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CAPA

PÁGINA 3
Editorial


PÁGINA 4 E 5
Demografia Médica Brasileira 2018


PÁGINA 6
Remuneração médica


PÁGINA 7
Entrevista Rossana Pulcineli Vieira Francisco


PÁGINA 8 E 9
Ressonância


PÁGINA 10
Agenda da presidência


PÁGINA 11
Instituição de Saúde - Hospital das Clínicas de Botucatu


PÁGINA 12
Eu, médico


PÁGINAS 13 E 14
Institucional


PÁGINA 15
Bioética


PÁGINA 16
Exercício da Medicina


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Edição 356 - 03/2018

PÁGINA 3

Editorial


Dimensionando a Medicina no País

O Brasil é um País de dimensão continental marcado por desigualdades regionais, descaso, oportunismo e descontinuidade política.

A persistência dessa conjuntura, além de nos condenar ao atraso, acentua os problemas. O estudo Demografia Médica 2018 traz uma radiografia das consequências desse quadro para a Medicina. Em pouco menos de cinco décadas, o número de médicos aumentou 665,8% no Brasil, enquanto sua população cresceu 119,7%. Longe de representar avanços sociais, esse salto agravou desigualdades.

Hoje a razão médico por mil habitantes é elevada no Distrito Federal (4,35), Rio de Janeiro (3,55) São Paulo (2,81) e Rio Grande do Sul (2,56), enquanto o Maranhão e o Pará têm menos de um médico por mil habitantes. Os profissionais estão concentrados em grandes cidades, em áreas mais desenvolvidas e nos serviços particulares, em detrimento do SUS. Mais da metade concentra-se em Capitais, onde vive menos de um quarto dos habitantes do País. A cidade de São Paulo tem 21,7% da população e 28% do total de médicos do Brasil. 

O estudo também aponta que quatro especialidades representam 38,4% de todos os títulos de especialistas no País. Revela que muitas vagas em Residência Médica não são preenchidas, mesmo com candidatos selecionados e aptos a ocupá-las, demonstrando uma grave discrepância que precisa ser apurada e esclarecida pelo Ministério da Educação (MEC).

A má distribuição de médicos é consequência da aprovação desenfreada e sem critérios de cursos de Medicina no Brasil pelo MEC. Também é resultado da falta de um plano de carreira médica e de outras políticas públicas para fixar os profissionais em regiões mais carentes – os que atuam nessas áreas enfrentam, muitas vezes, condições adversas de trabalho e dificuldade de acesso à educação continuada. A abertura indiscriminada de escolas agravou, ainda, a má formação profissional, problema que levou o Cremesp a lançar a Caravana pelo Exame Obrigatório, que já percorreu as cidades de Franca e Ribeirão Preto e, em breve, estará em outros municípios do Estado.  

A Demografia Médica nos fornece importantes evidências científicas capazes de identificar problemas e refutar falsas teses – como a de que “faltam médicos no País”.
Seus dados permitem uma ampla visão de como nós, médicos, estamos inseridos no País e contribuem para que possamos melhor compreender e enfrentar os desafios contemporâneos.       

É com esse intuito que o Cremesp, em conjunto com Conselho Federal de Medicina (CFM), promove esta valiosa pesquisa desenvolvida pela Universidade de São Paulo. Entregamos seus resultados aos médicos e à sociedade, além de levá-los aos representantes do poder público para que possam tomar decisões mais adequadas e efetivas para a área da Saúde. 
 

"A Demografia Médica nos fornece evidências capazes de localizar problemas e refutar falsas teses"


Na mídia 

Cremesp recomenda proibição de open bar para prevenir uso abusivo de álcool

O Cremesp reiterou a defesa do aprimoramento da política de drogas, lícitas e ilícitas, em nota de sua Câmara Temática Interdisciplinar de Drogas. O posicionamento, divulgado em 28 de fevereiro, incluiu novas recomendações em relação ao ál­cool, como medidas de controle ambiental, com maior restrição de publicidade, maior taxação, estabelecimento de preços mínimos, restrição de oferta a pessoas vulneráveis e proibição de preço único com consumo ilimitado (open bar), entre outros. Propõe ainda o investimento contínuo em pesquisas, treinamento de médicos do Estado para ampliar a atuação preventiva e terapêutica para o uso do álcool e outras drogas. Reiterou também a atuação na redução do estigma aos usuários, a descriminalização do porte de drogas ilícitas para uso pessoal e ampla divulgação das taxas de sucesso no tratamento médico e na recuperação. 

A nota destaca que a renovação da política de drogas deve considerar as experiências sanitárias exitosas no País, como as do tabaco e HIV/AIDS, com ações concomitantes e coordenadas, baseadas em evidências científicas, priorizando as que causam maior dano populacional. “O equilíbrio entre os direitos individuais e coletivos e o gradualismo responsável são os princípios que devem nortear as ações sanitárias nesse campo”, reforça o documento.

Repercussão
A nota teve boa repercussão na mídia. Em artigo de opinião publicado em 6 de março, a repórter especial da área da saúde do jornal Folha de S. Paulo, Cláudia Collucci, elogiou o posicionamento. Veja alguns trechos:

“... É salutar que os Conselhos médicos se posicionem sobre temas polêmicos, como fez o Cremesp... propondo a descriminalização do porte de drogas para uso pessoal e novas abordagens para a questão do álcool....

Por princípios filosóficos, tendo a defender limites para a interferência do Estado sobre o cidadão. O direito de usar ou não drogas estaria no mesmo pacote do da liberdade de ir e vir. Por outro lado, não dá para esquecer as questões epidemiológicas e o peso das dependências de ál­cool, tabaco e outras drogas para os sistemas de saúde. No fim, todos pagam essa conta. Por isso, é preciso avançar em alternativas para o manejo do vício. E continuar criminalizando usuários certamente não está entre elas.”


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