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CAPA

EDITORIAL (pág. 2)
Mauro Aranha - Presidente do Cremesp


ENTREVISTA (pág. 3)
Wilson Pollara


INSTITUIÇÕES DE SAÚDE (pág. 4)
Hospital do Homem é referência na rede pública em doenças do rim e próstata


ALERTAS ÉTICOS (pág. 5)
Serviço que expunha profissionais que atrasavam consultas é retirado do ar


SAÚDE PÚBLICA (pág. 6)
Febre amarela


PERÍCIA (pág. 7)
Cremesp orienta médicos sobre curatela a pacientes com doenças mentais graves


DEMOGRAFIA MÉDICA PAULISTA (págs. 8 e 9)
Número de médicos em SP cresce mais do que o da população em geral


TRABALHO (pág. 10)
Cremesp intensifica fiscalização de hospitais públicos do Interior


EVENTOS (pág. 11)
Agenda


EU, MÉDICO (pág. 12)
Dermatologista é referência no atendimento de pele negra


CÓDIGO DE PROCESSO ÉTICO (pág. 13)
Novas regras darão mais agilidade aos trâmites judicantes


EDITAIS (Pág. 14)
Convocações


BIOÉTICA (pág. 15)
Divulgação de dados de pacientes


GALERIA DE FOTOS



Edição 344 - 01-02/2017

DEMOGRAFIA MÉDICA PAULISTA (págs. 8 e 9)

Número de médicos em SP cresce mais do que o da população em geral


A quantidade de médicos no Estado de São Paulo cresceu 286,89%, chegando a aproximadamente 124 mil profissionais, nos últimos 35 anos, quase quatro vezes mais que a população paulista, que aumentou 77,92%  nesse mesmo período, de acordo com o estudo Demografia Médica do Estado de São Paulo, feito, em parceria, pelo Cremesp e pela Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). São Paulo contava, em 2016, com 123.761 médicos, o que representa 2,79 médicos por 1 mil habitantes, superior à taxa nacional, de 2,1, e a terceira maior do Brasil, atrás do Distrito Federal (4,9) e do Rio de Janeiro (3,75). Essa densidade de profissionais se aproxima ou supera a da Inglaterra (2,8 por mil habitantes), EUA (2,5) e Canadá (2,4). Mas, apesar disso, a distribuição continua desigual.

Segundo o presidente do Cremesp, Mauro Aranha, os médicos estão mais presentes nos grandes centros urbanos, nas áreas mais ricas das cidades. Mesmo nas cidades com grande concentração desses profissionais, como São Paulo, que tem uma densidade de 4,58 médicos por 1 mil habitantes, há falta deles na rede pública da periferia da cidade.  

Para Aranha, “a competição do mercado privado, sobretudo consultórios para atender planos de saúde, e a inexistência de planos de carreira, condições inadequadas de trabalho e baixa remuneração, dificultam a fixação de médicos nas regiões periféricas”. Ele acredita que o levantamento é uma forma de subsidiar políticas públicas mais justas para o atendimento médico no Estado.

 “A expansão da formação de médicos – em particular por instituições de ensino superior privado – não tem levado em consideração os desequilíbrios entre oferta e demanda e as desigualdades geográficas existentes. Nem tampouco garantido qualidade na formação”, ressalta o professor associado do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), Mario Roberto Dal Poz.

Segundo ele, a avaliação desses fatores é fundamental para a tomada de decisões que minimizem as distorções evidentes do mercado de trabalho, decorrentes da superespecialização e da concentração de médicos no Sudeste e nas áreas urbanas. Para mudar tal quadro, diz, “são necessários programas de incentivo flexíveis, que integrem as visões e aspirações de diferentes categorias e perfis de profissionais de saúde. Recomenda-se a realiza-

ção de estudos de preferência declarada, que podem ajudar o sistema de saúde a contratar e manter profissionais nas regiões necessárias, garantindo a produtividade a partir de melhores condições de trabalho”.

Densidade regional

As cidades com mais médicos por habitante em SP (ver tabela acima) são: Santos (6,9 profissionais por 1 mil pessoas), Botucatu (6,45), Ribeirão Preto (6,2), Presidente Prudente (5,82) e São José do Rio Preto (5,56). Todas elas possuem cursos de Medicina.

“Além de serem sedes de faculdades de Medicina, essas cidades atraem médicos pois oferecem qualidade de vida, e amplo e diversificado mercado de trabalho público e privado”, afirma Mário Schef­fer, professor da FMUSP e coordenador do estudo  Demografia Médica.

Já a região com maior concentração de profissionais é a do Departamento Regional de Saúde (DRS) de Ribeirão Preto (que inclui 26 municípios), com 3,32 médicos por 1 mil habitantes, seguida pela Grande São Paulo (39 municípios), com 3,05 médicos por 1 mil habitantes. As regiões com menor densidade de médicos são os DRSs de Registro (0,86) e de São João da Boa Vista (1,37).

Locais de trabalho

Quase um terço dos médicos paulistas (30,5% deles) trabalha parte do tempo na sua cidade e parte em município vizinho; outros 8,5% atuam apenas em outra cidade que não a sua, de acordo com o estudo.

Médicos que trabalham só em outra cidade somados com quem trabalha também em outro município são 46,9% no Interior. Ou seja, quase a metade dos médicos do Interior viaja de uma cidade a outra ao longo da jornada semanal. Na Capital, esses profissionais são 31,1%.

Faixa etária

A média de idade dos médicos paulistas é de 44,7 anos. Os homeopatas formam o grupo com maior média de idade, de 58,8 anos, seguidos pelos especialistas em Medicina do Trabalho, com 57,3 anos; e Medicina de Tráfego, com 56,2 anos. Em 12 das 53 especialidades, a média de idade é igual ou maior que 50 anos. Os especialistas em Medicina de Família e Comunidade têm menor média de idade, 41 anos, seguidos pelos especialistas em Clínica Médica, com 41,9 anos; e em Cirurgia Geral, com 43,9 anos.

Feminização

Como já demonstravam os estudos anteriores de demografia médica, há tendência de feminização da Medicina no Estado onde 54% dos médicos com até 35 anos são mulheres.

O estudo revelou que as mulheres médicas têm uma carga horária semelhante à dos homens, mas são pior remuneradas. Os médicos, em geral, segundo a pesquisa, trabalham em três empregos. “Diferentemente da população geral, o suicídio é de duas a três vezes maior entre médicas que em médicos. Na população geral, essa distribuição acontece ao contrário, de acordo com o Estudo da mortalidade dos médicos no Estado de S. Paulo: tendências de uma década (2000-2009), patrocinado pelo Cremesp”, diz Mauro Aranha. As mulheres são maioria em 14 das 53 especialidades, sendo que, em três delas, representam mais de 70%: Dermatologia, com 77%; Alergia e Imunologia e Pediatria, ambas com 72%. 


Quase metade dos profissionais trabalha nos setores público e privado, ao mesmo tempo

Quase a metade dos médicos (49,6%) trabalha nos setores público e privado, ao mesmo tempo. Esse grupo tem maior número de vínculos de trabalho e cumpre carga horária mais extensa, de acordo com o estudo Demografia Médica. Quase um quarto desses médicos – 23,8% – tem cinco, seis ou mais postos de trabalho.

O estudo apontou que 21,6% dos médicos paulistas trabalham exclusivamente no setor público e 28,9%, exclusivamente no privado. No Interior, os médicos que trabalham só no setor público são 22,3%. Na Capital, os que atuam exclusivamente no setor privado são 32%. Há mais médicos atuando nos dois setores no Interior (51,9%) que na Capital (47,2%).

Sobrecarga

Os que atuam nos setores público e privado ao mesmo tempo são também os que têm jornadas mais extensas: 31% deles trabalham 80 horas ou mais por semana e 18,2% cumprem entre 60 e 80 horas semanais. Entre os que trabalham só no público e só no privado, cerca de 8,5% fazem 80 horas ou mais. Com carga horária mais amena – entre 20 e 40 horas por semana – os que trabalham só no público são 37,7% e os do privado, 32,1%. Já os do grupo misto, apenas 6,6% cumprem esse horário.

Um terço dos médicos (31,2%) do Estado de São Paulo se acha sobrecarregado. Outros 54,1% dizem estar “em plena capacidade de trabalho”, e outros 14,7% afirmaram poder “aumentar a carga de trabalho”. Os que se sentem sobrecarregados são em número semelhante no Interior e na Capital.

Especialidades

As áreas de Pediatria, Clínica Médica, Cirurgia Geral e Ginecologia e Obstetrícia concentram 37,4% dos médicos do Estado de São Paulo, de acordo com o estudo Demografia Médica Paulista.

Ao todo, há 70.845 médicos especialistas no Estado, porém o número de títulos dos profissionais é de 93.036, já que uma parte deles possui mais de uma especialidade.

A Regional do Cremesp com maior proporção de especialistas é a de Piracicaba, com 67,1%, seguida de Campinas, com 63,9%; e de Sorocaba, com 59,3%. Só a região de Presidente Prudente tem menos especialistas (42,6%) que generalistas. A Regional da Grande São Paulo repete quase exatamente a proporção do Estado como um todo, com 59,5% de especialistas.

Saiba mais

• São Paulo possui 29,5% dos profissionais médicos do Brasil, e 21,7% da população brasileira. Com 123.761 médicos, o Estado tem mais profissionais que todas as regiões Norte, Centro-Oeste e Sul juntas, que somam 114.250, segundo o estudo Demografia Médica do Brasil 2015.

• Os homens têm predominância maior no grupo de médicos que trabalha só na esfera privada: são 62,2% contra 37,8% do sexo feminino. As mulheres superam os homens no grupo que só trabalha no público, sendo 55,5% contra 44,5% de homens.

• Do total de médicos paulistas, 57,5% trabalham em consultório privado. Desses, 29,2% atendem em consultório próprio/particular e 18,3% prestam serviço em consultório localizado em clínica ou ambulatório privado.

• Dos médicos paulistas, 43,4% fazem plantão fazem pelo menos um plantão semanal de 12 horas. A prática é menos frequente na Capital (40,2%) que no restante do Estado , incluindo grande São Paulo (46,6%). O cenário é semelhante ao do conjunto do País, com 44,6% de plantonista (segundo a Demografia Médica do Brasil 2015).

• Cerca de metade dos médicos do Estado de São Paulo (49%) possuem três ou mais vínculos empregatícios. Um quarto dos médicos paulistas – 25,9% deles – tem quatro ou mais vínculos, 24,8% têm um só emprego, 26,2% têm dois; e 23,2% têm três vínculos.

Veja mais em: www.demografiamedica.org.br


Número de municípios, médicos, população e razão médico/habitante de cada um dos Departamentos Regionais de Saúde (DRS) do Estado de São Paulo

 

Departamentos (DRS)          Municípios     População    Médicos Razão médico/

                                                                                          habitante

 

       I   Grande São Paulo                39           21.090.791      64.244           3,05

      II   Araçatuba                            40                769.174        1.152          1,50

     III   Araraquara                           24                991.129        1.635          1,65

     IV   Baixada Santista                    9             1.797.500        3.812          2,12

      V   Barretos                               19                435.311           914          2,10

     VI   Bauru                                   68             1.744.292        3.260          1,87

   VII   Campinas                              42             4.433.543      11.563           2,61

  VIII   Franca                                   22                696.600        1.136          1,63

     IX   Marília                                  62             1.128.941        2.176           1,93

      X   Piracicaba                             26             1.527.411        2.686           1,76

     XI   Presidente Prudente              45                762.528        1.836           2,41

    XII   Registro                                15                284.031           245          0,86

  XIII   Ribeirão Preto                        26             1.452.570        4.817           3,32

  XIV   S. João da Boa Vista             20                818.983        1.123           1,37

   XV   S. José do Rio Preto            101             1.577.234         4.344           2,75

  XVI   Sorocaba                                48             2.433.059        4.028          1,66

XVII   Taubaté                                  39             2.453.387        5.374           2,19

Total                                                645           44.396.484  114.345*           2,58

*Embora estejam com CRM ativo no Estado de São Paulo, 8.565 médicos preferem manter o endereço de correspondência em outros Estados, e 851 médicos estavam com o endereço desatualizado no cadastro do Cremesp, quando da finalização do estudo Demografia Médica do Estado de São Paulo.
Fonte: IBGE/Cremesp (Demografia Médica do Estado de São Paulo


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