CAPA
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Editorial
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Demografia Médica Brasileira 2018
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Remuneração médica
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Entrevista Rossana Pulcineli Vieira Francisco
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Ressonância
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Agenda da presidência
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Instituição de Saúde - Hospital das Clínicas de Botucatu
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Eu, médico
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Institucional
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Bioética
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Exercício da Medicina
GALERIA DE FOTOS
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Editorial
Dimensionando a Medicina no País
O Brasil é um País de dimensão continental marcado por desigualdades regionais, descaso, oportunismo e descontinuidade política.
A persistência dessa conjuntura, além de nos condenar ao atraso, acentua os problemas. O estudo Demografia Médica 2018 traz uma radiografia das consequências desse quadro para a Medicina. Em pouco menos de cinco décadas, o número de médicos aumentou 665,8% no Brasil, enquanto sua população cresceu 119,7%. Longe de representar avanços sociais, esse salto agravou desigualdades.
Hoje a razão médico por mil habitantes é elevada no Distrito Federal (4,35), Rio de Janeiro (3,55) São Paulo (2,81) e Rio Grande do Sul (2,56), enquanto o Maranhão e o Pará têm menos de um médico por mil habitantes. Os profissionais estão concentrados em grandes cidades, em áreas mais desenvolvidas e nos serviços particulares, em detrimento do SUS. Mais da metade concentra-se em Capitais, onde vive menos de um quarto dos habitantes do País. A cidade de São Paulo tem 21,7% da população e 28% do total de médicos do Brasil.
O estudo também aponta que quatro especialidades representam 38,4% de todos os títulos de especialistas no País. Revela que muitas vagas em Residência Médica não são preenchidas, mesmo com candidatos selecionados e aptos a ocupá-las, demonstrando uma grave discrepância que precisa ser apurada e esclarecida pelo Ministério da Educação (MEC).
A má distribuição de médicos é consequência da aprovação desenfreada e sem critérios de cursos de Medicina no Brasil pelo MEC. Também é resultado da falta de um plano de carreira médica e de outras políticas públicas para fixar os profissionais em regiões mais carentes – os que atuam nessas áreas enfrentam, muitas vezes, condições adversas de trabalho e dificuldade de acesso à educação continuada. A abertura indiscriminada de escolas agravou, ainda, a má formação profissional, problema que levou o Cremesp a lançar a Caravana pelo Exame Obrigatório, que já percorreu as cidades de Franca e Ribeirão Preto e, em breve, estará em outros municípios do Estado.
A Demografia Médica nos fornece importantes evidências científicas capazes de identificar problemas e refutar falsas teses – como a de que “faltam médicos no País”.
Seus dados permitem uma ampla visão de como nós, médicos, estamos inseridos no País e contribuem para que possamos melhor compreender e enfrentar os desafios contemporâneos.
É com esse intuito que o Cremesp, em conjunto com Conselho Federal de Medicina (CFM), promove esta valiosa pesquisa desenvolvida pela Universidade de São Paulo. Entregamos seus resultados aos médicos e à sociedade, além de levá-los aos representantes do poder público para que possam tomar decisões mais adequadas e efetivas para a área da Saúde.
"A Demografia Médica nos fornece evidências capazes de localizar problemas e refutar falsas teses"
Na mídia
Cremesp recomenda proibição de open bar para prevenir uso abusivo de álcool
O Cremesp reiterou a defesa do aprimoramento da política de drogas, lícitas e ilícitas, em nota de sua Câmara Temática Interdisciplinar de Drogas. O posicionamento, divulgado em 28 de fevereiro, incluiu novas recomendações em relação ao álcool, como medidas de controle ambiental, com maior restrição de publicidade, maior taxação, estabelecimento de preços mínimos, restrição de oferta a pessoas vulneráveis e proibição de preço único com consumo ilimitado (open bar), entre outros. Propõe ainda o investimento contínuo em pesquisas, treinamento de médicos do Estado para ampliar a atuação preventiva e terapêutica para o uso do álcool e outras drogas. Reiterou também a atuação na redução do estigma aos usuários, a descriminalização do porte de drogas ilícitas para uso pessoal e ampla divulgação das taxas de sucesso no tratamento médico e na recuperação.
A nota destaca que a renovação da política de drogas deve considerar as experiências sanitárias exitosas no País, como as do tabaco e HIV/AIDS, com ações concomitantes e coordenadas, baseadas em evidências científicas, priorizando as que causam maior dano populacional. “O equilíbrio entre os direitos individuais e coletivos e o gradualismo responsável são os princípios que devem nortear as ações sanitárias nesse campo”, reforça o documento.
Repercussão
A nota teve boa repercussão na mídia. Em artigo de opinião publicado em 6 de março, a repórter especial da área da saúde do jornal Folha de S. Paulo, Cláudia Collucci, elogiou o posicionamento. Veja alguns trechos:
“... É salutar que os Conselhos médicos se posicionem sobre temas polêmicos, como fez o Cremesp... propondo a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal e novas abordagens para a questão do álcool....
Por princípios filosóficos, tendo a defender limites para a interferência do Estado sobre o cidadão. O direito de usar ou não drogas estaria no mesmo pacote do da liberdade de ir e vir. Por outro lado, não dá para esquecer as questões epidemiológicas e o peso das dependências de álcool, tabaco e outras drogas para os sistemas de saúde. No fim, todos pagam essa conta. Por isso, é preciso avançar em alternativas para o manejo do vício. E continuar criminalizando usuários certamente não está entre elas.”