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23-09-2015 |
FMUSP |
Instituição inova nas diretrizes curriculares e de avaliação de seu curso de Medicina |
A FMUSP está implantando um novo currículo em nível de graduação. Quais são as principais mudanças e objetivos? O novo currículo está sendo organizado por unidades curriculares, tendo como escopo principal promover a integração entre as disciplinas de ciências básicas e clínicas, de modo que o aluno possa entender a relação entre elas. Além disso, esse modelo – que denominamos “currículo em z” – permite que alguns conceitos sejam revisitados ao longo do curso. Também estamos aperfeiçoando o sistema de avaliações. Antes elas eram somente pontuais, por disciplina. Agora teremos provas semestrais, obrigatórias, e uma avaliação internacional ao final do curso, ainda opcional. Outra mudança importante é que as atividades práticas estarão presentes desde o primeiro ano na área da atenção primária, avançando em complexidade até o internato, com inclusão das atividades práticas no Hospital das Clínicas e no Hospital Universitário. Outro foco de atenção é ampliar oportunidades de iniciação científica e de intercâmbio, além de expandir o que denominamos “janelas verdes”, com atividades extracurriculares complementares ao currículo obrigatório, incluindo as científicas ou formativas em humanidades. O Cremesp firmou recentemente convênio com a FMUSP para participar do projeto da Biblioteca Virtual em Saúde. A utilização de plataformas digitais para estudos e pesquisa será mais incentivada? Sim, queremos migrar progressivamente parte do aprendizado para plataforma digital, reduzindo o tempo de aula expositiva. Mas incentivando os alunos a buscarem e trabalharem as informações por meio virtual, sob a orientação dos professores, que disponibilizarão os conteúdos nesses meios. O aluno será responsável por sua formação, e não mais um agente passivo no processo de aprendizagem. Os egressos de cursos de Medicina estão aptos a atender a população por meio do serviço civil obrigatório proposto pelo governo? Se analisarmos o contexto do Estado de São Paulo, grande parte talvez não tenha capacidade de atuar, haja vista os resultados do Exame do Cremesp. Confunde-se muito a atenção primária com uma Medicina simplificada, e ela não é. Requer formação, Residência. Trata-se de um clínico altamente especializado, e não de um mero encaminhador de doentes. Além disso, para dar certo, deveria haver uma rede básica conectada com a rede de especialidades e a hospitais terciários, e isso não existe. A falta de preceptoria pode prejudicar esse trabalho. Isso de fato acontece? A grande pergunta que se faz é a seguinte: quem vai supervisionar esse estágio obrigatório proposto pelo governo? Quem são os preceptores? Para falar em convênio com faculdades, é preciso ver se há quadro disponível para suprir a demanda. O erro é usar o estudante para atender a população sem supervisão. Isso não vai resolver o problema da saúde pública. Temos de ter médicos qualificados, senão a população é que vai pagar o preço pelo mau atendimento. Considera eficaz o sistema nacional de avaliação de ensino superior? O MEC criou uma comissão para avaliar os cursos de Medicina, mas de nada adianta se não envolver as entidades médicas, os Conselhos Regionais, a AMB, o CFM, além de observadores internacionais. Nessa fase em que há uma grande cisão no entendimento do ensino e da prática médica entre as associações médicas e o governo federal, um processo de avaliação sério deveria também contar com uma mediação internacional. Se a faculdade for avaliada apenas pelo lado de quem propõe a abertura de escola, ela não pode ser séria. Isso é o que eu chamo de tragédia anunciada para a população e para os médicos que estão se formando. Como avalia a abertura de novos cursos de Medicina pelo governo? Sou favorável a uma avaliação in loco nessas faculdades, com base em critérios estabelecidos pelas associações de classe, Conselhos e observadores internacionais, para verificar se há aula prática, se tem ambulatório, corpo docente etc. Essa avaliação estaria sujeita a auditorias aleatórias, feitas por uma comissão mista, envolvendo todos esses segmentos. As faculdades receberiam um selo de aprovação, mas, se não atendessem aos requisitos necessários, teriam de ser fechadas. A grande preocupação é com a qualidade da formação. Uma avaliação externa obrigatória, ao final do curso, poderia amenizar o problema? Se as condições fossem favoráveis no País, um exame final teórico-prático, em nível nacional, além das avaliações da própria faculdade, resolveria o problema. Mas, nesse momento em que há uma cisão entre as entidades médicas e o governo, e se assiste à abertura indiscriminada de novas faculdades de Medicina, acho que seria necessária uma avaliação in loco da infraestrutura das escolas médicas, a partir da licença de funcionamento, com auditoria independente. Como um governo que tem interesse em abrir escolas, vai, ele próprio, fiscalizá-las e fechá-las? A FMUSP vai considerar o Exame do Cremesp para ingresso na Residência? Somos favoráveis ao Exame do Cremesp, e estamos conversando com a Comissão de Residência Médica para acrescentá-lo como item de avaliação. A seleção inclui prova teórica e prática, além de uma entrevista, na qual a participação no exame poderia somar alguma pontuação, a exemplo de publicações, iniciação científica etc. |