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17-03-2017 |
Ética nas relações de trabalho |
“Temos de considerar nossas diferenças interdisciplinares para chegar a bom termo no tratamento”, defende Aranha |
O presidente do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), Mauro Aranha, afirmou que a ética nas relações entre diferentes profissionais de saúde somente se estabelece como um processo ao longo do tempo. Aranha participou da Mesa Redonda “Ética nas Relações de Trabalho”, que reuniu profissionais de equipes interdisciplinares de saúde mental. O encontro foi realizado na quinta-feira (16/3), dentro das atividades da Semana Comemorativa aos 30 anos do Centro de Atenção Psicossocial (CAPs) Itapeva, na Capital paulista. De acordo com o presidente do Cremesp, a relação entre os vários profissionais de saúde mental demanda uma eticidade, duramente conquistada. “O trabalho em saúde mental exige conhecimento estratificado e permeabilidade entre os vários estratos do conhecimento; e a ética, nas relações entre profissionais que são diferentes, em que cada um tem um olhar, diferente, somente se estabelece como um processo ao longo do tempo”, afirmou. “Em uma sociedade, uma diferença no status quo cultural não é capaz de ser absorvida de forma imediata”, completou. Aranha fez uma analogia entre conceitos dos filósofos Johamm Fichte e Georg Hegel com a aquisição da consciência de “si” e do “outro”, em que o reconhecimento do outro se dá como fundamento da noção de si , levando a um bom resultado para o cuidado das pessoas que procuram os profissionais de saúde mental. “O homem somente se apodera da consciência de ‘si’, quando o 'outro' se coloca à sua consciência'. A partir disso, sua consciência se desdobra em consciência do ‘outro’ e de ‘si’, instaurando-se uma luta por reconhecimento mútuo, uma necessidade ontológica e pulsional de que o ‘outro’ se reconheça em mim e que eu me reconheça no ‘outro’. É isso que move as relações na sociedade”, ponderou Aranha. “O reconhecimento é o resultado final de uma luta e uma superação do ressentimento. Nós, psiquiatras, temos ressentimento de alguns outros profissionais de saúde mental e, certamente, outros profissionais de saúde mental têm ressentimentos de nós, psiquiatras. Mas todos devemos trabalhar a si mesmos para superação do ressentimento, propiciando conciliação e crescimento conjunto, o respeito à ética , a resultar no melhor e mais extensivo cuidado à pessoa que nos procura”, ressaltou o presidente do Cremesp. “Assim como a ciência deve reconhecer e adequar-se às individualidades e diferenças daqueles que nos procuram para tratamento, também necessitamos considerar as nossas diferenças interdisciplinares para chegar a um bom termo na oferta de tratamento”, finalizou. Aranha também disponibilizou alguns exemplares e sugeriu, aos presentes, a leituras dos livros “Saúde Mental e Trabalho” e “Trabalho e Saúde Mental dos Profissionais da Saúde”, ambos publicados pelo Cremesp e disponíveis para download na área de Biblioteca da instituição clicando aqui. Coordenado pelo psiquiatra e diretor do Caps Itapeva,Vladimir de Freitas Júnior, a mesa redonda também teve palestras da psicóloga e psicanalista Yanina Stasevskas, supervisora do Instituto A Casa; e do psicólogo Sergio Maida, que foi supervisor da CAPs Itapeva entre 2009 e 2012. |