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Notícias
13-01-2016 |
Médicos no mundo |
Acompanhe o relato de Ana Letícia Nery que participa de missões da Médicos Sem Fronteiras |
Ana Letícia Nery sempre teve contato com a Medicina. Filha de médico, desde criança conviveu com a rotina do consultório do pai, Tito Nery. E, assim, logo cedo começou a se apaixonar pelo exercício da profissão, levada, principalmente, pela proximidade com as pessoas que a Medicina propicia. No seu caso, as pessoas que mais precisam e que se encontram em situações limítrofes. Mesmo que isso signifique ficar bem longe do Brasil, participando de ações humanitárias pela organização Médicos Sem Fronteiras (MSF), como fez na Etiópia e estava fazendo, no fechamento desta edição da Ser Médico, na Líbia. “É o que eu quero fazer na minha vida”, assegura. A opção pela Medicina generalista já havia se manifestado quando Ana Letícia formou-se pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (Fmusp), em 2013. Ao contrário de muitos colegas, ela não buscou de imediato fazer a Residência. Preferiu atuar fora dos grandes centros urbanos, com menor disponibilidade de médicos. “Na faculdade, eu gostava de saúde pública, da Medicina voltada para as pessoas sem acesso à saúde. Não que não ajudasse pessoas no Hospital das Clínicas da USP, mas, lá, tem milhares de médicos, enquanto existem lugares que não têm nenhum”, diz. E assim foi. Ana Letícia começou sua carreira profissional como médica do Hospital Municipal M’Boi Mirim, na região do Jardim Ângela, uma das mais carentes da capital paulista. A jovem médica passou também uma temporada no sertão da Paraíba e três meses em Uganda, no continente africano. “Queria experiências de trabalho, fazer coisas diferentes antes da Residência”, explica. Foi natural, assim, o ingresso na MSF, organização não governamental que leva ajuda médica de emergência a vítimas de conflitos armados, epidemias, desastres naturais e exclusão do acesso à saúde, em todo o mundo. Em sua primeira missão, Ana Letícia trabalhou durante oito meses no acampamento de refugiados de Leitchuor, na fronteira entre a Etiópia e o Sudão do Sul. Este último enfrenta uma intensa guerra civil, que provoca a fuga de milhares de pessoas para o território etíope, em busca de ajuda. O acampamento reúne 70 mil sudaneses. Durante sua estadia, atendeu pacientes diretamente e também coordenou o treinamento de paramédicos. “O objetivo era capacitar as pessoas que moram lá”, explica. Em sua equipe, havia outros dois médicos estrangeiros. Os pacientes mais graves eram enviados diretamente para a equipe médica. “O mais difícil era lidar com os desnutridos. No Brasil, eu nunca tinha visto casos como aqueles”, declara. “Por mais que existam problemas graves e bolsões de pobreza em nosso País, graças ao desenvolvimento econômico dos últimos anos não há situação parecida com a dos refugiados”, afirma. A taxa de mortalidade infantil oscilava entre 15% e 17%. A maioria das crianças atendidas era menor de cinco anos. A possibilidade de estar em um contexto geo¬gráfico e social em que o significado de ser médico é mais perceptível, foi o que levou Ana Letícia a participar das missões humanitárias. “Antes de ir, as pessoas talvez pensem que vão mudar o mundo, mas o que fazemos é muito pequeno perto do que é preciso. Contudo, para aquelas pessoas não é pequeno, sua importância é gigantesca. Lá você é, literalmente, a única pessoa disponível”, resume. No início, os pais da médica ficaram bastante preocupados com os riscos desse tipo de trabalho. Porém, o fato de também serem médicos fez com que entendessem o desejo dela. “Meus pais também se dedicaram à saúde pública e ficam orgulhosos do meu trabalho”, alegra-se. Próxima missão Ver o resultado e o significado de seu trabalho é o que faz Ana Letícia continuar participando de missões humanitárias. Ela lembra que, muitas vezes, escuta colegas e estudantes de Medicina questionando sobre o que os levaram a escolher a profissão. No seu caso, garante, a MSF apresentou-lhe novas possibilidades. “Mostrou-me o que me define como médica, a ação humanitária”, conclui. |