discutido atualmente, Cláudio Cohen abordou conceitos e diferenças entre incesto, pedofilia e assédio sexual. Cohen mostrou estudos e o trabalho realizado no Centro de Estudos e Atendimento Relativos ao Abuso Sexual (CEARAS). Por fim, expôs que o incesto deve ser tratado como um crime contra a família, a pedofilia como um crime contra a pessoa e o assédio sexual como um crime contra a instituição. Regina Elisabeth Lordello Coimbra apresentou reflexões sobre o desenvolvimento dos bebês, crianças, latentes e adolescentes e sobre o psiquismo humano em cada fase. “Quero enaltecer esta Plenária, pois é um espaço de reflexão com um tema muito instigante, que se expressa por uma multiplicidade de transformações na cultura e que nos desestabiliza por acontecer na velocidade do tempo virtual. Aprendi muito neste encontro e saio hoje mais rica de conhecimento”, completou Coimbra. O papel dos hormônios no desenvolvimento sexual e identidade de gêneros foram contextualizados durante apresentação de Elaine Maria Frade Costa, que trouxe experiências de seu trabalho e diversas pesquisas para agregar à discussão. A endocrinologista pediátrica apresentou dados e estudos relacionados a distúrbios do desenvolvimento sexual, fatores hormonais e disforia de gênero. Como moderadora da Plenária, Carmita Abdo evidenciou alguns pontos das palestras e fez suas considerações. A psiquiatra observou que a maioria das crianças e adolescentes da atualidade não têm um padrão de estabilidade e compromissos duradouros, com vínculos fortes, diferentemente das gerações passadas. Em relação à disforia de gênero, Abdo ponderou que o problema não é a identidade de gênero e, sim, o sofrimento da pessoa por conta do gênero que ela tem, ao qual ela não se sente adequada. “Nós, médicos e profissionais de saúde, temos que saber que a população que estamos atendendo vivencia a sexualidade de uma forma mais fluida e permissiva. Como bem evidenciado pelos profissionais que estão aqui hoje, o comportamento sexual é multifatorial e suas influências são desde fatores biológicos e genéticos até a estrutura cerebral”. A psiquiatra recomendou que, desde cedo, os médicos devem orientar os pais a prestarem atenção no comportamento dos filhos, mas darem à criança a liberdade de manifestar sua sexualidade. Ao encerrar o evento, Kátia Burle ressaltou que o objetivo do evento foi trazer dados científicos para discutir o tema a partir do vértice da Saúde. “Temos a responsabilidade de garantir os cuidados no desenvolvimento da criança desde o nascimento até que ela tenha autonomia e condição mental para fazer suas escolhas. Finalizo esta Plenária agradecendo imensamente a presença de todos, em especial aos convidados palestrantes que contribuíram com seus conhecimentos para sairmos com mais elementos para refletir sobre este tema tão importante”, concluiu Burle. Foto: Osmar Bustos |