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HISTÓRIA
Acompanhe conosco o crescimento do Hospital das Clínicas, o maior da América Latina


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Edição 227 - 07/2006

HISTÓRIA

Acompanhe conosco o crescimento do Hospital das Clínicas, o maior da América Latina



Hospital das Clínicas,
o maior da América Latina


(foto de Rafael Rezende Silva)

Hospital finaliza instituto nas áreas de cirurgia oncológica,
saúde da mulher e transplantes

São Paulo, 1938. Um discurso do médico Adhemar Pereira de Barros, então interventor federal do governo de Getúlio Vargas, marcou o ato inaugural das obras do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, hoje um dos maiores complexos hospitalares do mundo. Adhemar, que se tornaria um ícone do clientelismo político, falou sobre ensino da Medicina, mas também lembrou a “crise nosocomial do Estado” e referiu-se ao HC como “um valioso auxílio para a solução do magno problema de assistência hospitalar aos necessitados”.

Até a década de 20, o atendimento aos pacientes e o ensino da Medicina eram realizados somente nas Santas Casas e hospitais assistenciais sem a necessária estrutura para o ensino. Em 1912, foi criada a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo (incorporada à USP em 1934), mas os alunos seguiam estagiando nas Santas Casas. Com o crescimento da faculdade, os governos federal e estadual resolveram criar um local de ensino prático,  que apoiasse os estudos da Faculdade. “O modelo foi trazido por um grupo de professores que viajaram ao exterior para estudar os hospitais da época. O hospital-escola deveria ter uma estrutura para abrigar os alunos, salas de aulas e centros cirúrgicos, onde as operações pudessem ser acompanhadas pelos estudantes, entre outras instalações”, diz Giovanni Guido Cerri, presidente do Conselho Deliberativo do HC e diretor da Faculdade de Medicina da USP.


(Banco de Imagens do HC/FMUSP)

Em 19 de abril de 1944 (foto acima), a Fundação Rockfeller e o governo paulista inauguraram o Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, com a arquitetura mais moderna da época.

Na década de 60 o hospital cresceu tanto que passou a ser vinculado diretamente ao governo do Estado e, desde meados de 1980, à Secretaria de Estado da Saúde. O Instituto Central, primeiro a ser construído, abriga hoje a maior parte das disciplinas da Faculdade de Medicina da USP; lá está o pronto-socorro central, além das clínicas médicas e cirúrgicas. A partir da década de 1950, a necessidade de aprofundar as pesquisas e a falta de espaço físico para o atendimento exigiram a criação de outros institutos: Ortopedia e Traumatologia; Psiquiatria; Coração; Criança; e Radiologia, além dos hospitais auxiliares, associados e unidades especializadas. “Hoje o complexo, juntamente com o Instituto Doutor Arnaldo, ocupa 400 mil m2, com mais de três mil leitos, e quase 14 mil servidores, dos quais dois mil são médicos, mil são residentes e 1.600, pós-graduados”, calcula José Manoel de Camargo Teixeira, superintendente do Hospital das Clínicas.

A principal atividade do HC é o atendimento a pacientes externos em condições de emergência ambulatorial vindos do Sistema Único de Saúde (SUS); são cerca de 60 mil internações e 40 mil cirurgias por ano. Essa é uma das grandes diretrizes do HC, que visa a inserção do hospital dentro da rede única de serviços de saúde. Os casos mais complexos que a rede SUS recebe são encaminhados para o HC dentro de um processo de regionalização e hierarquização do sistema. O agendamento de consultas – para pacientes de todo o Brasil - é centralizado pela Secretaria de Estado da Saúde, explica Teixeira.

A arquitetura e o plano urbano do Hospital das Clínicas foram desenhados para o conforto do paciente e para a sua privacidade, de forma que o enfermo não precise peregrinar de um prédio a outro. “Um exemplo interessante de arquitetura contemporânea é o Instituto de Psiquiatria. O ambiente interno, bem iluminado e ventilado, e o delicado paisagismo, foram concebidos para acolher pacientes, num modelo bem distante do convencional hospital psiquiátrico”, diz Cerri.

Pesquisas e saúde pública
Dotado dos equipamentos mais avançados para a investigação médica, o HC privilegia as linhas de pesquisa mais relevantes para a saúde pública. “O complexo gera 12% do total da produção científica na área biológica e 3% da produção científica brasileira em todas as áreas de conhecimento”, diz Marcos Boulos.

Para ele é difícil destacar uma linha de pesquisa em especial, mas Boulos cita o trabalho realizado na área de células-tronco, que envolve equipes dos institutos de Ortopedia, Coração e Hematologia. O objetivo é estudar a possibilidade de recuperação de órgãos com essas células.

Na área administrativa, o hospital conta, desde 1960, com o Programa de Estudos Avançados em Administração Hospitalar e de Sistemas de Saúde (Proahsa) coordenado pela Fundação Getúlio Vargas. O modelo de gestão apóia-se nos princípios do Prêmio Nacional de Qualidade (PNQ), em sua versão para a saúde, o Prêmio Nacional de Gestão e Saúde (PNGS). O Hospital das Clínicas é mantido com recursos do Orçamento do Estado, além de receitas geradas pelos serviços prestados ao SUS e a planos de saúde. Conta também com apoio financeiro da Fundação Zerbini e da Faculdade de Medicina da USP.

A atualização dos profissionais é organizada pelo Núcleo de Capacitação e Desenvolvimento (NCD), em programas de formação, treinamento, habilitação, aperfeiçoamento e especialização dos profissionais, feita pela Coordenadoria de Aprimoramento Pessoal (CAP) e pelo Centro de Formação e Aperfeiçoamento em Ciências da Saúde (Cefacs). O centro trata de todos os programas de educação continuada, inclusive para profissionais não-médicos, como enfermeiros, farmacêuticos, nutricionistas e assistentes sociais, entre outros, contando hoje com 1.500 alunos.

No momento, os programas de qualificação do HC procuram formar profissionais capacitados para a atenção básica à saúde, de forma a reverter a tendência à especialização, comum entre os alunos, da graduação ao doutorado. Para isso foi criada uma residência comunitária, que propicia o contato dos estudantes com os problemas primários no atendimento médico.

Projetos
Um dos projetos em andamento é o Instituto Doutor Arnaldo, que será instalado num edifício em fase final de construção e permitirá o funcionamento de mais três institutos nas áreas de cirurgia oncológica, saúde da mulher e transplantes. O novo instituto é um exemplo de expansão, modernização e integração de programas de atendimento. Quando entrar em operação, o HC terá dez institutos, que atenderão a população do Estado de São Paulo, de inúmeras regiões do Brasil e de países da América Latina. Com isso, o Instituto Central terá espaço para abrigar outros programas, como o atendimento aos idosos e a expansão e centralização da unidade de emergência, avaliam os diretores do Hospital das Clínicas.


(Banco de Imagens do HC/FMUSP)

O Hospital das Clínicas é pioneiro em:

- banco de peles para enxertos em queimados
- fertilização in vitro
- cirurgia de estrabismo, cirurgia a laser e diagnóstico por imagem
- produção de hormônio do crescimento humano
- transplante de rins na América Latina
- transplante de coração na América do Sul
 - transplante de fígado no Brasil em doador morto e também em intervivos no mundo
- transplante de coração em crianças
- transplante de tendão de joelho liofilizado
- implante de ventrículo artificial desenvolvido no Brasil


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