O excesso de trabalho pela carga cada vez maior de horas de plantão tem colocado a saúde do jovem médico em risco, especialmente pelo estresse inerente à profissão. A sobrecarga de trabalho é uma das fontes de preocupação do Cremesp com os profissionais que ingressam na carreira por eles assumirem cada vez mais tarefas sem se ater que devem estar saudáveis para bem cuidar dos pacientes. “Os médicos devem ter tanta preocupação com sua saúde quanto têm com a de seus pacientes”, afirma Nívio Moreira, conselheiro responsável pela Câmara Temática do Médico Jovem do Cremesp.
A saúde do jovem médico é um aspecto relegado, involuntariamente, levando à incorporação de uma rotina diária pesada. A sobrecarga vai-se instalando de maneira sutil ao aceitar mais um desafio que, aparentemente, é pequeno, e pode levar à ideia de que tomará apenas alguns minutos para ser resolvido. Ou então, ao aceitar integrar um grupo de trabalho que, a princípio, terá uma atividade fácil de ser desempenhada, mas que se revela intensa. Isso quando ele não tenta resolver um pequeno conflito que, depois, acaba em uma verdadeira batalha de interesses e poder. A pior consequência dessa situação é que, sem notar, a qualidade é substituída pela quantidade de trabalho, prejudicando inclusive o atendimento aos pacientes.
Círculo vicioso
A rotina intensificada de trabalho arrasta o profissional em um círculo vicioso, já que um médico sobrecarregado não tem tempo nem disposição para se atualizar, podendo comprometer sua prática clínica. A situação se instala, acabando com a qualidade de vida e de trabalho do jovem médico.
“O médico jovem, como acaba de entrar na profissão, se depara com um nível de estresse muito grande. É preciso que esse médico tenha a consciência de que é necessária a preocupação com a sua saúde e não só com a sua carreira”, alerta Moreira. Fazer exercícios e ter uma boa alimentação, além de tempo para si próprio e para os familiares são cuidados necessários para a qualidade de vida. “Ou seja, tudo o que indicamos aos pacientes”, reforça.
O próprio médico, muitas vezes, ignora seus sintomas de ansiedade, depressão severa – em alguns casos, com risco de suicídio –, além de outros problemas mentais. O Cremesp mantém um convênio com o Centro de Estudos Paulista de Psiquiatria, voltado ao apoio e assistência médica em casos de tratamento da dependência química e de transtornos mentais. O médico pode contatar a Central de Apoio da Unidade de Pesquisas em Álcool e Drogas, pelo telefone: (11) 5579-5646 ou com o psiquiatra Hamer Palhares, pelo tel. (11) 98335-0866.
Rede de Apoio
Aos portadores de transtornos mentais crônicos, o Cremesp ampliou esse canal de apoio aos médicos, para que eles sejam acolhidos sem vivenciar situações de constrangimento. O Programa de Esquizofrenia do Departamento de Psiquiatria (Proesq) da Unifesp realiza tratamento com assistência multidisplinar, incluindo psiquiatra, assistente social, psicólogo, neuropsicólogo e terapeuta ocupacional para, a partir de uma avaliação situacional, traçar um plano terapêutico individualizado. O Proesq disponibiliza também um site informativo (www.psiquia tria.unifesp.br/d/proesq/proesq/), que pode ser utilizado para esclarecimento de dúvidas sobre esquizofrenia, tendo a opção de envio de perguntas diretamente para um psiquiatra do serviço. Os médicos podem acessar o serviço pelo tel. (11) 5573-3599).
Os contatos iniciais também podem ser feitos com a assistente social do Cremesp, Ana Célia dos Anjos Soares (tel. 3123-8724), responsável pelo encaminhamento do médico ao Proesq e Uniad.
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