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    20-06-2016

    Cannabis

    Reunião da CT de Psiquiatria do Cremesp avaliou e discutiu as possíveis contribuições da Medicina para a saúde pública


    Messas e Aranha na abertura do encontro na
    antiga sede do Cremesp

     

    Combater a ambiguidade de posicionamentos sobre a Cannabis sativa, minimizando a desinformação dos profissionais da saúde a respeito da utilização medicinal do canabidiol (CBD), foi um dos pontos-chaves de um encontro realizado entre convidados e membros da Câmara Técnica de Psiquiatria do Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), ocorrido na noite deste 16 de junho, no auditório Flamíneo Fávero (sede da Consolação 753).

    O evento, moderado e organizado pelo coordenador da CT de Psiquiatria da Casa, Guilherme Peres Messas, contou com a presença do presidente do Cremesp, Mauro Gomes Aranha de Lima; Valentim Gentil Filho, professor titular do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo; Antonio Waldo Zuardi, professor titular em Psiquiatria da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo (FMRP-USP); José Alexandre de Souza Crippa, professor associado do Departamento de Neurociências e Ciências do Comportamento da FMRP-USP; e Leon de Souza Lobo Garcia, diretor de articulação e coordenação da Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça. Também participou do encontro, Eurípedes Balsanufo Carvalho, conselheiro e coordenador da Câmara Técnica de Políticas de Saúde do Conselho.

    Ao dar espaço aos palestrantes convidados, Mauro Aranha lembrou que o Conselho está sempre empenhado e comprometido com a saúde da população do Estado de São Paulo, e consciente da responsabilidade de levar informações éticas e confiáveis aos profissionais de Medicina sobre temas de grande interesse para a comunidade científica e sociedade. 
      


    Gentil Filho, em sua palestra, questionou: 
    "Qual o tipo de informação a respeito da Cannabis
    está chegando à sociedade?"


    Para Valentim Gentil Filho, que apresentou dados sobre os "Efeitos nocivos e medicamente relevantes da Cannabis e dos canabinoides sintéticos", é preciso que o Conselho se posicione e discuta as questões médicas envolvidas na questão do consumo da planta: "A população deve ouvir a opinião dos médicos a respeito, e daí a importância de levar a esses profissionais, especificamente, informações completas sobre os efeitos da substância no organismo em curto e longo prazos".

    Movimentos para a legalização da Cannabis existem há muitos anos, e recebem o apoio de representantes de vários países. "Mas, será que sabemos perfeita e exatamente o que essa liberação representa?", questiona Gentil Filho. E continua: "Qual o tipo de informação a respeito da Cannabis está chegando à sociedade? Será que realmente ela está informada de seus reais efeitos?" Para o professor, a população tem o direito de saber, por meio dos médicos, quais os reais benefícios e malefícios do uso da substância. "Estudos têm comprovado a associação entre consumo de Cannabis e o desenvolvimento de psicoses, e seus resultados não podem ser desconsiderados em hipótese alguma", alerta Gentil. E ele acrescenta: "As pessoas buscam várias informações na internet, e várias delas, além de não confiáveis, estão desatualizadas. Esta é uma das razões pelas quais os efeitos do consumo da planta não importam apenas para os médicos psiquiatras, porque já se tornou uma questão de saúde pública". Para Gentil, o uso crônico da maconha é um problema geral de saúde, principalmente se considerar que os jovens começam a usar a substância muito cedo. “E os problemas aparecem na cognição, na motivação e até mesmo no desenvolvimento de psicoses”, alerta ele.


    Zuardi, em sua aula, chamou a atenção para a
    janela terapêutica do CBD: "o aumento das doses pode reduzir
    ou anular os efeitos positivos da substância."


    Antonio Waldo Zuardi, em sua exposição sobre "Potencial terapêutico do Canabidiol", chamou a atenção para a substância, um dos mais de 80 canabinóides extraídos da Cannabis sativa, e que, diferentemente do consumo da planta como droga, mostrou resultados bastante animadores quando utilizada no tratamento de crianças com epilepsia refratária ao tratamento convencional. "Estudos comprovam que o canabidiol (CBD) reduz significativamente a ocorrência de crises nesses pacientes, e também possui potencial terapêutico para a redução da ansiedade, pode melhorar distúrbios do sono e ter ação antipsicótica, além de reduzir sintomas parkinsonianos". Mas, segundo Zuardi, é preciso atenção na sua prescrição. "Dados de pesquisas realizadas em várias espécies, inclusive em humanos, comprovam que o CBD possui a chamada janela terapêutica, ou seja, é preciso estar atento ao aumento das doses, que pode reduzir ou anular seus efeitos positivos." 

     


    Leon: "É preciso desenvolver nova abordagem para
    uma campanha de prevenção às drogas nas escolas"


    Com sua palestra sobre "Programas de prevenção do uso da Cannabis", Leon de Souza Garcia explanou um panorama geral do Programa Nacional de Políticas sobre Drogas do Ministério da Justiça, enfatizando a importância de ampliar estes programas na esfera federal, para que se atinja a política pública de saúde. "É necessário criar e desenvolver, urgentemente, uma nova abordagem para uma campanha de prevenção às drogas nas escolas e que envolva pessoas ligadas às crianças, como professores e pais", afirmou o palestrante. A proposta de Garcia corrobora com o que já vem acontecendo desde 2013, quando o modelo antigo para a prevenção de uso de drogas foi alterado visando abordar principalmente as crianças em seu ambiente escolar, adolescentes, pré-adolescentes e suas famílias. Além disso, há que se oferecer distintos instrumentos preventivos para diferentes faixas etárias. E mais. Para ele, as campanhas devem estar fundamentadas em evidências e princípios éticos. "Não podemos discutir a política antidrogas como um todo sem incluir a prevenção. Por essa razão, já distribuímos nossos programas em vários Estados e municípios do país".  E finalizou: "Com certeza um bom caminho para o êxito desses programas seja selar alianças com os gestores estaduais, incluindo a participação dos profissionais da educação e a mobilização de comunidades acadêmicas sobre o tema".
     


    Para Crippa, "quando a percepção dos riscos associados
    ao consumo da maconha é menor, o nível de
    consumo é maior"


    A exposição de José Alexandre Crippa, "Maconha: seus efeitos e a percepção pública da inocuidade", mostrou a preocupação do palestrante com a falsa ideia divulgada pela mídia impressa e pela própria internet, de que a maconha é inócua para a saúde. "A sociedade leiga precisa saber que o uso crônico da maconha possui um efeito tóxico devastador que causa sérias alterações cerebrais, e que este fato atinge principalmente as pessoas mais vulneráveis, como os jovens, que não têm qualquer percepção do problema", alerta o professor. Crippa também salientou que uma análise das amostras de maconha consumida no Brasil mostrou que elas possuem proporções cada vez maiores de THC (tetra-hidrocarbinol) em relação ao CBD (canabidiol) e que por essa razão apresentam maior neurotoxicidade e menor neuroproteção. "Praticamente não existe CBD na maconha consumida no país", afirmou. Segundo o palestrante, todas as metanálises realizadas sobre os efeitos da maconha mostram efetiva relação de seu consumo com riscos de desenvolvimento de psicoses, depressão e esquizofrenia. "Quando a percepção dos riscos associados ao consumo da droga é menor, o nível de consumo é maior", alerta Crippa.

    Ao final do encontro, após discussão dos presentes com os palestrantes, foram sugeridas ações que a CT de Psiquiatria do Conselho e o próprio Cremesp podem apoiar para diferenciar o uso terapêutico do canabidiol (que pode beneficiar alguns pacientes com transtornos psíquicos e neurológicos), do consumo crônico da maconha (que pode destruir a saúde de seu usuário em médio e longo prazos). Entre estas ações, está a distribuição de um manual da Organização Mundial de Saúde sobre prevenção do uso de drogas aos profissionais da Medicina para informar os médicos do Estado de São Paulo sobre o assunto; respaldar pesquisas sobre o tema; esclarecer a população sobre as diferenças das duas substâncias, e combater - de maneira enfática - a ambiguidade do posicionamento sobre a Cannabis, minimizando a desinformação. Foi unânime a sugestão dos presentes de que as instituições médicas e os Conselhos Regionais de Medicina devem fornecer e divulgar informações técnicas de teor médico para os meios de comunicação e para a população.

     

    Fotos: Gabriela Miranda

     

     

    Tags: cannabisCremespcâmaratécnicasaúde.

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