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CAPA

EDITORIAL
A análise sem preconceito da qualidade do ensino médico - Isac Jorge Filho


ENTREVISTA
Maria Cristina Cury, secretária municipal de Saúde


GERAL 1
Destaque p/a posse das novas diretorias da AMB e APM


CBHPM
Projeto de Lei 743/2005 é apresentado por deputados estaduais médicos


ATIVIDADES DO CONSELHO
Módulo de dezembro de EMC aborda Infectologia, Psiquiatria e Neurologia


COMUNICAÇÃO
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FORMAÇÃO MÉDICA
Inscritos na primeira etapa do exame do Cremesp superou expectativas


ATUALIZAÇÃO
A prevenção e o diagnóstico do câncer de próstata


ARTIGOS
Opinião do conselheiro - Lavínio Nilton Camarim e Itiro Shirakawa


GERAL 2
Delegado do Cremesp em Ribeirão Preto, Nelson Okano, é homenageado


AGENDA
Destaque para a visita que o Cremesp realizou ao Jornal Folha de S. Paulo


NOTAS
Alerta Ético sobre imperícia


GERAL 3
Médicos do Estado conquistam reajuste salarial


HOMENAGEM
O médico patologista João Paulo Aché de Freitas é o homenageado desta edição


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Edição 218 - 10/2005

ENTREVISTA

Maria Cristina Cury, secretária municipal de Saúde


“A população não acredita na saúde pública da cidade”



Em visita ao Cremesp no dia 4 de outubro, a secretária municipal de Saúde de São Paulo, a pediatra Maria Cristina Faria da Silva Cury, falou das mudanças que estão sendo implementadas na rede municipal de saúde. Reconheceu que a assistência prestada à população não é adequada, gerando descrédito na saúde pública da cidade. Disse, ainda, que a saúde está “totalmente desorganizada”, atribuindo às gestões anteriores parte das dificuldades encontradas. Formada pela Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro (Unisa), em 1982, onde foi diretora da faculdade e coordenadora do curso de pós-graduação em Saúde Materno-Infantil, Maria Cristina Cury é doutora em Pediatria pela Unifesp. Com experiência na gestão de serviços de saúde, a secretária atuou no Programa de Saúde da Família e foi superintendente do Hospital Geral do Grajaú, administrado pela Organização Santamarense de Educação e Cultura, em convênio com a secretaria estadual da Saúde. Antes de participar da Plenária dos conselheiros, que contou também com a presença de delegados e representantes de entidades médicas e de sindicatos da área da Saúde, a secretária foi recebida pelo presidente do Cremesp, Isac Jorge Filho, e demais integrantes da Diretoria. As questões a seguir foram extraídas das intervenções ocorridas durante a Plenária.

Qual o principal desafio à frente da Secretaria Municipal de Saúde?
Conheço bem a saúde pública, a cidade e seus problemas e sabia o que iria enfrentar. A saúde na cidade está totalmente desorganizada, não existe um serviço de referência e de contra-referência. A população tem todo o direito de reclamar pela demora no atendimento, seja na unidade básica ou para chegar até o especialista. É por isso que as pessoas procuram os hospitais e os  prontos-socorros, o que é errado, mas são os únicos serviços disponíveis. Isso sobrecarrega os hospitais e faz com que o atendimento não seja adequado. Os profissionais, por sua vez, ficam exaustos pelo excesso de trabalho. Enfim, isso gera uma desorganização no sistema não permitindo, por exemplo, que os leitos possam ser regulados de forma adequada e que os pacientes tenham por onde entrar e sair no sistema de saúde.

Diante disso, quais são as prioridades neste momento?
Neste momento não seria justo inventar mais nada para uma população que não acredita na saúde pública da cidade. Não é possível levar o orçamento para coisas novas se nós não conseguirmos, de fato, colocar o que já existe funcionando bem. O orçamento vai ser gasto principalmente na rede básica de saúde, na reforma de tudo que a gente precisa fazer para ter essa cidade organizada. Estamos implantando duas secretarias. Uma para os “tamponamentos” das questões mais agudas e para resolver os problemas que são, infelizmente, crônicos. Uma outra para o planejamento, que de fato possa organizar a saúde na cidade. A população tem paciência demais, e é muito ruim ver o que ela enfrenta hoje para conseguir um atendimento. É crítico, é indigno. É com muita tristeza que nós temos esse diagnóstico da cidade. São muitos anos de descaso. Temos que deixar o orgulho, a vaidade, a necessidade de poder, o individualismo e começar a pensar no coletivo. Só com o trabalho em parceria vamos conseguir bons resultados. Está difícil e complicado, mas não é impossível.

A rede municipal será reestruturada?
Conseguimos trazer as coordenações de saúde para a saúde, pois elas estavam nas subprefeituras. Dividimos a cidade em cinco autarquias, que coincidem com cinco coordenações nas mesmas áreas de abrangência. As autarquias estão divididas em 28 microrregiões, que devem dar conta do atendimento primário e até um certo nível secundário. Estamos informatizando a rede, principalmente as unidades básicas, que não se conversam. Sem informatizar, fica difícil agendar uma consulta, marcar um retorno, controlar estoques, implantar prontuário eletrônico. Já estamos com 220 unidades informatizadas. A rede está sendo ampliada. Há um hospital em construção, em M. Boi Mirim, para 2007, e o Hospital Tiradentes, para 2006. Já criamos 33 unidades de Pronto-atendimento, funcionando de segunda a sábado, das 7h às 19h. Há também os ambulatórios de alta resolução, em parceria com o governo do Estado: teremos 10 até o final de 2008. São ambulatórios acoplados ao ambulatório de especialidade comum, que irão, por meio de protocolos, atender a população em um dia só.

Há críticas de que os Programas de Saúde da Família (PSF) e Saúde Mental não têm recebido a atenção devida...
Teremos ampliação das unidades e equipes do Programa de Saúde da Família, que hoje já somam 782. Aí faço uma observação que muitos não gostam: o nosso PSF está destruído na cidade, ele não existe como deveria ser. As unidades mistas são as mais problemáticas, o médico não sabe se ele é médico de família ou se tem que atender a unidade básica. Quanto à assistência à saúde mental, ela também não existe. Temos alguns centros de informação de álcool e drogas que são importantes. Estamos construindo residências terapêuticas para tirar o paciente crônico dos hospitais e tentar reabilitá-lo. Temos os centros de convivência que estão sendo formados. Acredito que o programa municipal está se organizando e irá colocar em dia a situação da saúde mental.

Os programas anunciados na campanha eleitoral do prefeito José Serra, a exemplo do “Remédio em Casa” e “Mãe Paulistana”, serão implementados?
Sobre o “Remédio em Casa”, quando entrei já me deparei com o grave problema dos medicamentos. Se a rede já estivesse informatizada, isso traria maior facilidade na entrega. Reduzimos de modo expressivo o problema da falta de medicamentos nas unidades básicas. Começamos com o “Remédio em Casa” voltado para pacientes diabéticos e hipertensos estáveis, que entram por um protocolo. Treinamos os clínicos e estamos na fase de implantação. O “Mãe Paulistana” começa agora em novembro e prevê o atendimento adequado para a mulher durante a gestação, o parto e o primeiro ano de vida da criança.

Os recursos humanos da saúde municipal são suficientes e valorizados adequadamente?
Hoje temos vários pontos complicados. Muitas vezes não contamos com o profissional adequado; o médico é colocado na administração sem ser um administrador. Outras vezes o gerente da Unidade Básica é um advogado ou profissional fora da Saúde. Independente da competência, não vivem o dia-a-dia da Saúde. Nossos problemas vão desde não ter o profissional adequado, até não ter o profissional qualificado. Qualificar esse profissional é um grande desafio para nós. Um ponto alto nessa prefeitura são os recursos humanos,  bons e de qualidade. Temos que entrar na discussão de o que fazer com os maus funcionários, que acabam contribuindo para a criação de uma imagem negativa de toda uma categoria. Em nenhum momento vamos trazer dificuldades para o funcionalismo público da cidade de São Paulo.

Há muita polêmica em torno do Projeto de Lei Municipal nº 318, que prevê a atuação das organizações sociais (OSs) na gestão de serviços municipais de saúde. Além de não ter sido discutido pelo Conselho Municipal de Saúde, muitos vêem semelhanças entre esse projeto e o extinto PAS.
Discordo totalmente da comparação. Todos nós fomos contra o PAS – talvez um ou outro tenha aderido. Acompanhei e vivenciei a atuação das organizações sociais que têm parceria com o governo do Estado de São Paulo. Não concordo que sejam comparadas ao PAS. Quando assumi, o projeto de lei das OSs já estava na Câmara Municipal. Não estou trabalhando como se a Lei já tivesse sido promulgada. Quero discutir com todos os interessados. Como temos outros problemas muito sérios a resolver no Conselho Municipal de Saúde, como o Plano Plurianual, ainda não foi possível tratar das OSs. Se o projeto de lei for aprovado, voltaremos a discutir como a lei será aplicada. O que queremos é trazer todos os seus benefícios, tanto para a população quanto para os funcionários do setor de Saúde.


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