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MEDICAMENTOS
Conclusões da Pesquisa Pró-Genéricos: veja como anda a prescrição e o consumo entre os brasileiros


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Edição 198 - 02/2004

MEDICAMENTOS

Conclusões da Pesquisa Pró-Genéricos: veja como anda a prescrição e o consumo entre os brasileiros


Pesquisa traça perfil da prescrição e do consumo de genéricos no país



A Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (Pró Genéricos) divulgou os resultados parciais de uma ampla pesquisa realizada com 150 médicos (ginecologistas, clínicos gerais, pediatras e psiquiatras), 200 balconistas de farmácias e 900 consumidores das cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Recife e Curitiba, para avaliar as práticas de receituário, venda e consumo de medicamentos genéricos no país. Foram, no total, 1.250 entrevistas, realizadas em outubro de 2003.



A pesquisa, inédita no setor, foi motivada pela constatação de que, apesar de estarem conquistando aos poucos a confiança dos consumidores, os genéricos enfrentam atualmente dois sérios problemas: o primeiro diz respeito às práticas ilegais de troca de receituário por medicamentos similares nos pontos de venda; o outro, acusa o baixo índice de prescrição nos consultórios, em conseqüência da falta de informação do profissional médico sobre essa classe de medicamentos e da ausência de campanhas governamentais de esclarecimento público para estimular a confiança nos genéricos.

Os dados avaliados também possibilitaram a identificação das barreiras que impedem a prescrição e o consumo dos genéricos no país e, a partir delas, estabelecer parâmetros que contribuam para melhor divulgar as informações sobre essa classe de medicamentos não apenas para a população, mas principalmente para a classe médica.

A seguir, uma síntese das principais conclusões do levantamento, classificada por classe de entrevistados:

Médicos
- 95% dos médicos entrevistados têm ampla confiança nos genéricos, embora acreditem que o governo e os laboratórios façam pouco para divulgá-los (em uma escala de 0 a 10, dão nota 5 para o esforço do governo em mantê-los informados a respeito);
- 81% discordam do esforço de promoção de similares no ponto de venda, junto aos balconistas. Os médicos acreditam que o procedimento induz à troca do medicamento receitado, por conta das bonificações, prejudicando o tratamento do paciente;
- 85% disseram que, quando prescrevem medicamentos de referência, não têm restrições à troca, pelo farmacêutico, do prescrito em suas receitas pelo genérico;
- 85% disseram que eles próprios ou pessoas de sua família já tomaram genéricos (usam no âmbito doméstico, mas não estendem esse receituário para seus pacientes);
- 77% afirmaram ter restrições à prescrição de medicamentos similares (que não apresentam testes de bioequivalência e equivalência farmacêutica);
- 75% disseram que aumentariam a prescrição de genéricos se tivessem mais informações sobre essa classe de medicamento;
- 61% afirmaram não ter qualquer tipo de restrição à prescrição de genéricos;
- 53% dos profissionais sequer dispõem de uma lista de genéricos no consultório e somente 20% acessam as listas disponíveis na internet para consulta;
- 52% acreditam que o governo é a instituição com maior credibilidade para divulgar os medicamentos genéricos para a população e a própria classe médica, que, inclusive, não têm informações básicas sobre o tema;
- 59% disseram que a principal diferença entre genéricos e medicamentos de referência é o preço.

Consumidores
- 98% dos entrevistados já conheciam o termo "genérico"; 78% nunca escutaram falar sobre "medicamento de referência" e 30% não conheciam o termo "medicamento similar";
- 89% associam os medicamentos genéricos à eficácia terapêutica e preço acessível;
- 84% gostariam de receber mais informações sobre os genéricos;
- 78% acreditam que o governo deveria realizar mais campanhas para promover a prescrição dessa classe de medicamentos;
- 76% informaram que o preço dos genéricos é fator decisivo no momento da compra;
- 67% alegaram que os médicos raramente, nunca, ou na menor parte das vezes receitam genéricos (outra pesquisa realizada em 2003, avaliando o mesmo quesito, confirmou que apenas 17% das prescrições apontavam os genéricos como primeira escolha do médico na receita);
- 47% confirmaram a mesma falta de informação sobre os genéricos apontada pelos médicos, embora confiem o suficiente para adquirí-los.

Balconistas de farmácias
- 78% dos casos em que houve registro de conduta (atitude do funcionário) para o tipo de medicamento oferecido, o balconista apresentou um medicamento similar como alternativa à receita (prática ilegal: por lei, apenas os genéricos podem substituir os medicamentos prescritos pelo receituário médico);
- 34% ofereceram, no ponto de venda, sem que o cliente solicitasse, medicamentos diferentes dos prescritos pelo médico (abordagem no formato "cliente oculto", ou seja, o pesquisador faz o papel de comprador no balcão);
- 34% ofereceram espontaneamente ao consumidor a opção de troca do medicamento prescrito em receituário pelo genérico;
- 25% (apenas) das farmácias tinham uma lista atualizada dos genéricos para consulta dos consumidores e/ou balconistas.

A pesquisa evidenciou que:

1. Embora médicos e consumidores confiem nos medicamentos genéricos, precisam ser melhor informados sobre eles;
2. O Ministério da Saúde e a iniciativa privada precisam tomar consciência da importância de assumirem, juntos, o papel de responsáveis pela divulgação dos genéricos para a classe médica (modificando a cultura da prescrição de medicamentos de marca) e para pacientes (facilitando o acesso da população carente a medicamentos mais baratos e de qualidade);
3. A fiscalização dos pontos de venda deve ser feita com seriedade e continuamente.

Os resultados serão encaminhados à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), para que o Ministério da Saúde tome as devidas providências.


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