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23-10-2016 |
Intoxicação alcoólica |
Estudo da Unifesp alerta: binge drinking aumenta comportamento de risco |
Pesquisa pioneira da Unifesp mostra os efeitos Não basta beber, tem de se intoxicar. É o que se pode deduzir do estudo realizado pela Escola Paulista de Medicina (EPM), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), sobre a prática do binge drinking nas baladas noturnas, por 29,6% dos homens e 22,1% das mulheres que participaram da pesquisa, na cidade de São Paulo. Binge drinking (farra alcoólica) significa beber muito, em pouco tempo, com a intenção de ficar embriagado – consumindo-se quatro doses, no caso das mulheres, e cinco, para homens, em um período de duas horas. Esse padrão é considerado a forma mais arriscada de consumo alcoólico por jovens, no mundo. Pode resultar em intoxicação severa e contribui para o desenvolvimento de situações de risco para quem bebe e para aqueles ao seu redor. A pesquisa revela que dentre os entrevistados (mostra total, incluindo binge e não binge) 27,9% dos homens e 20,4% das mulheres, entre 18 e 24 anos, dirigem embriagados após sair de casas noturnas. Porém, aqueles que têm concentrações alcoólicas no sangue equivalentes à prática consomem mais drogas ilícitas, como maconha ou haxixe, cocaína, inalantes, ecstasy, anfetaminas, benzodiazepínicos e alucinógenos como o LSD. Nos homens que praticam binge o consumo dessas drogas é 2,54 vezes maior do que entre os que bebem sem binge. Dentre os sujeitos que praticam o binge, o consumo delas ocorre, após a saída da balada, em 20,7% dos homens e 11,5% das mulheres. Ainda dentro da balada, o consumo dessas drogas atinge 42,2% dos homens e 32,4% das mulheres com binge. Além disso, os praticantes de binge têm um comportamento sexual de risco de 11,4%, entre os homens, e 6,8%, entre as mulheres. Foi considerado, nesse comportamento, o sexo sem camisinha (com parceiro desconhecido ou conhecido), arrependimento posterior à relação e sexo não consensual. A prática do binge eleva também, em 5,8 vezes, o risco de um novo episódio de uso de álcool entre as mulheres que bebem. A amnésia alcoólica (não se lembrar do que aconteceu devido ao abuso de álcool) também é maior entre as pessoas que têm concentrações de álcool no sangue equivalentes à prática. Publicado na revista científica on-line Plos One, a pesquisa é pioneira por descrever os comportamentos de risco de jovens após saírem das baladas noturnas. “Em geral, o foco dos estudos internacionais está apenas no que ocorre dentro desses estabelecimentos”, explica a professora do Departamento de Medicina Preventiva da EPM, Zila Sanchez, que coordenou a pesquisa. O estudo integra o projeto Balada com Ciência, que analisa o comportamento do jovem antes, durante e depois de uma festa à noite. Método Participaram do estudo, como voluntários, 1.222 homens e mulheres, a maioria jovem, de 18 a 24 anos, solteira, de classe média alta e com ensino superior completo. Eles foram entrevistados por uma equipe formada por oito pesquisadores, que abordava cerca de 75 “baladeiros” ao longo da noite. A eles eram explicados os procedimentos éticos e de proteção ao anonimato e sigilo que guiam a pesquisa, e era realizada uma entrevista de 5 a 10 minutos, além de um teste de bafômetro. Na saída dos eventos, ambos os procedimentos eram refeitos. Foram realizadas entrevistas em 31 casas noturnas da cidade da São Paulo. Além disso, no dia seguinte, um questionário on-line era enviado para o e-mail do participante. Para Zila Sanchez, o álcool não é reconhecido como droga, o que faz com que seja visto pela sociedade como pouco nocivo. “No entanto, a maior parte dos danos causados por drogas no mundo são decorrentes do abuso e dependência de álcool”, declara. Segundo ela, políticas públicas direcionadas a reduzir o consumo de álcool por clientes de casas noturnas, bem como o treinamento dos funcionários desses estabelecimentos, a fim de evitar a venda de bebidas a indivíduos já alcoolizados, seriam caminhos para proteger as pessoas de comportamentos de risco associados ao binge drinking. Veja íntegra desta matéria: Revista Ser Médico nº 76 |