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CAPA

EDITORIAL
Ato público sobre a violência de maio de 2006: é preciso lembrar, sempre


ENTREVISTA
Alexandre Charão: a medicina solidária, altruísta, dos voluntários do MSF


ATIVIDADES DO CREMESP 1
Centro de Bioética faz cinco anos e comemora com novo portal


ATIVIDADES DO CREMESP 2
Ato público, realizado pelo Cremesp, relembra um ano da onda de violência no Estado


ATIVIDADES DO CREMESP 3
Acompanhe a opinião de Henrique Carlos Gonçalves sobre a prescrição de medicamentos


ATIVIDADES DO CREMESP 4
Educação Médica Continuada do Cremesp: anote os próximos módulos, na capital e no interior


ESPECIAL
Em debate, as alternativas terapêuticas na doença coronariana


GERAL 1
Fundo do Poço - Isac Jorge aborda, com justa indignação, a vergonha da vaga certa. E muito mais...


MEDICINA DO TRABALHO
A violência contra médicos peritos em agências da Previdência


GERAL 2
Destaque para o apoio do Cremesp à quebra de patentes de anti-retrovirais


ACONTECEU
Acompanhe a presença do Cremesp em eventos importantes p/a classe


ALERTA ÉTICO
As dúvidas da vez estão relacionadas à responsabilidade profissional


GERAL 3
Destaque para Parecer do Cremesp sobre a remuneração da consulta de retorno


HISTÓRIA
Hospital de Barretos: referência no que há de mais avançado em oncologia no país


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Edição 237 - 05/2007

ENTREVISTA

Alexandre Charão: a medicina solidária, altruísta, dos voluntários do MSF


Entrevista: Alexandre Charão

MÉDICOS SEM FRONTEIRAS

Medicina solidária

Atuar como voluntário da organização não-governamental Médicos Sem Fronteiras fez do cirurgião plástico Alexandre Charão um profissonal mais humano e sensível às causas sociais e mais atento aos desígnios da medicina. Com apenas 33 anos, ele já trabalhou em vários países dos continentes africano e asiático – Burundi, Costa do Marfim, Libéria, Indonésia, República Democrática do Congo, Jordânia e Chade – para socorrer e operar vítimas de catástrofes naturais, guerras civis e epidemias. Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná, com especialização em cirurgia plástica, Charão é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, cursa pós-graduação em Rinoplastia na Unifesp e colabora com palestras para divulgar as atividades da ONG – criada em 1971 por um grupo de jovens médicos e jornalistas com o objetivo de superar as limitações da ajuda humanitária internacional e a inoperância de governos em socorrer às populações vitimadas ao redor do mundo. Laureado com o prêmio O Globo Faz a Diferença, categoria Mundo, em 2006, por sua atuação na organização, Charão fala ao Jornal do Cremesp sobre sua experiência, abordando as principais questões éticas e humanitárias que envolvem o trabalho médico voluntário.

Como foi seu ingresso na organização Médicos Sem Fronteiras?
Em 1994, quando estava no terceiro ano da faculdade, li uma matéria sobre essa organização não-governamental. Na hora tive o pressentimento de que um dia iria participar desse trabalho, mas antes precisaria me formar e me especializar. Só entrei para a ONG em agosto de 2004, quando realmente peguei o avião e fui para a minha primeira missão. Portanto, foi uma coisa bem planejada.

Que sentimentos o motivaram para o trabalho voluntário?
Apesar de ser formado quando ingressei na organização, desde muito antes já vinha me programando para ir. Não pensei muito nas catástrofes e nas guerras. Pensei, sim, nas pessoas que estavam nesses países. Queria praticar uma medicina direta e resolutiva; queria operar, cuidar. E, lá, a gente tem de voltar a uma medicina de 50 anos atrás, essencialmente clínica.

As condições de trabalho para o médico são muito precárias?
Claro que as condições são muito precárias, mais do que se imagina. Lá, a população não tem idéia de quando vai comer ou se vai comer; não se usa sapato; a água é poluída. Então, tudo é muito precário mesmo. E eu queria resolver, participar de alguma forma. Se alguém tivesse uma queimadura ou levado um tiro, nós poderíamos tratar. Não tinha essa de “vamos te encaminhar para um exame” ou para algum lugar. Procurava manter um foco humanitário.

Como é trabalhar num país em guerra? É necessário improvisar muito?
Em alguns momentos é realmente desesperador. Você sabe que não vai conseguir salvar todo mundo, mas, por outro lado, está fazendo a sua parte, ajudando os outros. As estatísticas sobre o número de operações realizadas são impressionantes. Aqui no Brasil eu demoraria um ano para operar o que operei lá em um mês.

Há riscos para o profissional que atua na MSF?
Sim, eu, por exemplo, peguei malária duas vezes. Lógico que há riscos, porque você está exposto a doenças típicas do lugar onde se encontra. Mas dei muita sorte porque os conflitos sociais que presenciei eram mais velados, embora o MSF nunca coloque seus membros na frente de combate. Os lugares são sempre muito seguros.

Como os médicos podem se associar à MSF?
O médico que tiver interessado pode se candidatar pelo site: www.msf.org.br; ou pelo e-mail: recrutamento@msf.org.br  A MSF aceita profissionais de todas as áreas, mas no Brasil está mais focada em médicos e enfermeiros. Entre os médicos, a necessidade maior é de cirurgiões, anestesistas, ginecologistas e profissionais especializados no tratamento de Aids e tuberculose. Ao todo, devemos ter cerca de 10 brasileiros atuando ao redor do mundo. Trabalhando na MSF, o profissional recebe as passagens e a estadia, além de uma ajuda de custo.

Em quais países você já atuou? E que tipo de problemas enfrentou?
Foram seis missões na África e três na Ásia. Na África, as missões estavam sempre ligadas à guerra, à miséria. O tsunami de 26 de dezembro de 2004 foi a primeira catástrofe natural em que atuei, mas ela ocorreu quando eu estava de plantão na Costa do Marfim. Na verdade, fui para lá meses depois. Antes trabalhei na Libéria, retornei ao Brasil e só depois fui para a Indonésia. Logo após esse período, fui para a Caxemira, em outubro de 2005. Lá socorri feridos de um terremoto. Praticamente emendei uma missão na outra.

Um médico que passa pela MSF é um médico melhor? Mais humano? Há também ganhos na formação técnica?
Boa pergunta, mas não sei se posso responder bem. Porque, na minha opinião, para se candidatar, se interessar por esse trabalho, é preciso ser interessado em caridade e ter um espírito mais humanitário. Já a experiência acrescenta um pouco de tudo: a gente volta com os sentidos mais aguçados, em termos psicológicos, mais motivado para desenvolver um bom relacionamento médico-paciente. Volta também mais atento ao que está acontecendo, seja em termos de política, geopolítica ou antropologia. Acredito que tudo isso acaba beneficiando, sim, o trabalho do médico.

Como se sentiu ao receber o Prêmio O Globo Faz a Diferença?
Foi muito legal. Não esperava, mas é bacana pelo reconhecimento ao nosso trabalho. Não levo para o lado pessoal, não foi para mim. Ele foi entregue aos três mil voluntários que estão ao redor do mundo trabalhando ou que já trabalharam na MSF. Sou apenas um de seus representantes. Se o prêmio pudesse ser repartido, com certeza repartiria.

Que conselho daria aos jovens que estão saindo das faculdades de medicina?
Recomendaria que realmente procurassem servir ao voluntariado. Que não ficassem somente no talvez. Que procurassem se informar, conhecer, ver como funciona. Se não gostarem, tudo bem, pelo menos tentaram. É uma experiência muito válida e construtiva, onde se aprende muito. Não só em termos de medicina, mas no sentido de entender melhor como o mundo funciona. Aprender por que um país está em guerra, ver como as grandes potências manipulam as consciências, quando alegam que as guerras são movidas por ódio religioso, enquanto na verdade o que está em jogo são interesses econômicos. A experiência é bem interessante, mas é preciso ir e fazer, não ficar só na vontade ou no planejamento.


Médicos Sem Fronteiras


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