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CAPA

EDITORIAL
A análise sem preconceito da qualidade do ensino médico - Isac Jorge Filho


ENTREVISTA
Maria Cristina Cury, secretária municipal de Saúde


GERAL 1
Destaque p/a posse das novas diretorias da AMB e APM


CBHPM
Projeto de Lei 743/2005 é apresentado por deputados estaduais médicos


ATIVIDADES DO CONSELHO
Módulo de dezembro de EMC aborda Infectologia, Psiquiatria e Neurologia


COMUNICAÇÃO
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FORMAÇÃO MÉDICA
Inscritos na primeira etapa do exame do Cremesp superou expectativas


ATUALIZAÇÃO
A prevenção e o diagnóstico do câncer de próstata


ARTIGOS
Opinião do conselheiro - Lavínio Nilton Camarim e Itiro Shirakawa


GERAL 2
Delegado do Cremesp em Ribeirão Preto, Nelson Okano, é homenageado


AGENDA
Destaque para a visita que o Cremesp realizou ao Jornal Folha de S. Paulo


NOTAS
Alerta Ético sobre imperícia


GERAL 3
Médicos do Estado conquistam reajuste salarial


HOMENAGEM
O médico patologista João Paulo Aché de Freitas é o homenageado desta edição


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Edição 218 - 10/2005

ARTIGOS

Opinião do conselheiro - Lavínio Nilton Camarim e Itiro Shirakawa


Mitos e realidades da cirurgia bariátrica
O que buscamos cada vez mais é a viabilidade dos métodos cirúrgicos
e a qualidade de vida dos pacientes

Lavínio Nilton Camarim*

A cirurgia bariátrica, nos últimos anos, vem ganhando espaço e firmando-se como alternativa importante para combater a obesidade mórbida nos casos em que não há uma resposta positiva ao tratamento clínico convencional, o que fatalmente levaria o paciente a uma vida média sensivelmente menor que a estimada para a população em geral.

Depois de muitos estudos, seguimentos médicos e dados estatísticos, o procedimento tornou-se menos temeroso para o paciente e para o profissional, com riscos menores e com expectativas muito mais promissoras para aqueles que tanto sofrem com o “peso” de uma obesidade.

Profissionais sérios e tecnicamente capazes têm trabalhado dentro dos princípios éticos para que os métodos cirúrgicos sejam cada vez mais viáveis, em busca de uma vida mais saudável para os pacientes. Não podemos nos esquecer que, durante várias décadas, estudiosos vêm colocando suas iniciativas e descobertas em prática, com a expectativa de  amenizar o sofrimento dos obesos, que há anos estão sendo considerados portadores de “doença”, tendo inclusive CID próprio. A obesidade como doença deve ser combatida com todos os avanços da ciência médica e multiprofissional.

Com a seriedade que o contexto exige, não podemos deixar de ressaltar alguns problemas preocupantes existentes no mito da cirurgia bariátrica: vão desde a indicação cirúrgica desnecessária, passando pela falta de uma política governamental adequada, caminhando pela insensatez da não-cobertura do procedimento por muitos convênios privados, atingindo o monopólio e preços exorbitantes dos materiais e equipamentos e, finalizando, com a inadequação estrutural de alguns hospitais e a não-capacitação de muitas das equipes multiprofissionais.

Para que possamos avançar com cautela e colocar em prática este importante procedimento é preciso que o descentralizemos, que capacitemos melhor os profissionais envolvidos, que discutamos com nossos dirigentes, com Conselhos de Saúde, com a Agência Nacional de Saúde Suplementar, enfim, com nossos governantes. A obesidade tem se tornado um caso de Saúde Pública, tendo ceifado a vida de milhares de pessoas, colocado muitos enfermos nos nossos prontos-socorros e ambulatórios, nos leitos hospitalares e até mesmo nas filas de aposentadorias precoces do INSS, provocando um gasto descomunal aos cofres públicos e tirando o prazer  de viver de muitos, pois uma grande parcela desta população é composta por jovens e adultos em plena fase produtiva.

O Conselho Federal de Medicina (CFM) saiu mais uma vez na frente, preocupando-se com os pacientes e com o exercício profissional, editando, em 13/05/2005, a Resolução 1.766, que normatiza as indicações, os tipos cirúrgicos a serem empregados, a formação da equipe mínima e a adequação do ambiente hospitalar. Estabelecida com precisão e dentro dos princípios éticos, sempre contando com o envolvimento daqueles que podem ajudar, a resolução poderá ajudar os colegas a cumprir um protocolo adequado, que se usado de maneira digna e humana, salvará vidas e amenizará sofrimentos, o que, sem dúvida alguma, são nossas funções precípuas enquanto médicos.

Nós, profissionais médicos, devemos ter o máximo de zelo com os pacientes e indicar o procedimento com muita precisão, acompanhando de perto os avanços da medicina baseada em evidências e, com isto, buscando o aperfeiçoamento necessário para, através dos meios adequados, buscarmos o fim maior, que é a saúde do ser humano.



* Lavínio é Conselheiro do Cremesp






Congresso da ABP discute a nova clínica e novas intervenções
O diagnóstico do transtorno mental deve unir ciência e humanismo, além dos aspectos biopsicossociais

Itiro Shirakawa*

O XXIII Congresso Brasileiro de Psiquiatria (CBP) da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), realizado em Belo Horizonte de 12 a 15 de outubro teve, como tema central, as novas diretrizes em Psiquiatria. Compareceram ao evento 4.273 participantes, dos quais 78%  psiquiatras. O CBP, atualmente, é o terceiro maior congresso do mundo da especialidade e o maior em língua portuguesa, tanto que contou com 209 psiquiatras vindos de Portugal. Os cursos oferecidos contaram com 1.388 participantes, o que confirma que o CBP tem um papel importante na educação continuada dos profissionais da especialidade.

O presidente da Associação Mundial de Psiquiatria, Juan Mezzich, prestigiou a solenidade de abertura, propondo em sua conferência uma psiquiatria integrativa e humanista.  Segundo Mezzich, o diagnóstico e o tratamento de quem sofre de transtornos mentais deve levar em conta os aspectos biológicos, psicológicos e sociais e unir ciência e humanismo. Essa recomendação, entretanto, já é seguida pelo CBP, que incluiu em sua programação uma temática bastante ampla. Além do diagnóstico, todas as formas de tratamento – dos psicofármacos a todas as tendências psicoterápicas, sociais, culturais, familiares e de auto-ajuda – fizeram parte dos temas do Congresso.

O presidente do congresso, o professor Wagner Gattaz previu, durante simpósio que, em breve, com o avanço das pesquisas em genética, será possível paciente andar com um “chip”, que poderá determinar, a priori, qual o medicamento a que seu quadro psiquiátrico responderá melhor.

Com relação às novas instituições, os professores Miguel Jorge e Romildo Bueno enfatizaram a importância da reforma psiquiátrica, com a conseqüente ambulatorização da psiquiatria, mas mostraram que a reforma não pode ser radical e não prever nenhuma forma de internação para os casos agudos.  Nesse ponto, tiveram a concordância do professor Pacheco Palha, de Portugal que, avaliando a reforma da psiquiátria em seu país, destacou também que pacientes considerados “difíceis” ficaram sem lugar na assistência.

O simpósio do Departamento de Dependência Química da ABP reuniu cerca de 25 profissionais na tentativa de um consenso com relação à “Maconha e Saúde Mental”. De uma forma geral apontaram os efeitos nocivos da maconha como responsável por evasão escolar, indução à dependência e desencadeamento de depressão e esquizofrenia nas pessoas predispostas.

Tendo em vista a magnitude do CBP, composto por 71 mesas redondas, 22 cursos, simpósios dos departamentos da ABP e da indústria, conferências e fóruns, é difícil destacar qual tema foi mais relevante. Cabe informar que a Câmara Técnica de Saúde Mental do Cremesp apresentou uma mesa no qual foram discutidos aspectos relativos à pedofilia, o fechamento indiscriminado dos leitos psiquiátricos hospitalares, a ética da relação médico/terapeuta/paciente e a  questão do ECT na prática psiquiátrica.




* Itiro é psiquiatra, professor titular da Unifesp/EPM, coordenador da comissão científica  do XXIII CBP e integrante da Câmara Técnica de Saúde Mental do Cremesp


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